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Conheça Jaqueline Weber, atleta multicampeã e mestranda em Gerontologia na UFSM, que vai disputar os Pan-Americanos de 2023

Campo de estudos da aluna tem foco no processo de envelhecimento de atletas de alto rendimento



foto colorida horizontal de uma mulher, loira, trança no cabelo, camiseta do atletismo ufsm, segurando uma medalha com uma mão e apontanto o dedo pra cima com a outra, sorrindo para a câmera
Para Jaqueline, representar a UFSM em competições é, entre outras sensações positivas, “grandioso” e “sensacional” (Foto NIEEMS/Divulgação)

Impedir o esquecimento de atletas de esportes de alto rendimento, como também suas ideias, é uma das missões de Jaqueline Weber, meio-fundista multicampeã e mestranda em Gerontologia pela UFSM. Atualmente, ela é coordenadora de diferentes projetos sociais e esportivos no que diz respeito ao cenário nacional da modalidade e tem vínculo com a agremiação esporte Praia Clube, de Uberlândia, Minas Gerais.

A gerontologia, campo de pesquisas de Jaqueline, é o estudo do processo de envelhecimento e seus efeitos em indivíduos, grupos e na sociedade. Nascida no município gaúcho de Teutônia, a atleta reside em Santa Cruz do Sul desde 2013, quando foi convidada pelo então treinador Jorge Peçanha – figura histórica do atletismo brasileiro e “o maior do Rio Grande do Sul” nas categorias meio-fundo (800 a 3000m) e fundo (5000m a 24km), segundo a estudante da Federal – a representar a equipe de outra instituição universitária.

A teutoniense divide a vida de meio-fundista com a de estudante, que se ligam por meio de sua participação em competições, somada ao trabalho acadêmico em relação ao desempenho e a vida de atletas de alto rendimento, com o passar do tempo. “A gente teve grandes heróis olímpicos com histórias riquíssimas e com processos de treinamento sensacionais. Não se vê documentos de estudos em cima deles, os treinamentos que eles fizeram, as análises… Isso tudo é muito pouco registrado e acaba se perdendo”, declarou.

“Essa parte científica aliada à parte prática seria incrível”, também relatou Jaqueline. Ao longo dos anos, passaram-se diferentes edições dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), torneios de nível estadual, nacional e mundial, até que, em 2023, a gaúcha subiu um degrau em sua carreira. Além da disputa do Mundial de Atletismo na Hungria, a aluna da Universidade será uma das brasileiras na disputa dos Jogos Pan-Americanos de outubro a novembro, no Chile.

Para entender melhor como funciona a “vida dupla” de atleta internacional e mestranda em Gerontologia, a Agência de Notícias da UFSM conversou com Jaqueline sobre sua relação com a instituição, sua carreira, suas experiências, as expectativas para o campeonato continental e, também, sua pesquisa. Confira o que ela disse:

Você é formada em Educação Física pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O que te fez parar na Universidade Federal de Santa Maria?
Santa Maria entrou na minha vida em 2021, através do incentivo do professor Luiz Fernando Cuozzo Lemos, que coordena o projeto de Atletismo e também o Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da UFSM. Quando abriu o edital, ele sugeriu que eu fizesse e eu topei a ideia. Estávamos no meio da pandemia e eu sempre tive esse desejo de fazer mestrado. Eu sabia que talvez não fosse a hora mais ideal, pelas coisas que eu teria pela frente, mas eu também sabia que se eu ficasse muito tempo sem estudar, visto que me formei na graduação em 2019, dificilmente depois eu voltaria. Então, eu resolvi arriscar e hoje estou já estou com a minha qualificação feita e com meu projeto de pesquisa pronto. Só preciso, agora, fazer a parte da pesquisa, das entrevistas e, enfim, ver os resultados, de fato, do trabalho do meu mestrado.

