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Além do Caixa Preta: Espaço Rozane Cardoso une história e arte

UFSM conta com o primeiro Caixa Preta do RS, essencial para a formação de artistas e disseminação da arte



foto colorida horizontal de pessoas sentadas em cadeiras no teatro, de frente e dos lados de uma mulher que está em pé
Espaço multiuso oferece diversas possibilidades de organização (Foto: Jessica Mocellin/Arquivo)

O primeiro Teatro Caixa Preta do Rio Grande do Sul está na Universidade Federal de Santa Maria. Por mais que seja conhecido apenas como “Caixa Preta”, esse anfiteatro sem estrutura fixa tem um nome: Espaço Rozane Cardoso. 

Localizado no prédio 40, do Centro de Artes e Letras (CAL), o Caixa Preta foi fundado em 5 de abril de 1988. Dentre os diferentes tipos de formato, o Espaço Rozane Cardoso é um black box (caixa preta) multiuso e que oferece liberdade de organização, o que torna possível mudar a posição da plateia ou do palco, como for necessário.

arte colorida quadrada com explicações sobre o que é um black box, tendo ao centro a ilustração de duas diferentes configurações do teatro vista de cima, e abaixo, uma citação da professora Raquel, com uma foto dela do lado direitoCaixa Preta no mundo

Movimentos de inovação artística tomaram a Europa em 1960. Foi nesse período que o Caixa Preta se popularizou. A principal ideia era eliminar elementos que tirassem o foco do público, do ator e do texto, buscando valorizá-los. “Esse modelo surge na Europa a partir da ocupação de espaços antigos, fábricas e depósitos abandonados, que foram transformados em espaços culturais”, conta a diretora do Teatro Caixa Preta da UFSM, Raquel Guerra. 

Quando popular, o formato foi utilizado em universidades, já que era um modelo barato e flexível, oferecendo diversas possibilidades para os alunos experimentarem, testarem novas organizações e produções artísticas. 

Caixa Preta na UFSM 

Após voltar de sua viagem de mestrado nos Estados Unidos, em 1983, os professores Irion Nolasco e Maria Lúcia Raimundo tiveram a ideia de montar um teatro multiuso na UFSM. A inauguração do espaço, cinco anos depois, foi feita com performances artísticas, que variavam entre peças teatrais e exposição de esculturas. 

A pintura “500 anos da Invasão da América”, desenvolvida pelo artista Juan Amoretti, foi inaugurada em 1992. “O Amoretti conta que na época o Caixa Preto era branco. Diziam que havia muita pichação no mural e o reitor da época pediu para o Departamento de Artes Visuais fazer uma pintura ali”, relata Raquel Guerra.

A diretora também conta que, após a demora da iniciativa, Amoretti decidiu realizar a pintura, mesmo com poucos recursos. “Na época, o mural não tinha cores tão vivas, não porque não era o desejo do artista, mas porque não tinha os materiais”, acrescenta Raquel. 

arte colorida quadrada com uma linha do tempo do Espaço Rozane Cardoso, de 1960 a 2024, descrita de cima para baixo do lado esquerdo, e do lado direito duas imagens antigas do teatroRozane Cardoso 

Quando inaugurado, o espaço passou a ser chamado de Anfiteatro do CAL. Em 1993, após uma campanha publicitária realizada por professores e alunos em busca de outro nome, o local foi denominado Teatro Caixa Preta. Em 2007, após o falecimento da professora Rozane Cardoso, o Caixa Preta passou a se chamar Espaço Rozane Cardoso. 

Rozane Cardoso foi professora no CAL e lutou para que o espaço do Caixa Preta fosse revitalizado. Formada em Artes Cênicas e mestre em Ciência do Movimento Humano pela UFSM, a professora foi pioneira na arte de palhaçaria na Universidade. Com sua identidade de “palhaça da coxilha”, levou sorrisos para muitos lugares. 

