Atualmente,
18.234 são os estudantes de graduação que circulam pelos campi da Universidade
Federal de Santa Maria. No entanto, nem todos esses estudantes são
necessariamente santa-marienses, gaúchos ou mesmo brasileiros. A Secretária de Apoio Internacional (SAI) é a encarregada de acompanhar os 35 acadêmicos
estrangeiros que estudam em cursos de graduação na UFSM.
Desse número, 13 são argentinos, sete são paraguaios, três são colombianos. Cabo Verde, Espanha, Guiné-Bissau e Gana têm
na Universidade a representatividade de oito estudantes, sendo dois de cada um
desses países. Além desses, Equador, Itália e Uruguai têm, cada, um acadêmico
na UFSM.
A SAI oferece programas de
intercâmbio como o Ciências Sem Fronteiras (em que as universidades conveniadas
estão espalhadas pelo mundo todo), a AUGM (Associação de Universidades do Grupo Montevidéu),
focada na América Latina, o ELAP (Líderes Emergentes no Programa das Américas),
vinculado com universidades canadenses. Para a recepção de intercambistas na
graduação, a Secretaria organiza atividades de introdução à cultura local. “Os
alunos que chegam têm, durante uma semana antes do início das aulas, um curso
intensivo com aulas de português. Os alunos vão aos supermercados, restaurantes
e usam o idioma para as atividades cotidianas”, afirma a Assessora Cristina
Amoretti.
Além disso, os alunos fazem um tour
pelos principais pontos turísticos da cidade para que saibam, entendam e se
encontrem geograficamente na cidade e na região. “É uma atividade de integração
muito proveitosa. Nós tivemos respostas positivas em relação à essa atividade.
Nós convidamos os alunos para que venham uma semana antes, e a partir disso
podemos fazer esse trabalho a fim de que os alunos possam iniciar o semestre
mais integrados”, reforça Cristina.
Entrada na Universidade
Julia Aranos, espanhola de 21 anos,
chegou em agosto de 2015 e ficará na UFSM para cursar Ciências Sociais até
julho de 2016. Quando planejou seu intercâmbio, tinha vontade de viajar para um
país em que o idioma fosse o inglês. No entanto, como eram altos os níveis de
exigência, teve a oportunidade de vir para a América do Sul e, em função do
idioma, escolheu o Brasil.
Bruno Correa é uruguaio, nascido em
Rivera, fronteira com Livramento. Por isso, conseguiu um visto como fronteiriço
que o permitiu fazer o ENEM e, através dele, entrar no curso de Fisioterapia na
UFSM. Já está no quinto semestre, mas veio há três anos e meio para Santa Maria
para fazer curso pré-vestibular. Recentemente conseguiu se naturalizar
brasileiro.
Ailda Corey é mexicana, veio de
Oaxaca para fazer pós-graduação
e a previsão para apresentação de sua tese de mestrado é em julho de 2016.
Roilan Hernandez, por sua vez, tem
26 anos e está fazendo Mestrado em Meteorologia na UFSM. Se formou em Cuba, no
Instituto Superior de Tecnologia e Ciências Aplicadas e defenderá a tese em
agosto de 2016. Por serem pós-graduandos, não são responsabilidade da SAI, mas
sim da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa.
Choque cultural
“Quando
você chega a um lugar novo, tem a ilusão de conhecer as pessoas. Mas é um
problema: quando você mora numa cidade, já tem o seu grupo formado, tem sua
zona de conforto. Então você não requer conhecer outras pessoas”, destaca
Julia. A espanhola diz ainda que é normal receber perguntas curiosas sobre o
porquê de vir para o Brasil, como é em Mallorca, sua cidade natal, entre outros
questionamentos.
Ailda não se sentiu bem nos
primeiros meses de adaptação, porque teve um choque cultural muito grande que a
fez, por alguns momentos, querer voltar para o México. A dificuldade se agravou
por causa do distanciamento que a mexicana sentia em relação às pessoas. “Aqui são
muito diferentes, bens distantes e mais ainda com estrangeiros. Ainda não estão
acostumados a tratar com estrangeiros. Você vem de longe, deixa família e não
tem nada nem amigos aqui. E não tem inclusão”, reforça.
