Incubada no início de 2023 na Pulsar, vinculada ao InovaTec UFSM Parque Tecnológico, a startup BioDos ficou em 1º lugar no último edital de incubação e se destaca por oferecer soluções em dosimetria (área que engloba estudos para determinar a exposição à radiação recebida em um intervalo de tempo).

O primeiro esboço da empresa surgiu da parceria de trabalho entre Maurício Beux e André Schuch, quando Maurício entrou no pós-doutorado no Laboratório de Fotobiologia da UFSM. A motivação veio através da busca por uma solução para um problema de pesquisa de ambos: a falta de equipamentos para trabalhar com a radiação ultravioleta nos laboratórios. “Nesse contexto, começamos a identificar alguns problemas relacionados à pesquisa dentro do laboratório, mais precisamente a escassez de equipamentos para lidar com o que estávamos trabalhando, que era a radiação ultravioleta”, ressalta Maurício.

Essa necessidade, junto com a experiência de Maurício em construção de equipamentos e utilização de sensores e a experiência de André em estudos de fotobiologia, incentivou-os a desenvolver um equipamento capaz de solucionar o problema. Assim, surgiu a ideia de um radiômetro.

A entrada de Álvaro Mainardi foi a peça que faltava para o projeto sair do papel. Durante o seu mestrado, a primeira versão concreta do radiômetro ganhou forma e, posteriormente, teve sua patente reconhecida. Após a conclusão da fabricação do modelo, o trio foi incentivado pelo chefe de Núcleo de Propriedade Intelectual, professor Lucio Dorneles, e pelo assessor de inovação da UFSM, professor Hélio Hey, a participar do processo de pré-incubação da Pulsar no ano de 2020.

Nesse período, contaram também com a ajuda de Tamiris Dinkowski, que foi quem os apresentou aos seus sócios investidores e sócio acelerador, a Semente Consultoria em Negócio. Esse encontro proporcionou uma grande aceleração no aprimoramento do radiômetro, pois eles puderam dispor de melhores recursos para comprar peças e equipamentos.

Os três destacam que esse período incubado tem sido de grande importância para o desenvolvimento da BioDos. “O suporte que a universidade nos dá, em relação ao ambiente de trabalho, onde há pessoas dedicadas na busca de uma estruturação de negócio. Sem dúvida, algo que eu tenho que ressaltar, e que parece bobagem, é a disponibilidade de uma estrutura física onde possamos colocar nossas coisas.”

Além disso, ele ressalta que o conhecimento obtido, seja pelo contato com outras empresas incubadas ou pelas palestras, workshops e seminários organizados pelo InovaTec, contribui para o aperfeiçoamento profissional, pois muitas vezes os objetivos dessas atividades vão ao encontro dos problemas que precisam ser superados pela BioDos.

Radiômetro – O carro-chefe da BioDos é um Radiômetro para Pesquisa e Desenvolvimento (RPD) para medir a radiação ultravioleta, capaz de fazer a medição dos três tipos de raios UV (UVA, UVB e UVC). Esse processo pode ser feito de forma contínua, pois possui autonomia de mais de 60 horas. O controle é feito por um aplicativo, permitindo que o pesquisador possa ficar a uma distância segura do experimento, o que atualmente não é possível nos laboratórios.

Testes de fotoproteção – Dentre os planos da empresa está a utilização do RPD para testes que analisam a fotoproteção de tecidos e cosméticos, por exemplo. Esse serviço possibilita que empresas interessadas possam ter mais agilidade e economia na hora de testar a fotoproteção de seus produtos, assim como obter certificação por parte dos órgãos reguladores.

Estação – Futuramente, a BioDos pretende implementar uma estação de coleta de dados sobre a radiação ultravioleta no ambiente, seja em parques ou em lugares no centro das cidades. Ela tem como objetivo fornecer informações sobre os raios UV tanto para a população (por meio de um “relógio” disponível em pontos estratégicos) quanto para as empresas interessadas nos dados.

Maurício, André e Álvaro acreditam que a tecnologia que estão desenvolvendo vai impactar não só a vida da população, mas também das empresas. O radiômetro poderá ser usado para diversas finalidades, como auxiliar na pesquisa científica sobre o assunto, trazer economia no setor de produção de empresas da área da radiação UV, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores que estão diretamente expostos a possíveis danos causados pelos raios solares (trabalhadores da construção civil, da limpeza de ruas, etc.) e na área da saúde.

O objetivo primário é expandir para o mercado regional, seguido do estado do Rio Grande do Sul como um todo e, em um momento posterior, nacionalmente. O foco inicial é na área da saúde e da pesquisa científica.

Texto: Assessora de Comunicação do InovaTec UFSM Parque Tecnológico.