Na próxima segunda-feira (31), será lançado o “Minimanual para cobertura jornalística de mudanças climáticas”, organizado pelas pesquisadoras Márcia Franz Amaral, Eloisa Beling Loose e Ilza Maria Tourinho Girardi. O lançamento virtual, que será realizado às 18h na página do Facebook do Observatório do Clima (OC), terá mediação do coordenador de Comunicação do Observatório do Clima, Claudio Ângelo; da jornalista e autora do livro Diário do Clima, Sônia Bridi; e da secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Andrea Santos. O objetivo do minimanual é evidenciar a urgência e necessidade de discutir a cobertura da crise climática. Destinado a jornalistas, acadêmicos e estudantes, o guia reúne uma série de recomendações e dicas para contribuir com a disseminação e qualificação da pauta ambiental no Brasil.
Resultado de uma parceria entre o Grupo de Pesquisa Estudos de Jornalismo da UFSM e o Grupo de Investigación Mediación Dialéctica de la Comunicación Social, da Universidad Complutense de Madrid (MDCS), Espanha, a publicação é uma versão ampliada e em português do decálogo “Los Medios de Comunicación y el Cambio Climático”, publicado na Espanha pelo MDCS e Ecodes (Fundación Ecologia y Desarrollo).
O decálogo foi subscrito por cerca de 100 meios de comunicação espanhóis que se comprometeram a cumprir os pontos do documento (entre eles El Pais, La Vanguardia, RTVE, Cadena SER e eltiempo.es), e acaba de ser editado no Brasil por uma iniciativa da pesquisadora Márcia Franz Amaral, que em missão pelo Capes Print (Projeto Institucional de Internacionalização) apresentou a proposta na reunião do Observatorio de la Comunicación del Cambio Climático na Universidade Complutense de Madrid. A versão brasileira foi editada em parceria com o Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (UFRGS) e, além das recomendações inspiradas no documento espanhol, traz verbetes técnicos ligados ao tema.
Para a professora Márcia Franz Amaral, entre os desafios da cobertura sobre mudanças climáticas está o de aproximar o tema das pessoas, mostrando, por exemplo suas relações com alguns desastres que o Brasil vivencia periodicamente. Além disso, temas muito importantes no país, como o desmatamento e as desigualdades sociais, também integram o debate. “Os jornalistas precisam de apoio para fazer um jornalismo crítico tanto em iniciativas mais especializadas, quanto em produtos noticiosos que visam à popularização dos termos técnicos sobre as mudanças climáticas, e o manual tem esta intenção”, explica Márcia.
A professora Eloisa Beling Loose, especialista na área de Comunicação e Clima, afirma que a cobertura sobre o tema ainda é restrita no país, sendo focada sobretudo em consequências, e não nas soluções ou respostas à emergência climática. “É preciso descentralizar o debate climático, que é urgente, e apontar suas interfaces com saúde, economia e estilo de vida, por exemplo. O jornalismo desempenha um papel relevante para agendar o debate público e até influenciar na governança ambiental”, pontua.
Já para a professora e líder do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental, Ilza Girardi, a publicação do minimanual surge num momento crucial em que a humanidade precisa repensar seus rumos para o enfrentamento das mudanças climáticas, que é um processo que está em curso graças às políticas desenvolvimentistas adotadas pelos países, em especial os mais ricos. Nesse contexto, o papel do jornalismo é fundamental para informar corretamente e alimentar a sociedade com informações que vão subsidiar as ações de luta por políticas pensadas a partir da natureza.
Também participaram da produção de conteúdo e da edição do minimanual alunos de mestrado e doutorado dos dois grupos de pesquisa. O projeto gráfico e editoração do e-book foram executados pela acadêmica de Desenho Industrial Tayane Senna, e as ilustrações, pela também acadêmica de Desenho Industrial Polyana Santoro, do Laboratório de Experimentação em Jornalismo (LEX) da UFSM, coordenado pela professora Laura Storch e pelo jornalista Lucas Missau. A obra é uma publicação da Editora Facos.