A cultura gaúcha chamou a atenção de
Julia. Quando chegou, foi apresentada às vestimentas, canções e bailes típicos
da região. Além disso, gostou muito do campus em função da grande quantidade de
área verde existente. Está se adaptando à comida, já que não era acostumada a
comer feijão com arroz, ainda mais diariamente.
“Eu cozinho em casa, não como no RU,
porque eu não gosto. Às vezes eu vou, mas nem sempre. Eu gosto muito de
cozinhar. É uma paixão minha. Vocês conseguem comer arroz e feijão todos os
dias. Eu vou ao RU por três dias e canso, porque não estou acostumada”, disse
Ailda, reforçando a opinião de Julia sobre a alimentação.
Aprender um novo idioma
Cuba.
Espanha. México. Uruguai. Esses são os países de origem de Roilan, Julia, Ailda e
Bruno, respectivamente. Na hora da entrevista, conversamos e nos entendemos
tranquilamente, mas compreender outro idioma demanda tempo e prática.
Quando chegou ao Brasil, Bruno pouco
sabia falar português, mesmo morando na fronteira. Antes de vir, teve o aviso
do próprio pai brasileiro de que, com o tempo, isso mudaria. “Quando penso em
algo ou tenho que fazer alguma coisa, eu penso em português e acho que era isso
que ele queria que eu fizesse. Eu alcancei o pensar em português”, conta.
A dificuldade com o idioma também
fez parte do início de Roilan no Brasil. Para aprender mais, ele pede aos
amigos do curso que o corrijam quando fala algo errado em português.
Para além da academia
“Quando
eu passei pela crise mais forte, que já tinha as coisas arrumadas para ir
embora, começaram a surgir amizades, amigos do Programa. Eles me ajudaram para me
sentir incluída, porque eu já não tinha nenhuma vontade de seguir aqui, foi bem
difícil. São as relações, elas te dão essa coragem de seguir”, conta Ailda, que
pratica natação e usa, às vezes, a bicicleta como meio de transporte. “Já não é
mais acordar ou ficar em casa, no quarto, o dia inteiro estudando. É preciso
distribuir o tempo para fazer outras coisas”, diz.
Bruno, aproveitando-se do curso de Fisioterapia,
aproximou-se dos esportes. Praticante de rugby há 14 anos, abandonou o esporte
nos últimos meses por causa dos estudos da faculdade, mas estagia no HUSM e
também trabalha junto à equipe de basquete do Corinthians de Santa Maria.
Roilan, assim como Bruno, frequenta
algumas festas no Centro de Eventos. Além disso, gosta de relaxar nos fins de
semana e, para isso, vai junto a amigos e amigas no largo do Planetário para
conversar e tomar chimarrão. Também é unânime entre os dois o carinho pelo
campus. “O campus da Universidade é minha casa, me sinto bem, fiz muitos amigos
de diversos cursos”, reitera Bruno.
A Secretária de Apoio Internacional
A SAI trabalha
para receber da melhor forma possível os estudantes de outros países. Assim
como trabalha para garantir segurança aos estudantes da UFSM que desejam
experimentar um intercâmbio. Para usufruir dessas experiências, o estudante necessita
cuidar muito do seu histórico e do seu currículo. “O acadêmico precisa estar no
quarto semestre, não pode ter reprovado em mais de duas disciplinas por nota ou
mesmo ter uma reprovação por frequência”, reforça Cristina.
Caso haja interesse, o aluno pode
entrar em contato com a SAI para ver a questão burocrática. O ideal, conforme
Cristina, é que o acadêmico já tenha conhecimento de uma segunda língua. “Aqui
na Universidade, nós temos vários cursos que são oferecidos. Alguns são
gratuitos, outros são pagos, mas é cobrado um valor mínimo. Então, nós temos
uma oferta muito grande de línguas estrangeiras. Nós tivemos mandarim no
semestre passado”, reitera.
A SAI tem trabalhado para unificar
as informações em seu site. Informações sobre editais, programas de intercâmbio
podem ser obtidas no site ou
diretamente com a Secretária no sétimo andar da Reitoria.
Germano Molardi, acadêmico de Jornalismo e
bolsista da Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM


