O
início do ano letivo na UFSM não significa apenas a volta às aulas. Junto com
a retomada dos estudos, a primeira semana também representa a recepção aos
novos estudantes, que vem acompanhada de atividades e brincadeiras. Diante das
discussões que o popular trote proporciona, o programa Campus Debate, da UniFM, realizou uma discussão entre estudantes e servidores acerca do assunto. O
programa é apresentado pela jornalista Mirian Quadros e contou com a
participação de Angélica Iensen, pró-reitoria substituta de Assuntos Estudantis, Sendi Spiazzi, relações públicas do Gabinete do
Reitor, Luis Henrique Mello, estudante de Pedagogia, e os alunos Saritha
Vattathara e Pedro Ernesto Lameira, representantes do DCE.
As
antigas e tradicionais brincadeiras nas universidades, preparadas pelos
veteranos como boas-vindas aos estudantes, eram conhecidas por
humilhar e violentar os calouros. Os gritos ofensivos e de opressão às
mulheres e pessoas LGBTs faziam parte das atividades de muitos cursos, que
alugavam um local fora da universidade para realizá-las. A estudante de
Agronomia Saritha revela que esse episódio foi presenciado em seu trote, apesar
de ser uma prática de fácil mudança. “Quebrando um ano o ciclo (do trote),
os novos ‘bixos’ não vão repetir o que aconteceu com os veteranos”, conta. Além
disso, a estudante avalia como positivo a construção da Semana da Calourada
pela UFSM, pois contribui para a existência de um diálogo entre os vários
setores da comunidade acadêmica e para que os trotes violentos tenham fim.
Ações
ligadas a servidores e alunos, como a campanha “Trote sem Assédio”, foram
realizadas nos últimos anos e serviram para alertar a comunidade acadêmica
sobre os procedimentos a serem feitos em situações abusivas. O estudante Pedro
Ernesto, representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), salienta o
papel do DCE frente a casos como esse. “Durante uns anos, a gente vem com a
ideia do trote contra as opressões, que é justamente para erradicar esse tipo
de comportamento e trazer alternativas, como por exemplo, o trote solidário”,
comenta.
A
desconstrução do trote violento ocorre de forma gradativa e depende,
justamente, da divulgação de exemplos positivos. “As experiências que cada
aluno tem ao ingressar na universidade influencia a forma como ele vai
recepcionar (os calouros)”, observa Mirian. Prova disso é o trote organizado
pelo curso de Pedagogia, conforme comenta Luis. “O meu trote foi muito bom.
Segunda e terça nós tivemos atividades com os veteranos todo o dia e teve um churrasco
aqui na UFSM, e é o que a gente pretende fazer esse ano”, relata o estudante,
que salienta a amizade existente com os seus veteranos. Além disso, o curso de
Pedagogia vai realizar o “trote solidário” na quinta-feira (8), na qual contará
com arrecadação de alimentos nos mercados próximos à universidade.
Ações de recepção
Na
UFSM foi elaborada a Resolução 03/2000, que proíbe os chamados “trotes sujos”
na universidade e regulamenta a recepção aos calouros. A pró-reitora
Angélica salienta que esse tipo de brincadeira é o que a universidade procura
evitar, tanto dentro quanto fora do campus. “Nessa resolução, o objetivo é
estimular a participação de vários setores da universidade nas calouradas,
vedando qualquer tipo de manifestação que cause agressão física, moral ou
qualquer outro tratamento desumano”, comenta Angélica, que observa que desde a
gestão passada, os servidores trabalham não só para evitar os abusos nos
trotes, mas também para proporcionar um ambiente de integração, acolhimento e
empatia para os novos estudantes.
O
serviço de assistência estudantil, prestado pela universidade, auxilia os
estudantes nas dúvidas relacionadas ao processo de adaptação. Como a UFSM tem
recebido cada vez mais estudantes jovens e de fora do Rio Grande do Sul, o
trabalho na pró-reitoria tem se intensificado. “Eles chegam aqui e não têm
referência de nada. Eles não conhecem ninguém, precisam de moradia,
alimentação, precisam de uma rede de amigos”, comenta Angélica, que destaca o
fato da assistência estudantil na UFSM ser uma das melhores e maiores do
Brasil.
Ouvidoria UFSM
Os
estudantes que sofrerem algum tipo de violência na universidade devem procurar
a Ouvidoria para denunciar o caso. As manifestações podem ser
feitas pessoalmente ou através de telefone e e-mail e não precisam de
identificação. Além disso, o Diretório dos Estudantes e a Pró-Reitoria de
Assuntos Estudantis estão sempre à disposição caso os estudante necessitem de
algum auxílio.
A
Ouvidoria está localizada no 7º andar do prédio 47, sala 763. O
horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h45 e das
13h30 às 17h30. Os
telefones são (55) 3220-9655, 3220-8675 ou (55) 9 9197-4471. O e-mail é ouvidoria@ufsm.br.
Manual de Sobrevivência para Estudantes da UFSM
Para facilitar a chegada dos calouros e a permanência dos veteranos, existe agora o Manual de Sobrevivência para Estudantes da UFSM, que reúne as principais dicas e informações sobre a universidade, nos seus variados campi. Nele é possível encontrar mapas, telefones úteis, informações relevantes e o passo a passo para a realização das carteirinhas necessárias.
Texto:
Gabrielle Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de
Notícias
Fotos: Melissa Konzen, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti