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Laboratório da UFSM é referência nacional em monitoramento do coronavírus

Pesquisadores do Labiomic contribuem para o controle de variantes do vírus através da técnica do sequenciamento



foto colorida horizontal com oito mulheres em uma sala, uma delas, com roupa verde e de máscara, faz uma selfie, aparecendo em primeiro plano, e as demais atrás, em pé em volta de uma mesa
Laboratório de Biologia Molecular e Bioinformática Aplicadas à Microbiologia Clínica é composto por docentes, alunos e profissionais

O Laboratório de Biologia Molecular e Bioinformática Aplicadas à Microbiologia Clínica (Labiomic) da UFSM vem se destacando no cenário nacional com suas contribuições no monitoramento genômico do coronavírus desde que ingressou na RedeVírus, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em junho de 2021, especificamente no subprojeto “Corona-ômica MCTIC: Rede nacional de genomas, exoma e transcriptoma de Covid-19 para identificação de fatores associados à dispersão da epidemia e severidade”.

Uma das principais descobertas foi a emergência da subvariante BQ.1 e BQ1.1 da variante Ômicron do coronavírus em Santa Maria. O alerta foi divulgado por meio do Informe Corona-Ômica nº 24.2022, em 25 de novembro de 2022. Neste levantamento, foram 157 amostras coletadas, entre 2 de agosto e 16 novembro, em laboratórios públicos e privados de Santa Maria que realizam teste PCR para o coronavírus. Após, os genomas sequenciados foram analisados por meio da plataforma online Nextclade.

Priscila Trindade, professora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UFSM, conta que, ao receber a coleta dos centros clínicos, sua equipe extrai o material genético da amostra e realiza as etapas subsequentes. Ela explica: “Basicamente, o RNA viral é transformado em cDNA (DNA complementar), que por sua vez será amplificado para termos a quantidade de material genético necessária para sequenciar”. A seguir, essas moléculas de DNA amplificadas são submetidas a mais etapas até que estejam prontas para serem inseridas no sequenciador, o qual varia de acordo com o volume de amostras e a disponibilidade dos reagentes. Uma vez sequenciado o genoma do vírus, passa-se às análises bioinformáticas, quando se tem o resultado, que é divulgado ao público nos boletins.

Alertas e orientações

A respeito do último resultado divulgado, de novembro, a docente diz que a detecção da subvariante BQ.1 na região, embora fosse um fato esperado, é importante para que a sociedade siga vigilante, uma vez que essa subvariante está causando um aumento expressivo do número de casos em todo território nacional. Priscila pondera: “A princípio, apesar do aumento expressivo no número de casos, o número de internações e óbitos não tem acompanhado essa tendência. Não se pode dizer que não é preocupante esse aumento de casos. Entretanto, a vacinação provavelmente está ajudando, e muito, para que a maioria dos casos seja leve”.

Com isso, a pesquisadora sinaliza que as orientações de prevenção ao vírus seguem as mesmas, como usar máscara bem ajustada ao rosto (cobrindo nariz e boca) em ambientes fechados e transporte público, evitar aglomerações, buscar testagem em caso de sintomas gripais e evitar trabalhar nessa situação, estar com a vacinação em dia, cuidar a higiene das mãos, dentre outros.

Sendo assim, Priscila ressalta a importância de seguir o monitoramento com a vigilância genômica. “Surgirão outras variantes e subvariantes, porque isso faz parte da evolução do genoma viral. Informar e auxiliar as autoridades de saúde na tomada de decisões e implementação de medidas de prevenção e controle da Covid-19 em tempo hábil é o que pode fazer toda a diferença no acompanhamento de uma nova onda epidêmica e na resposta das pessoas aos tratamentos”, acredita a professora.

O impacto da Rede Corona-Ômica na UFSM

O trabalho do Laboratório da UFSM junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações começou em junho de 2021, após a chegada de todos os equipamentos e reagentes necessários para executar a técnica. Assim, o Labiomic foi estruturado, em termos de equipamentos, a partir da pandemia. “Antes disso, embora cientes da importância da realização de tipagem e da identificação molecular de agentes etiológicos de doenças infecciosas, conseguíamos apenas realizar os experimentos in silico, ou seja, a parte de bioinformática, muito devido às dificuldades financeiras para a realização da técnica de sequenciamento de genoma total desses organismos”, relata a professora. Ela ainda esclarece que, embora a realização das análises bioinformáticas requer menos investimento em termos de recursos de capital e de custeio – pois há muitos softwares gratuitos e dados de sequenciamento disponíveis em bases de dados públicas -, sem os equipamentos não haveria como ter os dados locais.

Inicialmente, o Laboratório conseguiu recursos destinados ao enfrentamento da pandemia da Covid-19 provenientes da própria UFSM. O projeto dos estudos clínicos de vacinas para a Covid-19, coordenado pelo professor Alexandre Schwarzbold, do Departamento de Clínica Médica, foi fundamental em termos de aporte financeiro para a contratação de recursos humanos, treinamentos e compra de equipamentos e insumos.

Uma vez com os trabalhos iniciados e gerando dados de vigilância genômica, o coordenador da Rede Corona-Ômica, professor Fernando Spilki, entrou em contato com o Labiomic para saber do interesse em colaborar com a rede. Além da Corona-Ômica, os pesquisadores ingressaram na fase 2 do projeto Laboratórios de Campanha, também financiado pelo MCTI. A partir disso, ambos os projetos garantem o aporte financeiro para a compra de reagentes, permitindo que o sequenciamento genético continue sendo realizado.

Reforço ao ensino, à pesquisa e à geração de conhecimento

Em relação aos benefícios para a UFSM, Priscila entende que esse investimento viabiliza a realização de outras técnicas e estudos a serem realizados na Instituição, inclusive aplicados a cenários de surtos, epidemias e pandemias causadas por microrganismos emergentes e reemergentes que possam ocorrer.

A docente acrescenta ainda que a realização do sequenciamento de forma descentralizada, isto é, em regiões interioranas, propicia uma agilidade na obtenção de resultados e, consequentemente, na tomada de decisões, o que não seria possível se as amostras tivessem que ir para um grande centro. “Isso também reforça o papel social da UFSM, visto que os dados gerados são informados à vigilância em saúde do município, que pode então instaurar medidas de controle da doença com celeridade, beneficiando a sociedade”, diz.

Não obstante, com essa parceira há também a capacitação de recursos humanos, a fim de reforçar o ensino, pesquisa e a geração de conhecimento. As técnicas realizadas no laboratório estão alinhadas ao que é realizado nas melhores universidades do país e do mundo, relata Priscila. As sequências são depositadas em bancos de dados públicos, sendo disponibilizadas para que outros pesquisadores também tenham acesso.

Atualmente, a equipe do Laboratório está composta por dois docentes, Priscila Trindade e Alexandre Schwarzbold. Da parte discente, há uma aluna de pós- doutorado contratada por bolsa Desenvolvimento Tecnológico Industrial (DTI-A) do projeto Corona-Ômica (MCTI), uma aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, três alunos de iniciação científica do curso de Farmácia, uma biomédica e uma farmacêutica – essas duas últimas profissionais também contratadas por projeto de pesquisa.

Texto: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista
Foto: Divulgação

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