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Força-tarefa permitiu realização de 1560 exames moleculares de coronavírus na UFSM em um mês



Biomédicas preparam master mix da PCR, que contém todos os reagentes necessários para o teste

Em mais uma ação liderada pela UFSM no combate à Covid-19, uma força-tarefa integrada pela Universidade, com seus pesquisadores e laboratórios, e pelo Hospital Universitário de Santa Maria (Husm/EBSERH) completa seu primeiro mês com a realização de 1560 exames moleculares (RT-PCR). Na Região Centro, 960 testes foram aplicados, e na Zona da Produção e na Região Celeiro, 600.

A iniciativa, que contou com recursos da Prefeitura de Santa Maria, por meio de destinação do Ministério Público do Trabalho, e união de esforços também com o Ministério Público Federal e a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), permitiu a redução significativa no tempo de espera pelo resultado, que leva de 24 a 48 horas. 

Ao permitir a detecção do vírus no começo da doença, o teste molecular é fundamental para o rápido diagnóstico, isolamento dos casos e contatantes e início imediato do tratamento do paciente, já que nesta fase a carga viral é maior. “É o teste padrão ouro para diagnóstico de infecções por coronavírus. Possui alta especificidade e sensibilidade, se coletado entre o terceiro e o sétimo dia dos sintomas”, afirma o farmacêutico Elehu Moura de Oliveira, chefe do Setor de Apoio Diagnóstico do Husm.  

Santa Maria 

De 30 de abril até 31 de maio, foram realizados 960 testes moleculares para SARS-CoV-2, sendo que 41 (4,27%) deram positivos e 919 (95,73%), negativos. Do total de exames, 170 foram de pacientes (16 positivos) e 790 de trabalhadores da saúde (25 positivos). “Estes exames realizados foram imprescindíveis para o diagnóstico de pacientes e trabalhadores da saúde, o que agiliza o isolamento, o tratamento e o retorno ao trabalho”, afirma Elehu. 

A prioridade para aplicação dos testes moleculares, conforme acordado pelo Conselho Estratégico de Santa Maria para o Enfrentamento à Covid-19, é para pacientes sintomáticos graves, pacientes sintomáticos leves e profissionais de saúde que atuam no combate ao novo coronavírus em instituições de saúde de Santa Maria e região. A capacidade foi estimada em 100 exames ao dia, podendo ser ampliada. Por enquanto, o trabalho transcorre conforme planejado. Houve um aumento na demanda na segunda e na terceira semana de aplicação. No momento, a demanda é menor que a capacidade diária. 

Palmeira das Missões

Os exames moleculares (RT-PCR) também são realizados na UFSM Campus Palmeira das Missões. O trabalho foi iniciado em 22 de abril, após um mês de preparação, e até o momento foram aplicados 600 testes, dos quais 12% resultaram positivos. São contemplados todos os municípios da Região da Zona da Produção e parte dos municípios da Região Celeiro. 

O trabalho é realizado nos laboratórios de Genética Evolutiva e de Microbiologia, envolvem três professores, um técnico-administrativo e 10 alunos e egressos. Segundo o professor de Biologia Molecular Daniel Sganzerla Graichen, a realização dos exames na UFSM-PM possibilita a tomada de decisões subsidiada em dados para todos os municípios contemplados. 

Como são feitos os testes

Após o preparo do master mix da PCR, é colocado o RNA extraído das amostras. Este procedimento é feito em local separado ao preparo do mix.

O Laboratório de Análises Clínicas (LAC) do Husm tem a responsabilidade técnica para a Secretaria Estadual da Saúde do RS pela análise das amostras coletadas no hospital e nas demais unidades de saúde de referência no município e na região da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), abrangendo o recebimento formal das amostras, o processamento e a liberação dos laudos por meio de um sistema de vigilância laboratorial da SES.

Inicialmente, um profissional de saúde coleta amostra com swab (um tipo de cotonete colocado na boca e no nariz) de um paciente internado ou de um profissional suspeito, internado ou não, para a realização do teste molecular. A coleta é rápida e indolor e a amostra conservada em frasco em temperatura adequada.

Já no hospital, após o recebimento do LAC, a amostra é encaminhada ao Laboratório do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), que conta com uma cabine de segurança biológica. Nela, os profissionais realizam a extração do RNA do SARS-CoV-2. Em seguida, o material é encaminhado ao Setor de Virologia do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, do Centro de Ciências Rurais (CCR), para o restante do procedimento e investigação do vírus pela técnica de RT-PCR. O resultado é encaminhado ao Laboratório de Biologia Molecular do LAC/Husm para análise e liberação do laudo. Todo o processo ocorre em até 48 horas.

Os resultados são encaminhados às instituições solicitantes, secretarias de saúde e órgãos de saúde do trabalhador, que, por sua vez, adotam as medidas de acordo com seus protocolos estabelecidos. Os casos relacionados ao Husm são notificados à Vigilância do Município, responsável pela divulgação dos resultados. Os testes foram validados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen/RS).

Teste molecular foi “divisor de águas” no Husm

A testagem molecular impactou de forma positiva na rotina dos profissionais da saúde, na avaliação da superintendente do Husm, Elaine Verena Resener. Antes do teste, se um funcionário tivesse sintoma, tinha que ficar até 14 dias afastado do trabalho. Agora, o resultado já sai no mesmo dia. Isso trouxe segurança e confiança para o funcionário permanecer no hospital. “No Husm, representou um verdadeiro ‘divisor de águas’, visto que trouxe oportunidade de testagem aos trabalhadores e monitoramento seguro para os pacientes, além do reconhecimento institucional da qualidade de nossos laboratórios pelo Lacen/RS”, salienta Elaine.

