A Formação da Agricultura Familiar no País da Grande Lavoura – As Mãos que Alimentam a Nação é o título de um livro de autoria do professor Everton Lazzaretti Picolotto, do Departamento de Ciências Sociais da UFSM. Publicada neste ano pela Editora Appris, aobra é resultado de mais de 10 anos de pesquisa sobre o tema. Estão previstos para breve sessões de lançamento na UFSM e em eventos científicos no Brasil e no exterior.
Sinopse – A emergência da categoria agricultura familiar e dos agricultores familiares como personagens é recente na história brasileira. Especialmente nas últimas décadas, vem ocorrendo um processo de construção da categoria agricultura familiar enquanto modelo de agricultura e como identidade política de grupos de agricultores. Para isso, contribuiu um conjunto de atores que, segundo sua forma e seus interesses, ajudaram a definir o que se entende por agricultura familiar no país.
Partindo de uma investigação sobre a gênese sociopolítica dos grupos que formam a agricultura de base familiar no país, o livro percorre as experiências organizativas autônomas desses grupos e os conflitos de posição que experimentaram ao desafiarem as organizações da classe dominante rural do país da grande lavoura, como era chamado no passado, e do agronegócio, nos dias atuais.
Argumenta-se que foram três conjuntos de atores construtores e difusores da categoria agricultura familiar e dos seus sujeitos políticos – os agricultores familiares. Este processo teve início em meados da década de 1980 e alcançou seus resultados mais expressivos de proposição e divulgação a partir da década de 1990.
O primeiro conjunto de atores é composto pelo debate acadêmico, que recolocou luz sobre o lugar que a agricultura familiar ocupou no desenvolvimento dos países do capitalismo avançado e as condições de precariedade que ela encontrou historicamente no Brasil. O segundo é representado pelas ações do Estado que contribuíram para definir o sentido oficial da categoria agricultura familiar e as políticas públicas que a fortaleceram. O terceiro, nem por isso menos importante, é composto pelo sindicalismo dos trabalhadores rurais (que passa a ser mais identificado com a agricultura familiar) e pelos movimentos sociais do campo, que, mesmo sendo formados por forças políticas diversas, conseguiram organizar projetos de um novo lugar para a agricultura familiar no país.