Uma comissão de servidores e representantes do Movimento Negro, nomeada pela Reitoria da UFSM, negocia desde esta segunda-feira (27) com um grupo de estudantes que ocupa o prédio da Administração Central, no campus sede da Universidade. A interlocução feita pela comissão é mais uma iniciativa de diálogo estabelecida pela gestão da UFSM, desde a manifestação inicial, na última sexta-feira (24), no hall da Reitoria, quando o reitor Paulo Afonso Burmann conversou pessoalmente com os manifestantes por mais de uma hora.
O grupo responsável pela ocupação apresenta demandas de questões raciais e do movimento estudantil para viabilizar a desocupação do prédio, interditado para acesso a servidores da UFSM desde o final da noite do último domingo (26). A ocupação é resultado de um movimento que iniciou com uma mobilização que reivindicava ações relativas aos ataques racistas ocorridos recentemente na UFSM, o primeiro caso no diretório do Curso de Direito, e o segundo no diretório do Curso de Ciências Sociais.
Ainda no início da tarde da última sexta-feira (24), o Reitor Paulo Burmann apresentou pessoalmente ao grupo, em conversa no hall da Reitoria, todas as iniciativas já adotadas pela instituição, com a abertura de sindicância interna, apuração imediata das responsabilidades pela Polícia Federal, e manifestação pública institucional de repúdio ao crime de racismo ocorrido nos diretórios. Duas manifestações oficiais institucionais foram divulgadas em condenação ao ataque e defendendo a identificação e responsabilização imediata pelos crimes de racismo.
Os estudantes, entretanto, decidiram permanecer no hall da Reitoria, e apresentaram uma pauta de reivindicações, relativas às ofensas raciais e também a pautas do movimento estudantil referentes ao Código Disciplinar Discente, em construção na instituição. Todas as demandas apresentadas estão contempladas ou em andamento pela UFSM, conforme esclarecido por Nota Oficial publicada no último domingo (26).
Segundo o reitor em exercício, Paulo Bayard, os prejuízos à instituição e aos servidores já começam a ameaçar o pagamento de bolsas estudantis, a execução da folha de pagamento dos servidores e do orçamento institucional, referente a recursos para manutenção de projetos de toda a ordem acadêmica e institucional. O reitor Paulo Burmann encontra-se nesta terça (28) em Brasília, na oficialização da pactuação do Orçamento 2017, para liberação de recursos essenciais à manutenção da UFSM.
“Estamos procurando o diálogo e o entendimento como solução adequada para a resolução desta questão. A UFSM é absolutamente contra atos de racismo, a instituição condena todos esses episódios e está mobilizando todos os recursos necessários para elucidar os casos e punir os responsáveis. Esgotadas essas questões, não há neste momento nenhuma razão para o grupo obstruir o prédio e o acesso dos servidores, prejudicando toda a instituição e seus servidores e alunos, em um momento decisivo do nosso calendário anual”, declara o reitor em exercício, Paulo Bayard.
