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Semana 8M: UFSM debate política de igualdade de gênero

No encontro, debatedoras reivindicaram por ações efetivas no combate à desigualdade de gênero



Para encerrar as atividades da Semana da Mulher na UFSM, a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP), junto com a Casa Verônica, vinculada à Pró-Reitoria de Extensão (PRE), promoveu, nesta sexta-feira, dia 10, uma roda de conversa sobre a Política de Igualdade de Gênero da Instituição. A fim de estimular o diálogo acerca do tema, participaram do evento Sônia Cechin, assessora do Gabinete do Reitor, Milena Freire, docente membro do Comitê de Igualdade de Gênero (CIG), Bruna Denkin, Coordenadora da Casa Verônica, além das servidoras Natália San Martin e Vanessa Vakunz, representando a Assufsm, Aline Eggres de Castro, representando a Atens, Simone de Freitas da Silva Gallina, pela Sedufsm e Cassiana Marques, vinculada ao Sinasefe.

Caminhos em busca da igualdade

Em 3 de novembro de 2021, foi publicada a Resolução 064, que implementou a política de igualdade de gênero dentro da UFSM. Seu propósito é a promoção da igualdade de gênero em todas as instâncias institucionais, ao fomentar ações de educação e de respeito ao ser humano. Para a sua efetivação, foi instituído o Comitê de Igualdade de Gênero (CIG), com a finalidade de monitorar a implantação da Política. Durante a Roda de Conversa, Milena ressaltou que o Comitê possui caráter consultivo e, portanto, não é responsável pela implementação da Política. Ela destacou que é preciso que os diversos setores da Universidade se mobilizem para que sejam efetivadas as medidas propostas nos três eixos do documento, que são: promoção da igualdade de gênero; enfrentamento e responsabilização em casos de violência; e assistência.

Segundo a Coordenadora da Casa Verônica, a discussão do tema já vem sendo promovida dentro do espaço da Universidade, porém de forma incipiente. “Para este ano, esperamos promover mais ações como essa [roda de conversa]”, relata Bruna. Também, valoriza a presença dos sindicatos, pois estes fortalecem o envolvimento das servidoras da Instituição. A administradora lembra que a discussão não deve apenas contemplar as mulheres, e sim abranger os homens e estudantes. Na roda de conversa, o objetivo foi justamente apresentar e divulgar a política de gênero, a fim de inserir a sua diretriz na prática profissional. No mais, Bruna ressaltou o fato de a programação da Semana da Mulher ter sido articulada por diversos setores da Universidade, algo que confere mais visibilidade e adesão do público aos eventos. 

O protagonismo da UFSM 

Antes de entender o que é a política de igualdade de gênero, deve-se ressaltar o fato de sua existência dentro da UFSM, afirma Milena. Isso porque “é um documento bastante significativo e inovador, pois pauta o posicionamento da Universidade perante o reconhecimento das desigualdades de gênero, ao propor ações”, conta. Dessa forma, o regimento coloca a UFSM em protagonismo em pautas ainda pouco debatidas em outras Federais. A exemplo disso, uma das orientações da Política de Igualdade de Gênero é de que sejam reservadas vagas especificamente para pessoas transexuais no ensino médio, no técnico, no tecnológico, na graduação e na pós-graduação. A proposta se faz necessária e urgente em vista do número escasso de pessoas trans no meio acadêmico, como demonstra uma pesquisa publicada em 2018 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes): segundo o estudo, apenas 0,2% dos estudantes de graduação em universidades públicas é transexual. Na mesma lógica, a Resolução 064 também indica a criação de medidas que garantam que essas pessoas se sintam acolhidas no espaço universitário e não sejam hostilizadas ou vítimas de transfobia, com o intuito de que a permanência dessas pessoas na Instituição até a conclusão dos estudos seja garantida.

Ir além do documento 

Pautadas pelos três eixos integradores, citados acima, as propostas de ação presentes na resolução são claras e práticas, explica Milena. Como exemplo, a construção de banheiros unissex e de fraldários. São ações de ordem prática, mas que estão submetidas a uma limitação orçamentária para saírem do papel. Dessa forma, a docente afirma que a política está em construção, não em termos de elaboração, mas sim de implementação, a qual ocorre de forma perene, tendo em vista que as questões de desigualdade de gênero são permanentes e se transformam. Tocante aos avanços, está a Casa Verônica, a qual realiza um trabalho de promoção da igualdade de  gênero em diversas ações. “Nosso grande desafio é como tornar o enfrentamento e os debates sobre desigualdade uma cultura dentro da Universidade. O que é difícil, já que estamos em uma sociedade patriarcal, que, ao longo dos tempos, naturalizou determinados processos que precisam ser desconstruídos”, reitera a professora. 

Ao encontro disso, a convidada da roda de conversa, Cassiana Marques, que é filiada ao Sinasefe e atua na Coordenação da Saúde e Qualidade de Vida do Servidor, na PROGEP, destacou a necessidade de se repensar algumas normas simples, como o horário de trabalho, mas que são capazes de prejudicar o desempenho das servidoras que são mães. Para elucidar sua fala, Cassiana contou uma situação pessoal: “a minha filha entra na escola às 7h45, então eu não consigo chegar aqui [na UFSM] às 7h30 para trabalhar. Eu me constranjo quando entro na minha sala e já estão todos os meus colegas trabalhando. Me dá um mal estar, porque a gente tem que seguir um padrão que não cabe para nós mulheres que temos que fazer essa jornada de levar os filhos na escola. E eu cumpro o meu trabalho, as minhas 40 horas semanais, mas eu não consigo estar aqui no horário estipulado, porque eu tenho que levar a minha filha na escola”, relatou.

Dar visibilidade 

Outro desafio citado por Milena é que, para tornar a política de igualdade de gênero cotidiana no espaço universitário, é preciso dar visibilidade ao documento, para que servidores, professores e estudantes tenham acesso e conheçam os mecanismos expostos em suas páginas. Milena demonstra preocupação de que o grupo beneficiado por essas políticas não tome conhecimento destas, como no caso das mães, que têm a garantia, de forma segura, do acesso de crianças de até 12 anos de idade em sala de aula. Além disso, há o auxílio creche, que precisa ser ampliado, e o plano de ensino especial que os professores precisam elaborar durante o período de licença maternidade. “Precisamos dar visibilidade para que possamos dar o segundo passo, que é, enfim, conseguirmos enxergar a comunidade sendo beneficiada de modo mais amplo, isto é, dentro da multiplicidade das necessidades de todos os públicos”, finaliza.

Para que isso aconteça, o pensamento compartilhado entre as participantes é o mesmo: é preciso que toda a comunidade acadêmica, incluindo alunos, servidores e gestão da UFSM, tomem conhecimento da Política de Igualdade de Gênero e dialoguem sobre a temática. A problemática deve ser uma preocupação de todos e, somente dessa forma, mudanças efetivas serão capazes de sair do papel.

O debate está disponível no canal do YouTube da UFSM para quem desejar assistir.

 

Texto: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias, e Laurent Keller, acadêmica de jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Laurent Keller
Edição: Mariana Henriques, jornalista

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