No final do primeiro semestre de 2015, Thiago Mori, doutor recém-formado pelo Programa de Pós-Graduação em Física da UFSM, teve seu artigo intitulado “Microscopia de Efeito Piezoelétrico Direto” publicado na revista Review of Scientific Instruments, uma das mais importantes da área.
O artigo detalha uma nova técnica para investigar materiais piezoelétricos, que são utilizados, por exemplo, na confecção de agulhas para toca-discos.
A pesquisa foi desenvolvida durante doutorado-sanduíche no Trinity College Dublin (TCD), Irlanda, sob orientação do professor Plamen Stamenov (TCD) e também do professor Lucio Strazzabosco Dorneles, do Departamento de Física da UFSM.
Segundo Lucio, os materiais piezoelétricos são de grande aplicabilidade, o que justifica o número grande de pessoas que os pesquisam. “O desenvolvimento dessa nova técnica te permite analisar esses materiais de uma maneira diferente do que era feito até então”, destaca.
O equipamento chamado de microscópio de força atômica consiste em uma ponteira, que ao entrar em contato com a superfície que está sendo analisada, dependendo da força de interação entre os dois, gera um determinado tipo de imagem que é capaz de mostrar quão rugosa é essa superfície.
“Enquanto ele excursiona a ponta em cima da superfície tem um sistema de lasers que permite detectar o quanto a ponta se mexe. Arrastando-se a ponta, gera-se uma imagem que dá uma noção de como é a topografia da superfície”, explica melhor o orientador.
O novo método consiste em reverter o processo atual, que consiste na aplicação de uma tensão elétrica em cima de um material, que responde com uma deformação. A ideia é que em vez da aplicação de uma tensão elétrica em cima do material, ele seja apertado com a ponteira do microscópio, gerando assim o campo elétrico pelo efeito piezoelétrico direto que será analisado.
Apesar de existir a necessidade de se fazer alterações elétricas no microscópio em função do novo método, Lucio defende que o método antigo também trazia algumas dificuldades, porque “esse sistema de laser, quando há a aplicação da tensão elétrica, não responde da maneira que deveria ou acaba colocando ruídos na medida”, relata.
A publicação foi uma resposta positiva à proposição da técnica, que agora poderá ter aplicabilidade. “O que a gente espera é ver se realmente a nova técnica será útil. Se for, esperamos que outros grupos de pesquisa passem a usar a técnica”, reforçou Lucio.
Texto: Germano Molardi, acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Foto: divulgação
