Neste II Seminário do Núcleo de Estudos Insólitos, receberemos na UFSM os pesquisadores Bruno Matangrano (USP/CNPq) e Carol Chiovatto (USP/FAPESP) para duas oficinas envolvendo monstros ficcionais no nosso imaginário cultural. A atividade ocorrerá das 14h às 18h da próxima sexta-feira (4), no Espaço Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão da UFSM em Silveira Martins, com transporte saindo do Centro de Educação 13h e retornando após o término das atividades.
As inscrições podem ser feitas aqui.
PROGRAMAÇÃO
13h – Saída do Ônibus do Centro de Educação/UFSM
14h – Oficina I: Animais, híbridos, humanos: avateres do monstro no Simbolismo
Bruno Anselmi Matangrano
A presente oficina pretende mapear o processo de “monstrificação” no imaginário ocidental, a partir de exemplos retirados de obras associadas ao Movimento Simbolista, de línguas portuguesa e francesa. Para tanto, dividiremos nosso percurso em cinco etapas. Num primeiro momento, iremos 1) discutir como se forma um imaginário e quais elementos o compõem; para em seguida 2) estudar o conceito de monstro, enquanto manifestação do “outro”, do outsider e de tudo aquilo aparentemente incompreensível aos olhos humanos. Em um segundo momento, passaremos a três possíveis formas de figuração desse “outro” tornado monstro: 3) o animal enquanto monstro (a exemplo de serpente e lobo); 4) a monstruosidade física dos seres híbridos de nosso imaginário (como faunos, sereias, centauros, esfinges); por fim, 5) o ser humano tornado monstro moral por seus atos e ações. Nosso percurso parte da ideia de monstro presente no imaginário clássico, no qual surgem as imagens de criaturas quiméricas e quando os animais são monstrificados, e termina com casos de monstruosidade humana, nos conflitos entre o ético e o estético, o humano e o animal, em dois textos ficcionais simbolistas de língua francesa: o capítulo sobre a tartaruga em “Às Avessas”, de J.-K. Huysmans, e o conto “O Matador de Cisnes”, de Villiers de L’Isle-Adam.
16h – Oficina II: Alteridade feminina: a tipologia da bruxa
Carol Chiovatto
Resumo: Historicamente, a bruxa representa uma figura capaz de manipular poderes impensáveis para a sociedade – e, especialmente, um poder dissonante do oficial. Figurativizado, no mais das vezes, numa imagem feminina, esse poder associa a esfera religiosa do profano à sociopolítica do criminoso. Uma bruxa é, antes de tudo, uma mulher capaz de vencer suas limitações, extrapolando as amarras do feminino habitualmente euforizado. A identificação da bruxa enquanto mulher transgressora subsiste na atualidade, de modo a nos permitir analisar em que medida há transposição do discurso de conformidade e não-conformidade femininas contido na disforização histórica dessa figura na contemporaneidade.