Qual a sua relação com as atividades físicas e com o esporte em geral?
É muito profunda. Sou atleta desde os dez anos de idade, graduada em Educação Física – Bacharelado e faço mestrado em Gerontologia, com uma pesquisa baseada principalmente no envelhecimento dos atletas de alto rendimento. Além disso, tenho um projeto social em Santa Cruz do Sul que atende 50 crianças, ajudo o meu noivo na sua assessoria esportiva de corrida, temos uma academia aqui também e tem um outro projeto que se chama “pista de velocidade”, que é uma inovação tecnológica criada por ele, da qual já rodamos mais de dez estados do Brasil por conta dessa inovação. É esporte na veia. Sou vice-presidente da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Atletismo, então também estou diretamente envolvida nas questões de gestão do nosso esporte, com um “pezinho” até em um sonho futuro de, quem sabe, integrar o Comitê Olímpico Brasileiro. Mas sou totalmente ligada ao esporte 24 horas por dia. Eu respiro esporte, eu faço esporte e eu sou esporte. Isso é o que me move e é o que eu amo.

foto quadrada colorida de uma atleta correndo, roupa preta e verde, braço direito e indicador apontado para cima
Apesar de ainda não ter “experimentado” o local, a meio-fundista parabeniza a UFSM pelo projeto da pista de corrida (Foto Instagram/Reprodução)

Você pode explicar como é o seu projeto de pesquisa do mestrado?
É um mapeamento do processo de envelhecimento dos atletas olímpicos brasileiros, levando em conta os que disputaram a categoria meio-fundo do atletismo que representaram nosso país de 1984 até 2016. Hoje, na prática, o alto rendimento e o mundo acadêmico não conversam. Então, há muito poucos registros e estudos em cima do processo de treinamento, da questão fisiológica, da questão de alimentação, e, ainda menos, do processo de envelhecimento do atleta. Baseado nisso, o projeto foi construído justamente para entender como está sendo o envelhecimento dos atletas brasileiros que representaram o Brasil em jogos olímpicos. Principalmente, para mapear quais são as maiores dificuldades e como eles estão hoje. Também, ver se tem alguma questão de saúde, de resquícios que o alto rendimento deixou, se foi bom, se foi ruim, como eles estão financeiramente… Tudo isso para entender, analisar e depois, a partir dessas descobertas, desenvolver, em conjunto com a Confederação Brasileira de Atletismo, um programa de transição de carreira, que seria uma espécie de curso para dar um direcionamento aos atletas que ainda estão em atuação e eles conseguirem se preparar da melhor maneira possível para o fim da carreira. É o que eu falo no meu projeto: quando você está em alto nível, você tem o holofote, recurso e suporte. Não como se deveria ter, como nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, mas se tem um olhar da Confederação e do Comitê Olímpico. Quando você para de atuar, você é esquecido. A ideia é justamente criar um programa que possa dar esse suporte para o atleta. Até porque, ele se aposenta tendo vivido somente um um terço da vida. Tem mais dois terços pela frente e, muitas vezes, ele não está preparado para o que está por vir.

Você acredita que sua experiência no atletismo beneficia sua vida acadêmica de alguma forma?
Eu não tenho dúvidas que traz uma bagagem muito importante e muito interessante. Talvez eu, por ter uma vida tão dedicada ao esporte de alto rendimento, não tenha o desempenho acadêmico ideal. Por outro lado, eu trago um outro tipo de visão. Eu acho que é isso que torna tudo tão interessante. Eu inclusive já debati com o Luiz e com mais pesquisadores que a gente precisa fazer cada vez mais essa troca do meio acadêmico e científico com a parte prática do esporte. Quando se fala em alto rendimento no Brasil, e se compara com a questão dos Estados Unidos, que é uma potência, se usa muito pouco a parte científica. É tudo muito no achômetro. A gente tem dados para utilizar e melhorar vários aspectos para ser mais assertivo na parte do treinamento, da recuperação, da biomecânica e, nesse caso, do envelhecimento. A gente poderia ser muito mais assertivo se tivesse uma proximidade maior da parte acadêmica com a parte prática.

