A cidade de Janaúba (MG) está vivenciando uma tragédia: o
incêndio criminoso de uma creche, que já deixou 8 mortos e 30 feridos, ocorrido
na quinta-feira (5). Um dia após a liberação de algumas crianças que não haviam
sido atingidas pelo fogo, parte dos pequenos começou a chegar ao Hospital
Fundajan, da mesma cidade, com sinais de intoxicação devido à inalação da
fumaça. Por volta das 22h de quinta-feira, a médica pneumologista do Hospital
Universitário de Santa Maria (Husm) Grazielli Lidtke recebeu uma ligação da
farmacêutica do hospital de Janaúba. Durante 3 horas, por telefone, ela
auxiliou a proceder na chamada fase aguda do desastre.
“Voltaram à memória as cenas vividas na tragédia da
Kiss. Ao mesmo tempo a gente se sente gratificado por poder ajudar. Na dor, a
gente cresceu”, afirma a pneumologista.
Isso porque Grazielli – que está em licença-maternidade –
faz parte do grupo de 24 profissionais do Centro Integrado de Atendimento às Vítimas
de Acidente (Ciava), criado no Husm logo após a tragédia da boate Kiss.
Na sexta-feira pela manhã (6), parte do Ciava reuniu-se para
discutir outras formas de auxiliar o município mineiro, uma vez que se sente no
compromisso social de transferir o conhecimento técnico-científico adquirido
durante os cinco anos de atendimento às vítimas da Kiss.
“Sabemos que os queimados foram transferidos para
hospitais de referência de Belo Horizonte e Montes Claros. Janaúba busca trocar
experiência sobre os protocolos adotados por nós para o tratamento de pessoas
com injúria respiratória”, explica Marisa Bastos Pereira, chefe da Unidade
de Reabilitação do Husm e coordenadora do Ciava.
Cerca de 10 crianças teriam apresentado esse quadro na noite
de quinta-feira. O Ciava enviou ainda protocolos médicos de pneumologia e
psiquiatria e vai criar um grupo no Whatsapp para ficar em comunicação, em
tempo real, com Janaúba.
“Orientamos que eles precisam promover uma busca ativa
de todos os que auxiliaram no resgate. Quem estava na cena do desastre precisa
ser avaliado, principalmente se apresentarem sintomas respiratórios. Além
disso, quando todos esses pacientes tiverem alta hospitalar será preciso criar
um centro de seguimento, a exemplo do
que fizemos aqui no Husm, para dar continuidade ao cuidado assistencial destas
vítimas”, reforça Marisa.
Texto: Unidade de
Comunicação do Husm