Interpretação dos resultados e liberação dos laudos

Segundo ela, em menos de um mês, reduziu-se em 361 dias a necessidade de afastamentos do trabalho. Todos os profissionais com sintomas gripais são testados com teste rápido e, se positivo, complementado com o teste molecular. “O afastamento desnecessário resulta um significativo impacto funcional, econômico e psicológico, além de restabelecer um clima de segurança e confiança na abordagem e enfrentamento da pandemia da Covid-19”, observa a superintendente.  

Mobilização institucional 

A realização de exames moleculares pela UFSM/Husm só foi possível graças a uma mobilização liderada pelo reitor, Paulo Afonso Burmann, e que envolveu diferentes setores internos. Uma equipe multiprofissional, integrada por docentes, servidores técnicos da área laboratorial e estudantes de pós-graduação, assumiu a tarefa, considerada essencial como uma das estratégias para controle da epidemia. 

O Husm, por meio do LAC, iniciou estudos técnicos e de orçamento para realizar os exames moleculares, mas foi preciso uma mobilização maior, institucional. “O professor Burmann criou um grupo, intermediou reuniões para a efetividade das ações, que permitiram suprir um gargalo de exames para Santa Maria e região”, relata o farmacêutico Elehu. O início dos trabalhos foi viabilizado com a destinação de recursos pelo Ministério Público do Trabalho, no montante de cerca de R$ 600 mil, utilizados para aquisição de equipamentos e insumos suficientes para a realização de seis mil testes iniciais para toda a região.  

Trabalho interdisciplinar

A iniciativa se destaca também pela interdisciplinaridade e envolve diferentes laboratórios da UFSM. O professor Alexandre Vargas Schwarzbold, do Departamento de Clínica Médica, do CCS, médico infectologista que chefia a Unidade de Pesquisa Clínica no Husm, trouxe do Conselho Estratégico da Covid-19 o chamamento da necessidade de testagem. Essa ação gerou a estruturação da força-tarefa mobilizadora laboratórios que já trabalhavam com a técnica de RT-PCR em seus programas. A participação de cada laboratório da UFSM foi essencial. O laboratório das professoras Marli Matiko Anraku de Campos e Priscila de Arruda Trindade, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, por exemplo, permitiu um nível de biossegurança (NB-2) mais adequado à extração do material genético do vírus que não poderia ter sido obtido no Husm e em nenhum outro local da Universidade. 

Outro elo imprescindível desta cadeia é Laboratório de Virologia, do CCR, que já trabalhava com a técnica de RT-PCR e se adaptou à demanda urgente causada pela epidemia. “Essa força-tarefa, com coordenação do Burmann, foi essencial, na hora certa. Quando começaram os casos, não havia estrutura de diagnóstico montada, os diagnósticos eram enviados para o Lacen/RS, que foi ficando saturado, e demorava até 10, 12 dias para sair o resultado”, destaca o professor Eduardo Furtado Flores, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva do CCR. A iniciativa da UFSM, também adotada por outras universidades, vem dando conta de praticamente toda a demanda por exames moleculares, aliviando o Lacen/RS.   

Em toda esta cadeia, atuam professores, técnicos do Husm-EBSERH e da UFSM, pós-graduandos e estagiários, que atuam em escalas diferentes. “Já se trabalhava com estas técnicas em vários locais da UFSM, havia expertise, só foi preciso articulá-las e estabelecer uma parceria nas ações”, comenta o professor Alexandre. No total, são cerca de 30 pessoas diretamente envolvidas nas diferentes etapas. O professor Eduardo destaca o empenho de todos os envolvidos, em especial de mestrandos e doutorandos, que deixaram seus afazeres para auxiliar no trabalho, sob a supervisão de técnicos e professores. “Toda esta força-tarefa é conduzida de forma voluntária, ninguém ganha nada a mais por isso. O que estamos conseguindo fazer neste momento é exemplo de esforço conjunto”, salienta. 

Iniciativa deve seguir rendendo frutos

Para o professor Alexandre, foi só com a formação da força-tarefa, a partir do chamamento, que se viabilizou a execução deste trabalho. “Tínhamos a necessidade de diferentes expertises e das estruturas laboratoriais para viabilizar a técnica de RT-PCR aplicada ao diagnóstico do SARS-Cov-2, e isso pode ser um bom legado para ações conjuntas futuras em saúde pública. Após o pico da epidemia, vamos provavelmente seguir com projetos comuns nas diferentes áreas do conhecimento, entre elas o emprego de outras técnicas diagnósticas e sequenciamento gênico, por exemplo”, afirma Alexandre. Alguns destes projetos já foram apresentados para órgãos financiadores. Para o professor, este trabalho desenvolvido durante a epidemia, além de capacitar recursos humanos e gerar conhecimento, desvela outro elemento importante a ser desenvolvido na Universidade, a interdisciplinaridade.

As expectativas para os próximos meses, no que se refere aos exames moleculares, estão relacionadas à evolução dos casos de Covid-19. A previsão é de que há kits para testes suficientes até agosto ou setembro. Em relação aos insumos necessários, um termo de cooperação entre a UFSM e o Lacen/RS prevê a continuidade no fornecimento dos itens assim que a capacidade atual esgotar: a Secretaria Estadual da Saúde entra com o material necessário, e a UFSM, com recursos humanos e know how. “Isso é importante porque não teremos o risco de parar os exames por falta de verba”, afirma o professor Alexandre.

Para ele, a grande experiência é possibilitar ações conjuntas futuras, para que se possa dar respostas locais mais efetivas, sem que seja preciso depender do Lacen/RS ou Fiocruz, por exemplo. “Ter respostas locais é sempre o ideal para se tomar ações mais rápidas”, afirma. 

Texto: Agência de Notícias da UFSM
Fotos: Assessoria de Imprensa do Husm

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