O grupo do Interconf (Interação Oceano-Atmosfera na região da Confluência Brasil-Malvinas) partiu do porto de Rio Grande no dia 16 de outubro a bordo do Navio Polar Almirante Maximiano (NPo MAX) da Marinha do Brasil para uma expedição no Oceano Atlântico Sudoeste. Os integrantes da expedição são pesquisadores e bolsistas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), UFSM e UFRGS. A expedição integra as comemorações dos dez anos do Programa Interconf no INPE.
Representaram a UFSM o meteorologista e técnico-administrativo Pablo Eli Soares de Oliveira, o doutorando Marcelo Santini, o mestrando Fernando Rossato e a ex-aluna Priscila Farias, todos ligados ao Programa de Pós-Graduação em Meteorologia. A equipe está coletando dados sobre a atmosfera e o oceano a partir de radiossondas atmosféricas, equipamentos oceanográficos e uma torre micro-meteorológica de fluxos, que tem a capacidade de medir as transferências de calor e de dióxido de carbono (CO2) entre o oceano e a atmosfera ao longo da derrota do navio entre o Brasil e a Antártica.
O Brasil, por meio do PROANTAR, instalou no NPo MAX, pela primeira vez em um navio de pesquisas um sistema receptor de dados de radiossondas para apoio ao processo de coleta de dados. Os dados estão sendo recolhidos em parceria com o Centro de Hidrografia da Marinha (CHM) e tem relevância para a melhoria das previsões de tempo dos modelos atualmente em uso no País. Dados inéditos sobre os fluxos de dióxido de carbono entre o oceano e a atmosfera estão sendo recolhidos para auxiliar no entendimento dos processos físicos e biológicos do ciclo do CO2 e seu papel nas mudanças climáticas globais.
Interconf – O programa é coordenado por Ronald Buss de Souza, do Centro Regional Sul, e Luciano Ponzi Pezzi, da Coordenadoria de Observação da Terra, e tem a participação do professor Otávio Acevedo da UFSM, além de alunos do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia e de técnico-administrativos da UFSM. O Interconf é fomentado pelo INCT da Criosfera dentro do Programa Antártico Brasileiro e realiza observações sobre o sistema acoplado oceano-atmosfera numa das regiões mais dinâmicas do Oceano Global, a região da Confluência Brasil-Malvinas. Nessa região, considerada o extremo do Oceano Austral, ocorre o encontro de águas quentes, de origem tropical, provenientes do Equador, e que se deslocam para sul ao longo da costa do Brasil com águas subantárticas, frias, provenientes da região da Passagem de Drake que separa a América do Sul da Antártica. Resultados recentes do grupo, reconhecido internacionalmente por meio de publicações em revistas científicas especializadas, demonstram que a região de estudo é muito importante para a modulação da atmosfera e, consequentemente, para o tempo (meteorológico) das regiões sul-sudeste do Brasil. Processos oceanográficos típicos da região, como a alta variabilidade espacial dos campos de temperatura da superfície do mar, modulam na escala sinótica local os sistemas atmosféricos transeuntes, imprimindo sinais importantes do oceano, através dos fluxos de calor, momentum e gases, nas características da atmosfera inferior.

