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Nei Day retoma a programação do Novembro Negro da UFSM nesta semana

Atividades do Mês da Consciência Negra se estendem até o dia 25



foto colorida horizontal mostra, em um palco, pessoas negras, algumas com camisa branca, outras com camiseta listrada em vermelho e branco, portando cavaquinhos e instrumentos de percussão. Ao fundo há a projeção do logo do novembro negro
Abertura da programação, na sexta (11), teve apresentação de escola de samba

A programação do Mês da Consciência Negra da UFSM foi retomada nesta terça-feira (15), com o evento Territórios de Nei D’Ogum, o Nei Day, que ocorreu à tarde na Praça dos Bombeiros. A exposição é inspirada em Nei D’Ogum, histórico ativista social e religioso de Santa Maria, e mostrará locais importantes de sua trajetória e abordar a história da população negra e LGBT+ no Rio Grande do Sul. As atividades do Novembro Negro se estendem até o dia 25.

As atividades da programação foram organizadas pelo Observatório de Direitos Humanos (ODH) da UFSM, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da UFSM (Neabi), o Coletivo Marias Bonitas Fazendo História, Dandaras – Coletivo de Mulheres Negras, Coletivo de Arte e Cultura Negra Ara Dudu, Movimento Negro Unificado, Coletivo Afronta, além de contar com o apoio da OAB de Santa Maria e Prefeitura.

Victor Lopes, chefe do ODH da UFSM, conta que a programação se divide em eixos políticos e culturais, que irão ocorrer em diferentes pontos de Santa Maria para também atingir a população periférica da cidade. “Queremos mostrar as trajetórias, lutas, conquistas e ambições das vozes negras da Universidade e torná-las cada vez mais presentes, nos tornar protagonistas, vestir nossas melhores cores e botar o nosso bloco na avenida”, destaca. Segundo o chefe do Observatório, esses espaços de reflexão também são importantes para engajar toda a sociedade na luta contra o racismo e a discriminação.

A programação do mês da Consciência Negra prossegue nos próximos dias, com as seguintes atividades:

De 13 a 20 – Semana da Capoeira, com o Mestre Militar;

Dia 20 – Dia da Consciência Negra, no Largo do Planetário, às 15h;

Dia 25 – Justiça e Negritude, no auditório da Subseção de Santa Maria da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), das 17h às 19h.

Dentro das atividades do Novembro Negro, ocorre a 15ª Semana da Capoeira de Rua Berimbau:

Dia 13 – A partir das 19h, abertura, oficina de rimas e cantigas e roda no Centro Comunitário Dom Ivo;

Dia 14 – A partir das 20h, oficina de movimentos de capoeira no Centro Comunitário Dom Ivo;

Dia 15 – A partir das 20h, oficina de acrobacias no Centro Comunitário Zilda Arns;

Dia 16 – A partir das 19h, oficina de samba de roda e movimentos de capoeira no Centro Comunitário Dom Ivo;

Dia 17 – A partir das 20h, oficina de maculelê e jongo no Centro Comunitário Dom Ivo;

Dia 18 – A partir das 20h, oficina de toques de berimbau no Centro Comunitário Dom Ivo;

Dia 19 – Às 11h30, roda pública na Praça Saldanha Marinho; às 15h, exame de graduações de capoeira; às 20h, oficina de entradas e saídas de capoeira no Centro Comunitário Dom Ivo;

Dia 20 – Às 9h, oficina de toques de atabaque; às 10h30, oficina de movimentos; às 16h, batizado e troca de graduações de capoeira, no Centro Comunitário Dom Ivo.

Noite de samba no Centro de Convenções

Os banners da JAI que ocupavam o Centro de Convenções deram espaço à bateria e cavaco trazidos pela Escola de Samba Vila Brasil em apresentação cultural no evento que marcou a abertura do Mês da Consciência Negra na UFSM, na última sexta-feira (11). A apresentação cultural foi a última parte da solenidade que também homenageou Sérgio Pires (1946-1990), escolhido patrono do Novembro Negro deste ano.

Sérgio Pires ingressou como docente na UFSM em 1971 e se tornou um dos primeiros professores negros da história da Universidade. Dentro do ambiente acadêmico não abandonou a militância política que o acompanhou desde a infância e se destacou no movimento sindical dos professores, onde reivindicou e discutiu direitos, salários, métodos de ensino, entre outras pautas.