Formação dos artistas da UFSM 

“É indiscutível a relevância desse espaço teatral para a nossa formação como pessoas de teatro. Pensar um curso de teatro sem o seu edifício teatral, aqui especificamente num modelo desmontável, é como pensar um curso de música sem os seus instrumentos, as ciências da natureza sem os seus laboratórios. Afinal, nossa prática dentro deste espaço é experimental, ela oferece oportunidade de errar, é pedagógica, pois aprendemos com os erros”, descreve Renata Côrrea em seu Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Mulheres do Teatro Caixa Preta”.

Segundo a professora Raquel, o principal objetivo do espaço é servir de laboratório de estudos, para formação e profissionalização. É nele que os estudantes podem colocar em prática aquilo que aprendem em sala de aula. “Eles podem trabalhar com atuação, cenografia, iluminação, pensar em uma encenação que use outro espaço”, exemplifica.

Além disso, a equipe de bolsistas do Teatro possui formações ainda mais especializadas. Segundo Raquel, eles podem aprender gestão cultural, organização de agenda, fazer contato com os artistas, fazer o mapeamento do palco e produzir a montagem da iluminação para eventos. 

arte colorida quadrada com informações sobre o objetivo do espaço, uma citação da professora Raquel, com foto dela ao lado, e abaixo, foto de bastidores, com grupo de atores em circulo com roupas coloridas

Um Caixa, múltiplas alternativas 

Um Teatro Caixa Preta pode se transformar em diversas configurações. Mudar a posição do palco, ter diferentes modos de distribuir a plateia e até inserir os espectadores no espetáculo são algumas opções dentro dos caixas pretas. 

Existem diversos tipos de anfiteatros que podem ser utilizados de acordo com o espetáculo a ser apresentado. O caixa preta possui a versatilidade de ser um pouco de cada um deles. Uma organização italiana (quando o público fica em frente ao palco), de arena (o público cerca o palco pelos lados), bilateral (o público fica em lados opostos com a cena ao centro) ou em ambiente imersivo (quando o público pode se mover com a encenação), são alguns exemplos de organização do espaço. Essa é a liberdade que o espaço plano, sem objetos e palco fixos, oferece para os artistas e graduandos da UFSM. 

Eventos internos e externos 

“Hoje em dia, o Caixa está a serviço de todo o Centro de Artes e Letras, além de receber eventos de fora”, comenta o atual diretor do CAL, Gil Roberto Costa Negreiros. Quando chegou à direção, em 2022, o espaço estava fechado, o que, segundo ele, deixava as pessoas “agoniadas”. Para abrir o teatro, uma comissão com pessoas de todas as áreas do CAL foi organizada. Então, o espaço teve que passar por pequenas reformas e profundas limpezas para que fosse aberto. “E eu falei: vamos abrir, mesmo com todos os problemas. Porque é igual à nossa casa, se não usar, vai estragar do mesmo jeito”, relembra Gil Roberto.  

A unidade de extensão é administrada pela comissão, responsável por organizar a agenda do Caixa Preta. Para realizar o agendamento, é necessário preencher um formulário, disponível no site do teatro.

O futuro do Espaço Cultural Rozane Cardoso

Há previsão de melhorias do Teatro Caixa Preta. Segundo o diretor do CAL, Gil Roberto, um projeto realizado pela Pró-Reitoria de Infraestrutura visa transformar o espaço, deixando-o mais acessível, mas sem mudar o seu estilo de caixa preta. Ainda não há prazos nem valores definidos. 

Já o mural do Caixa Preta 500 Anos de Invasão da América”, que começou a ser revitalizado em agosto de 2024, foi inaugurado no evento Isso é CAL, em março de 2025. O fruto de Juan Humberto Torres Amoretti continua como marco para o espaço que ajuda a formar artistas. 

Texto: Jessica Mocellin, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Artes gráficas: Daniel Michelon De Carli
Edição: Ricardo Bonfanti

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