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Projeto estuda a Catedral Nossa Senhora da Conceição e outros patrimônios religiosos de Cachoeira do Sul

Além da produção de materiais educativos e de um inventário, foram realizadas atividades com alunos do ensino fundamental



Os patrimônios são peças-chave para compreender a história de nossas cidades e preservar sua memória. Nessa perspectiva, foi criado, em 2022, no campus da UFSM em Cachoeira do Sul, o projeto “Caminhos do Patrimônio Cultural e Religioso de Cachoeira do Sul”, com o objetivo de estudar os bens patrimoniais de caráter religioso existentes no município. A iniciativa, coordenada pela arquiteta e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM-CS, Maria Luiza Zanatta de Souza, já realizou pesquisas sobre diversos edifícios da cidade, entre eles: o Túmulo de Santa Josefa, da Capela Nosso Senhor do Bonfim; o Templo Martim Lutero; a Paróquia Santo Antônio; a Igreja São José; e o Colégio Imaculada Conceição.

No segundo semestre de 2024, a Catedral Nossa Senhora da Conceição foi o objeto especial de estudo do projeto. A partir do mês de outubro daquele ano, foram desenvolvidos um inventário de artefatos religiosos presentes na Igreja, um folder e materiais educativos. Além disso, os participantes realizaram uma visita a uma escola estadual da cidade, e novas ações estão em desenvolvimento. “A ideia era, primeiro, resgatar a importância de um edifício como esse, um dos mais antigos da cidade. Depois, oferecer aos estudantes a oportunidade de lidar com um acervo tão importante para o município. Acho que foi um aprendizado para eles. E agora esse material pode ser apresentado junto à rede de ensino. Eu enxergo esse projeto como o início de várias outras ações”, comenta a coordenadora Maria Luiza.

Abaixo, o folder com informações produzido pelo grupo.

Produção do inventário e pesquisa histórica

A professora explica que o projeto partiu de uma solicitação da Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura (AMICUS), em conjunto com o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico-Cultural (COMPAHC), o Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), o Arquivo Histórico Municipal e a Secretaria de Turismo do Município, com o objetivo de desenvolver um inventário dos artefatos religiosos presentes na Catedral Nossa Senhora da Conceição.

De outubro a dezembro de 2024, foi realizado um levantamento de cerca de 200 objetos sacros, vestimentas, mobiliários, alfaias litúrgicas, imagens, entre outros. Foram tiradas fotos, anotadas medidas, e tudo foi registrado em uma ficha. A docente explica que esse é um primeiro momento de trabalho e que, para o registro de informações mais aprofundadas — como a data de aquisição de cada peça, se passaram por restaurações, entre outros detalhes —, seria necessário mais tempo, o que poderá ser feito posteriormente, em uma segunda etapa do projeto.

A partir desse inventário, será realizada uma mostra de artefatos religiosos, na própria Catedral, com abertura programada para o dia 30 de maio. A Amicus também pretende criar um Museu de Arte Sacra, mas, para isso, ainda é necessário mobilizar recursos para uma reforma da área superior da Igreja, que está inutilizada. A ideia está em fase de planejamento.

Além do inventário, foi realizada uma extensa pesquisa histórica sobre o edifício. A Catedral Nossa Senhora da Conceição está localizada na Travessa da Rua Moron, em frente à Praça Balthazar de Bem, onde também se encontra outra importante construção histórica da cidade: o Château D’Eau. Seus primeiros registros datam de 1769, quando funcionava como uma capela de palha dedicada a São Nicolau, construída por indígenas missioneiros. Em 1779, Cachoeira do Sul foi elevada à categoria de freguesia (menor unidade administrativa de um território), e a capela foi inaugurada como paróquia sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Somente em 1792 teve seu projeto original encomendado ao engenheiro militar português Francisco João Róscio, sendo a igreja inaugurada em 1799. O edifício foi tombado como monumento histórico pelo COMPAHC em 1985.

Arquitetura da Catedral

A Catedral Nossa Senhora da Conceição passou por diversas reformas ao longo do tempo. Dentre as mais significativas, destacam-se as realizadas em 1929 e 1963 — esta última concluída apenas em 1983. A igreja possui uma área de 1.295 m², e seu projeto original seguia o estilo arquitetônico colonial português, caracterizado por um maior detalhamento interno em relação ao externo, planta retangular e fachadas principais com frontões triangulares — elementos decorativos localizados na parte superior das fachadas — e três portais.

Em razão das diversas reformas e modificações ao longo do tempo, a Catedral pode ser considerada um edifício eclético, ou seja, que incorpora influências de diferentes estilos. Sua fachada apresenta detalhes neoclássicos e barrocos, enquanto o interior também conta com elementos clássicos e góticos. Além disso, abriga diversos artefatos sacros, entre eles o Senhor dos Passos, uma imagem de vestir com mais de 150 anos, cabelos humanos e olhos de vidro, que é conduzida anualmente durante a procissão da Sexta-feira Santa.

Cartão postal da cidade com a fachada original da Catedral (Fonte: Arquivo Histórico Municipal).
Remodelação da fachada da Catedral, em 1929 (Fonte: Jornal do Povo).
Fachada atual da Catedral (Fonte: Divulgação Catedral).

Atividades com estudantes do ensino fundamental

Alunos do 4º e 5º ano da Escola Estadual Rio Jacuí durante atividade do projeto.

O projeto também elaborou um pequeno livreto com atividades, no formato de cartilha, e um jogo que narra a história da Catedral. Dessa forma, foi realizada uma atividade com os alunos do 4º e 5º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Rio Jacuí. A professora e alunas bolsistas explicaram o conceito do projeto e desenvolveram as atividades e o jogo com as crianças, com o objetivo de despertar o interesse pelo patrimônio do município.

“Para nossa surpresa, nas turmas em que apresentamos o trabalho, os alunos já conheciam a igreja. Eles ficaram bastante motivados. Os jogos, por meio dos quais pudemos apresentar as informações de forma lúdica, também foram bem recebidos, e as crianças se envolveram”, comenta a coordenadora.

Uma das bolsistas do projeto é Luiza Flores Franco, estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFSM-CS. Ela relata que participou de todas as etapas, que incluíram a pesquisa bibliográfica e documental, o desenvolvimento do inventário e a elaboração de atividades educativas. “O projeto foi muito importante, pois me ensinou a ter um novo olhar sobre a arquitetura, no sentido de valorização e cuidado com edificações e peças antigas que guardam histórias incríveis sobre a nossa cidade e, consequentemente, sobre nós mesmos, visto que o local onde vivemos é uma extensão da nossa vida”, comenta.

Luiza também compartilha que a experiência na escola foi incrível e, ao mesmo tempo, desafiadora. “Fomos muito bem acolhidas pela escola, pelos alunos e professores. Por isso, conseguimos transmitir nossa principal mensagem: o quanto a arquitetura e a história são importantes para o desenvolvimento das cidades e da população. E, por essa razão, precisam ser cuidadas e preservadas para continuarem vivas e relevantes para as futuras gerações”.

A professora coordenadora complementa que realizar ações como essa, em escolas e com os estudantes, é essencial para a preservação da memória. “Precisamos despertar nas crianças e nos jovens o sentimento de pertencimento, para que possam cuidar do patrimônio existente. O conhecimento é o primeiro passo de um longo caminho.”

Para acompanhar o projeto, é possível visitar o site da iniciativa e a perfil no Instagram.

Texto: Giulia Maffi, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Arquivo Maria Luiza Zanatta de Souza.
Design: Daniel Michelon de Carli
Edição: Mariana Henriques, jornalista

 

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