Reconhecida como uma das melhores do país na competição Formula SAE Brasil – em que estudantes de engenharia participam de desafios de alta performance para apresentar seu veículo -, a equipe Formula UFSM auxilia na formação de jovens e evidencia o nome da Universidade ao projetar, desenvolver, construir e competir com veículos monopostos open-wheel, um tipo de veículo de corrida que comporta apenas uma pessoa.

Criada em 2010 pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica e atual coordenador do projeto, Mario Martins, o Formula UFSM é derivado da Bombaja UFSM, projeto em que a equipe desenvolve veículos do tipo off-road e compete regionalmente. As atividades realizadas no Formula auxiliam na educação do estudante, ao estimular seu raciocínio e demandar aplicação dos conteúdos assimilados em sala de aula. Ao longo dos anos, a marca se tornou uma referência e é consolidada na Universidade e na região, além de ter sido o pontapé inicial para a profissionalização de muitos alunos da Universidade.

Funcionamento do projeto

A equipe, atualmente composta por cerca de 30 integrantes, divide-se em subsistemas, em que cada membro desempenha um papel específico. São 7 subsistemas que ditam o que é trabalhado no projeto. São eles: Elétrica e Eletrônica, em que os integrantes analisam o sensor das marchas, a temperatura dos pneus e dos freios e realizam o acompanhamento da telemetria; Chassis, em que os integrantes trabalham em cima da estrutura primária e secundária do chassi e lidam com fabricação de estruturas metálicas e teste físico de rigidez torcional de um chassi de FSAE; Powertrain, onde há a calibração de motores em geral, aplicação de termodinâmica e mecânica dos fluidos e simulação, fabricação e validação de componentes; Aerodinâmica, em que os integrantes estudam o movimento do ar em relação ao veículo, bem como sua estabilidade e os fundamentos de termodinâmica; Dinâmica, onde há engenharia de performance, desde o início do projeto até a pista, o desenvolvimento do projeto de suspensão, de direção e de freios e análise estática; Marketing, responsável pelas mídias sociais da equipe, pelo branding da marca e auxilia em management e manufaturabilidade; e Design e economia, onde desenvolve-se mudanças de forma construtiva na área do Design e Ergonomia, fazendo equacionamento de valor estético e funcionalidade – com ligação direta ao curso de Desenho Industrial.

A cada temporada, a equipe desenvolve um projeto novo, visando a competição nacional da Formula SAE.

Competição e multidisciplinaridade 

O projeto conta com a participação de alunos de diferentes cursos da graduação, pois desenvolve todo o projeto de um veículo monoposto open-wheel. O capitão da equipe e acadêmico em Engenharia Mecânica na UFSM, Luiz Coelho, destaca que o projeto desenvolve, também, capacidades de atuação em equipe e prepara os acadêmicos para o mercado de trabalho: “ajuda muito no crescimento, não diretamente teórico e técnico, mas, por exemplo, oratória, postura, saber apresentar bem, saber conversar, ter uma organização pessoal para gerir o teu projeto”, pontua o capitão.

Além da relação multidisciplinar relacionada ao projeto, os alunos também têm a experiência de competir em alto nível. Em 2011, um ano após sua estreia nacional na Fórmula SAE, a equipe alcançou o 8° lugar da competição, se tornando a primeira equipe da região sul a figurar no Top 10 Nacional. No ano seguinte, a equipe sagrou-se vice-campeã brasileira, o que possibilitou sua participação na competição FSAE Lincoln 2013, que ocorreu em Lincoln, Nebraska – EUA, onde alcançou a 27º posição num total de 62 equipes. Paulo Soliman, formado em Engenharia Mecânica pela UFSM em 2016, integrou a equipe durante a viagem aos Estados Unidos, onde fez parte do projeto de frame e aerodinâmica. Ele destaca que a experiência foi muito importante para seu desenvolvimento e que foi sua primeira em apresentações de engenharia completamente em inglês. “[Nós] tivemos contato com pessoas de diversos países (…) Foram experiências em que me desenvolvi bastante, importante na hora de seleções para estágio e que me ajudam até hoje no trabalho”.

Em 2014, a Formula ficou em 3° lugar geral na etapa brasileira. Já em 2015, a equipe ficou na oitava colocação geral. Em 2016, na 14°, em 2017 subiu para o 5° lugar e em 2018 ficou em 4°. Em 2021, na prova online, ficou em 3° lugar.

Desde 2017, o Formula UFSM figura entre os 5 mais bem colocados do país. Esse resultado é fruto do engajamento de muitos integrantes assíduos, como é o caso do acadêmico em Redes de Computadores, Gabriel Bayer, que integra a equipe desde 2019. Ele fala sobre o impacto do projeto em sua vida acadêmica. “Ele mudou completamente a minha graduação, a minha experiência dentro da universidade. Me permitiu não só ter um contato melhor com outros mundos, mas com minha área. Então eu pude aplicar tudo aquilo que eu aprendi [em sala de aula] e me desenvolver ainda mais, justamente porque aqui eu tinha essa aplicação, eu precisava disso’, comenta o integrante. 

A conquista mais recente foi na competição de 2022. A equipe ficou com o título na prova de aceleração – uma das 4 provas dinâmicas da competição -, ao completar o percurso de 75 metros em 4,01 segundos. Gabriel Bayer era um dos dois pilotos que disputaram a prova, e viu o nome da UFSM fazer história, ao alcançar este que é o menor tempo da história da competição nacional que se tem registro.

Antes da criação do projeto, o professor Mario Martins integrou a equipe da Brunel Racing, da Brunel University, em Londres, na Inglaterra; e voluntariou-se como juiz da competição Fórmula SAE, no Brasil. Ele destaca que, desde a criação do projeto, o objetivo principal sempre foi tornar a graduação dos alunos mais participativa: “quando vim para a UFSM, uma das primeiras ações foi apresentar para a instituição o projeto e angariar apoio para ele. Isso proporcionou o início da equipe e rapidamente a obtenção de excelentes resultados”. Ele ainda destaca que esse é um projeto muito consolidado, dentro e fora da comunidade acadêmica, e que se tornou uma parte fundamental para escolhas profissionais dos integrantes. “É uma marca consolidada, a UFSM reconhece, a comunidade reconhece, muitos alunos já passaram pelo projeto, muitos tiveram sua profissão definida pelo projeto. Então, foi um projeto fundamental e continua sendo fundamental para muitos”, encerra o coordenador.

Perspectivas para o futuro

A equipe compete anualmente na Formula SAE, onde estudantes de engenharia colocam em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da temporada. Atualmente, a competição acontece na Austrália, Itália, Inglaterra, Alemanha, Brasil e Estados Unidos, onde são reunidas as melhores equipes de cada país.

Após a participação da UFSM na etapa de 2023 da competição nacional – que contou com a participação de mais de 40 equipes, além dos protótipos elétricos e a hidrogênio – e a conquista do 5° lugar na classificação geral da competição, a equipe já está se preparando para a competição do ano que vem. O projeto do veículo para 2024 já está sendo desenvolvido e o objetivo é conquistar o primeiro lugar nacional, título muito almejado por todos os integrantes e ex-integrantes há muito tempo. 

Texto: Andreina Possan, estudante de jornalismo e estagiária da Agência de Notícia
Edição: Mariana Henriques, jornalista