Na década de 80 ingressa no Movimento Negro, foi um dos criadores da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e foi o primeiro vice-presidente da Regional Sul, além de lançar o livro “Questões Educacionais” em 1988. Em 1990 iniciou a criação da primeira Estatuinte da Universidade, mas não concluiu o trabalho, ao falecer em setembro do mesmo ano.

Em sua homenagem a Sedufsm apresentou um trecho da obra audiovisual produzida em sua memória. A produção foi realizada por Rafael Balbueno em parceria com o Neabi e o ODH. Após a exibição do curta, a esposa de Sérgio, Cecília Pires e sua filha, Fabiana Pires, receberam uma placa de homenagem ao professor.

Discursaram na solenidade Anderson Santos, coordenador do Neabi; o prefeito, Jorge Pozzobom; Isadora Bispo, do Coletivo Ara Dudu e representante do Movimento Negro Unificado (MNU); Victor Lopes, chefe do ODH; Moacir Barreto, vice-presidente da escola de samba Mangueira; e a vice-reitora, Marta Adaime. Os discursos reforçaram a importância da implementação de políticas públicas contra a discriminação racial e a necessidade de repensar a Universidade como um espaço que valorize apenas o pensamento eurocêntrico e com maior presença negra e indígena como alunos e professores.

Além do prefeito, representaram o poder público na cerimônia o presidente da Câmara Municipal, Valdir de Oliveira, e a secretária de Cultura, Rose Carneiro. “A presença em ações como essa é obrigatória porque aprendemos muito com essa troca de experiências sobre algo que devemos praticar todos os dias, não apenas em eventos. Não vim apenas como prefeito, vim como cidadão”, afirmou Pozzobom.

Isabella de Campos, 26 anos, compareceu ao evento com o objetivo de ouvir pessoas negras e refletir sobre o seu papel enquanto pessoa branca no combate ao racismo estrutural. “Ações como essas são importantes para alertar que, apesar do discurso de que ‘a Universidade se pinta de povo’, ela ainda é um lugar hegemonicamente branco, e há urgência de se mudar isso com ações cotidianas, não apenas em datas comemorativas”, conta a estudante de Agronomia.

Luiz Carlos Rodrigues, 65 anos, participa do movimento negro desde a sua infância, o que o ajudou a conhecer suas origens e construir sua identidade. “A minha família adotiva era branca, então sempre procurei me inserir desde o início no movimento para me identificar, e a nossa cultura, nossa história, nossos feitos, nosso protagonismo é muito ocultado, especialmente dentro do Rio Grande do Sul”, destaca.

Uma luta que não cabe no calendário

O professor do Departamento de Geociências do CCNE e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), Anderson do Santos, salienta a importância de trabalhar a pauta negra para além do calendário oficial. Antes da chegada do mês de novembro, o núcleo promoveu o concurso literário “Vozes Negras, Lutas e Conquistas”, que tem como objetivo abordar a temática negra por meio da literatura e de desenhos, organizado junto com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e Observatório de Direitos Humanos da UFSM.

O concurso tem quatro categorias: discentes da rede pública (municipal e estadual); servidores da rede pública (municipal e estadual); acadêmicos e servidores da UFSM e Erê (para crianças de até 7 anos). As inscrições foram encerradas no dia 6 e os vencedores serão anunciados no evento de celebração ao Dia da Consciência Negra (20), no largo do Planetário. As produções inscritas no concurso serão transformadas posteriormente em material didático.

Entre outras ações promovidas pelo núcleo está o processo de produção do livro “Neabi Saberes Afro e Indígenas”, em parceria com a Editora UFSM e o curso “Racismo e Antirracismo – Perspectivas Pedagógicas”. Oferecido de forma virtual, o curso ensina práticas pedagógicas antirracistas para mais de 100 professores de escolas públicas de Santa Maria. Com carga horária de 60 horas, a formação iniciou em outubro e vai até dezembro.

“Essas ações são importantes para nos fortalecer, reavivar a nossa consciência e tornar a Universidade um espaço mais democrático, com maior valorização, acesso e permanência da população negra em todos os âmbitos – alunos, professores e servidores”, destacou o coordenador do núcleo.

Texto e foto: Bernardo Silva, acadêmico de Jornalismo e voluntário da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

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