O relatório 2020 das incubadoras tecnológicas da UFSM – Incubadora Tecnológica de Santa Maria (ITSM) e Pulsar Incubadora – foi divulgado recentemente pela Coordenadoria de Empreendedorismo da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec). O relatório traz uma análise dos números de faturamento, empregos gerados e impostos recolhidos pelas startups. Apesar do cenário de crise devido à pandemia de Covid-19, os números superaram os registrados no ano anterior.
O faturamento superior a R$ 5,5 milhões foi recorde, 40% maior do que o de 2019. O coordenador de Empreendedorismo, Silon Procath, explica que isso ocorreu porque as empresas se adaptaram muito rapidamente à nova realidade e conseguiram pivotar rapidamente, ou seja, inovaram em seus modelos de negócios de forma assertiva frente à nova realidade. “Quando a pandemia começou, a maioria das startups incubadas estava bem estruturada e com produtos prontos. Assim, o aumento da demanda por serviços e produtos tecnológicos, a alta velocidade de criar soluções e de adaptação das startups e o fato de várias incubadas serem do agro – que continuou crescendo mesmo com a pandemia – colaboraram para esse resultado positivo”, conta.
O número de empresas residentes também foi recorde, 39 ao todo, sendo cinco spin-offs (derivadas de empresas já existentes). As agritechs e as foodtechs são a maioria e estão mais presentes nas incubadoras a cada ano. Silon Procath atribui esse aumento à geração de conhecimento da UFSM tanto na área das rurais, quanto engenharia e química, que são as áreas onde as startups da universidade têm se originado. “Outro fator é o desempenho do agro como um gerador de riqueza e empregos, o que o torna atrativo para os jovens que estão iniciando seus empreendimentos”, destaca o coordenador.
A empresa Mais Soja foi um dos destaques do ano e, apesar de ter algumas ações interrompidas em razão da pandemia, aproveitou para focar em seus cursos online. A startup tem um portal que reúne notícias e notas técnicas sobre os avanços tecnológicos da cultura da soja no Brasil e no mundo. O sócio-fundador Lucas Stefanello destaca que o agro foi um dos poucos setores que se manteve ativo. “É necessário, vivemos em um país agrícola; se o agro parar, a economia decresce ainda mais.”
Para seguir com o trabalho durante a pandemia, a Zeit focou em parcerias e no desenvolvimento de novas tecnologias. De uma parceria com a empresa Genesis Group nasceu a Nira, uma tecnologia portátil para a análise da qualidade de grãos em campo que ainda está em processo de validação. A nova tecnologia foi desenvolvida em cinco meses de trabalho em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para que, em um futuro próximo, a startup possa contribuir para o crescimento e valorização da cadeia da soja.
Outro destaque foi a Auster, que oferece serviços em agricultura de precisão utilizando drones e sensoriamento remoto. O diretor comercial Eduardo Engel conta que 2020 foi um ano desafiador para a empresa, mas propiciou que a equipe fosse para o Centro-Oeste do Brasil, em busca de aprimorar o trabalho nas culturas de algodão e feijão. “O processo de aceleração com a Agrihub Space (entidade ligada à Federação de Agricultura do Estado do Mato Grosso) nos deu acesso a produtores e empresas de lá para apresentarmos o nosso trabalho”, conta Engel. Para 2021, a Auster projeta um crescimento sete vezes maior do que o de 2020.
Os eventos da Coordenadoria de Empreendedorismo, que sempre reuniram um grande número de pessoas, apresentaram uma boa adaptação para o ambiente virtual e tiveram mais de 5 mil visualizações. Do ponto de vista tecnológico, a coordenadoria contou com o apoio da empresa incubada Syntesis, que auxiliou no uso de plataforma digital para realização dos eventos de forma remota. A adesão do público-alvo, que vê nas plataformas digitais um facilitador para participação de eventos, cursos e treinamentos, também foi apontada como fator determinante.
Silon Procath ressalta que os resultados positivos são fruto do trabalho em conjunto da equipe da Coordenadoria de Empreendedorismo e das startups, que conseguiram se adaptar rapidamente à nova realidade e superar metas. O coordenador acredita que a inovação tecnológica pode acelerar a recuperação econômica no pós-pandemia por ser uma geradora de oportunidades e novos negócios “as cidades que conseguirem estimular o empreendedorismo e os novos negócios tecnológicos no pós-pandemia levarão vantagem”, destaca.
Para baixar o relatório completo, clique aqui.
Texto: Giovana Dutra, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agittec
Ilustrações: Camila Santarem, acadêmica de Desenho Industrial e bolsista da Agittec