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Filme sobre Lupicínio Rodrigues será exibido no Centro de Convenções no próximo sábado (23)

O documentário, que teve assessoria histórica de pesquisadores da UFSM, aborda vida do compositor brasileiro, incluindo sua passagem por Santa Maria



Pesquisadores analisam documentos com a história de Lupicínio Rodrigues

No próximo sábado, 23 de setembro, às 19 horas, acontece a exibição da obra “Lupicínio Rodrigues: confissões de um sofredor”, filme produzido pela Plural Filmes, em parceria com historiadores do Grupo de Estudos sobre o Pós-Abolição (GEPA) da UFSM. O evento é gratuito e aberto ao público. Os ingressos podem ser trocados por 1kg de alimento não perecível, nos seguintes locais: prédio 40 (CAL) e prédio 74 (CCSH), ambos na UFSM, Sedufsm, na rua André Marques, 665, Ara Dudu, na rua Dr. Turi, 2070 e Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria, na Rua Appel, 900.

Participação do GEPA

Em 2020, os integrantes do GEPA foram convidados pela Plural Filmes para realizar a assessoria histórica do filme, por conta da passagem de Lupicínio por Santa Maria. O filme tem direção de Alfredo Manevy e foi lançado em 2022. A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História, Franciele Rocha de Oliveira, participou da curadoria e explica o porquê do filme ser exibido agora na cidade, quase um ano depois de seu lançamento: “Desde que o filme saiu, sabíamos que era necessário exibi-lo em Santa Maria. Para resgatar a memória da passagem do Lupi pela cidade, e também como uma devolutiva para as pessoas que faziam parte dessa história”.

Uma delas é Marcos Aurélio Marques, que era servidor aposentado da UFSM e um dos entrevistados para o filme. Marcos e sua família conviveram com Lupicínio durante a época em que ele morou em Santa Maria (de 1933 a 1934), e sua mãe participou da diretoria do clube União Familiar, muito importante em sua trajetória. “Esse ano o seu Marcos faleceu. Em novembro do ano passado levamos ele para ver o filme em Porto Alegre, e a família dele queria muito assistir. Então decidimos que a gente ia dar um jeito de exibir o filme em Santa Maria”, conta Franciele.

A assessoria colaborativa do filme foi realizada por nove historiadores do GEPA, que buscaram diferentes aspectos da vida de Lupicínio, em especial sua trajetória por Santa Maria. Entre as pesquisas realizadas, estão a da discente de História, Nara Ilha Rodrigues, que fez um mapeamento das regiões ligadas ao compositor na cidade, como a Concha Acústica localizada no Parque Itaimbé, que leva seu nome, e uma rua que também leva seu nome no bairro Itararé. As pesquisadoras Taiane Anhanha Lima e Gabrielle de Souza Oliveira, pesquisaram sobre a história de Iná Pereira Soares, primeiro amor de Lupicínio, que conheceu no clube União Familiar.

Integrantes do GEPA colaboram para a produção do filme

Franciele e Nara pesquisaram a genealogia da família do compositor, na qual pela primeira vez os ancestrais da família Rodrigues foram identificados. “São apresentados esses familiares que eram por parte da mãe dele, a Abigail, e que eram do litoral negro, africanos traficados e escravizados, e depois que o senhor morre conseguem a alforria e terras. E conseguimos reconstruir essa linhagem e retornar para a Família Rodrigues”, explica Franciele. Foram encontrados também documentos de alforrias, batismos, casamentos, registros de óbitos, permitindo construir a genealogia de nove gerações. “Também tem essa parte do trabalho que é muito bonita, de poder retornar para os familiares uma parte que se perdeu da história da família”, completa a historiadora.

O historiador e participante da curadoria, Guilherme Vargas Pedroso, explica que, por meio do trabalho dos historiadores do GEPA, a passagem de Lupicínio por Santa Maria teve um grande destaque no documentário: “No início, para a direção e produção, Santa Maria talvez não tivesse tanta importância quando eles projetaram o filme. Mas depois se vê a quantidade de material, que foi tanto de profundidade documental, quanto temporal nessa questão da genealogia, acabou incluído no filme”. Franciele ainda comenta que o filme ajuda a reconhecer a contribuição do compositor para a música no cenário nacional e internacional. “Tem essa questão de reparação do grande compositor que ele foi, e muitas vezes não creditado. Quem assistir vai ver, por exemplo, toda a trajetória de algumas canções que ficaram muito famosas, e gravadas por muitos cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Marisa Monte, Gal Costa, Jamelão”, conta.

Os historiadores compartilham a importância do trabalho de resgatar memórias históricas e da pesquisa feita sobre a figura de Lupicínio Rodrigues. “Foi impactante para eu ver no dia a família dele, saber de onde eles vieram e poder contar isso para eles, já que era algo que eles ainda não sabiam”, comenta Guilherme. Franciele também destaca a possibilidade de retorno para a comunidade que o projeto oferece: “O projeto de extensão tem esse diferencial, que é garantir que o filme chegue onde ele deve chegar, e que essa cidade que despertou o coração do Lupi possa conhecer mais dessa história, reviver e trazer isso à tona de novo”.

Quem foi Lupicínio Rodrigues

Historiadores mapearam a genealogia da família Rodrigues

Lupicínio Rodrigues foi um cantor e compositor brasileiro, nascido em Porto Alegre no dia 16 de setembro de 1914, faleceu em 27 de agosto de 1974, na mesma cidade, de insuficiência cardíaca. Compôs marchinhas de carnaval e sambas-canção (subgênero musical do samba), mais conhecido pelas músicas “Felicidade”, “Nervos de Aço”, “Acaso você chegasse”, e “Vingança”. Viveu na antiga Ilhota em Porto Alegre, hoje o Quilombo dos Fidélix. Conhecido pelas canções sobre desilusões amorosas e por ser o inventor da expressão “dor de cotovelo”. Também foi o compositor do atual hino do Grêmio.

Por conta de seu estilo de vida boêmio, o pai de Lupicínio, Francisco Rodrigues, o fez se alistar no exército aos 15 anos. Em 1933, foi transferido para servir no 7º Batalhão de Infantaria, em Santa Maria. “Quando chega, ele encontra uma rede negra que abraça ele, e se sente confortável para poder compor. Não é à toa que é em Santa Maria que nasce ‘Felicidade’, que é uma das suas canções mais regravadas e reproduzidas, e que é a descrição da Vila Operária Brasil e da Iná”, explica Franciele. Também é em Santa Maria que conhece Iná Pereira Soares, primeiro amor de Lupicínio, para quem escreveu “Nervos de Aço” e outras canções.

Texto: Giulia Pinos Maffi, acadêmica de jornalismo, bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCSH
Fotos: Arquivo GEPA

Edição: Mariana Henriques, jornalista

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