A presença das seriemas na UFSM tem chamado mais atenção do que o normal. Antes, essas aves circulavam pelo campus e se tornavam atrações entre as pessoas, mas recentemente houve relatos de ataques a indivíduos, o que despertou preocupação entre estudantes e servidores.
A primavera marca o período reprodutivo da espécie, quando os animais podem ficar mais territorialistas, especialmente ao defender ninhos e filhotes. No campus, é comum observar quatro seriemas circulando juntas.
Quem são as seriemas?
De acordo com a professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Marilise Mendonça Krügel, as seriemas têm altura média de 70 centímetros, podendo chegar a 90 centímetros de comprimento e pesar até 1,4 quilos. São facilmente reconhecidas pelo bico e pernas vermelhos, pela crista formada por um tufo de penas longas e pelas pestanas marcantes.
Essas aves têm uma dieta variada, que vai de insetos a pequenos vertebrados, como roedores, anfíbios, répteis, e até outras espécies de aves. “Através do aplicativo eFauna, recebemos, em fevereiro deste ano, o registro de um dos filhotes de seriema comendo um filhote de cardeal”, conta Marilise.
As seriemas são aves campestres, mas procuram árvores para dormir empoleiradas. São excelentes corredoras, podendo atingir até 50 km/h. Constroem seus ninhos com gravetos, a alturas que variam desde o chão até 5 metros.
A fêmea geralmente põe dois ovos, que são incubados pelo casal por cerca de 24 a 30 dias. Após duas semanas, os filhotes deixam o ninho e passam a acompanhar os pais, adquirindo a plumagem adulta entre 4 e 5 meses.
Segundo a professora, as seriemas não são naturalmente agressivas. No entanto, as aves podem adotar comportamentos defensivos diante do movimento intenso de pedestres e veículos. “É normal que defendam ninhos e filhotes. O exemplo mais comum de agressividade entre aves que já conhecemos bem é o do quero-quero”, explica.
Atualmente, o campus sede da UFSM já tem o registro de 354 espécies de animais silvestres, entre anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Só de aves, são 246 espécies que vivem no local ou o utilizam como ponto de passagem.
Como a UFSM tem acompanhado a situação
A engenheira sanitarista e ambiental Nicolli Reck, coordenadora de Gestão Ambiental da UFSM, explica que o Setor de Planejamento Ambiental (SPA) realiza o acompanhamento constante da fauna no campus, em conformidade com a licença ambiental emitida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM). Esse trabalho conta com o apoio de professores e pesquisadores, além do aplicativo eFauna UFSM, que permite o registro georreferenciado de avistamentos e ocorrências com a fauna. “Assim que o SPA recebeu os relatos, foi solicitada orientação técnica ao órgão ambiental responsável, reforçando o compromisso institucional com o manejo adequado destes animais”, destaca Nicolli.
Ainda, segundo ela, não há indicação de remoção das seriemas do campus. “São animais de vida livre, saudáveis e legalmente protegidos. Sua retirada poderia gerar prejuízos ao equilíbrio ambiental e à própria sobrevivência dos indivíduos”, afirma.
Orientações de convivência
A universidade prioriza a sensibilização da comunidade acadêmica, ao orientar sobre o convívio seguro com a fauna silvestre. A recomendação é não se aproximar nem alimentar os animais. Além disso, é importante:
- Redobrar a atenção com crianças e animais domésticos;
- Observar sempre de longe;
- Respeitar o espaço da fauna, lembrando que o campus é o habitat de diversas espécies.
Em caso de acidente, o ocorrido deve ser registrado junto ao SPA e, em situações de ferimentos mais graves, é importante procurar atendimento médico. Nicolli reforça que não se deve retaliar os animais, lembrando que se trata de fauna protegida por lei. Um alerta foi publicado pela instituição.
Texto: Isadora Bortolotto, estudante de jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Fotos: Paulo Baraúna, estudante de Desenho Industrial e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias, jornalista