Como você consegue conciliar a vida de atleta com os compromissos acadêmicos?
Esse é o grande ponto. É difícil e, talvez, um dos maiores desafios junto da questão de coordenar um projeto social, mas tudo é questão de organização. Eu tenho um suporte muito legal em Santa Maria do meu orientador e de outros bolsistas acadêmicos que vão me ajudando para que eu consiga desenvolver da melhor forma possível. Eu conto com esse suporte sensacional deles e, no mais, é isso. A gente vai se organizando e tentando fazer da melhor forma possível porque, realmente, eu sei que essa pesquisa vai ser muito interessante e vai agregar bastante. Até porque, hoje, só existe um programa de transição de carreira no Comitê Olímpico Brasileiro, que trata somente dos atletas olímpicos, mas a gente sabe que os atletas de atletismo, de uma forma geral, também precisam desse suporte. A carreira de um atleta tem suporte até ele trazer resultados e estar na mídia hoje. Depois, o atleta é escanteado. Eu acho que falta um olhar nesse sentido e eu acho que eu, meus colegas e a Universidade Federal de Santa Maria podemos contribuir muito com o atletismo nacional, que é uma coisa muito grandiosa.

Já teve a oportunidade de praticar na nova pista de corrida da UFSM?
Não. Ainda não fui para Santa Maria, mas tô bem por dentro de tudo. É uma pista excelente. Em novembro eu quero “dar um pulo” aí, mas acho que eu vou estar de férias. Então, se eu for, só dar um “trotinho” nela. É um grande complexo, que vai agregar muito. Não só no meio acadêmico, como também na comunidade. Eu sou muito defensora da abertura desses espaços dentro de instituições públicas para utilização da população, das crianças, de fazer torneios, enfim. É um material muito caro e um investimento muito alto. Eu sempre luto para ter uma aqui em Santa Cruz do Sul, em um parque público e de muito acesso porque, com certeza, vai ser importante para os meus treinamentos, mas também para as pessoas. Às vezes, nem se tem noção do quão diferente é um espaço digno, adequado e de primeiro mundo que, na verdade, é tão normal e, para a gente, do Brasil, é uma coisa surreal. Se você for para a Europa, nem existe pista de brita. Enfim, é fantástico esse espaço. Santa Maria é uma cidade privilegiada no Brasil e gostaria de parabenizar, inclusive, todos os envolvidos, e desejar que todo mundo faça uso dessa incrível ferramenta que a UFSM possui.

Qual a sensação de representar uma instituição como a UFSM em tantas competições, ao longo dos anos?
É muito grandioso. É uma honra, na verdade, fazer parte desse quadro de acadêmicos e futura mestre em uma Universidade tão respeitada a nível nacional. Vivenciar um pouco do esporte junto com a UFSM ajuda, de certa forma, a instigar, a inspirar e a desenvolver programas e atletas. É sensacional. É uma gratidão. A sensação é muito positiva.

Qual você acha que será o maior desafio nos Jogos Pan-Americanos de 2023?
O maior desafio, que também é o meu maior desejo, é subir ao pódio. É uma vontade muito forte, mas eu sei que para isso acontecer eu vou ter que estar correndo muito próximo da minha melhor marca pessoal, senão a minha melhor marca pessoal, no final do ano. Eu já fiz minha melhor marca pessoal em junho de 2023, na Europa, e eu preciso voltar a correr muito próximo para estar no pódio. Esse é o grande desafio. Claro que primeiro tem que passar para a final para depois pensar na medalha, mas enfim. Vou tentar me preparar da melhor forma possível na altitude para chegar bem competitiva e desempenhar bem no Pan-Americano.

Texto: Pedro Pereira, estudante de jornalismo e estagiário da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques e Ricardo Bonfanti, jornalistas

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