
Teve início nesta terça (4) a 1ª edição do InteRSummit, subevento da Jornada Acadêmica integrada (JAI) que irá promover talks (palestras e mesas-redondas) e workshops sobre o tema “Internacionalização em casa” até a quinta-feira (6). O evento é realizado pelo Laboratório de Pesquisa e Ensino de Leitura e Redação (LabLeR), Rede Andifes IsF/Português, Diretoria de Relações Internacionais (DRI) e pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP).
Segundo a coordenadora do evento e co-coordenadora do LabLeR, Roseli Gonçalves do Nascimento, a internacionalização em casa consiste em ações de internacionalização que são desenvolvidas dentro da Universidade, ou seja, diferente das ações de intercâmbio e mobilidade acadêmica, voltadas também para receber estudantes e professores estrangeiros.
“Esse evento surgiu com a ideia de mitigar o desafio da Universidade, que é o da internacionalização, por meio da promoção de um ambiente culturalmente diverso para compartilhamento de pesquisas em línguas adicionais. Queremos criar esse ambiente rico em que as pessoas estejam preparadas para receber estudantes, colegas internacionais, e também poder participar dessas situações”, comenta Roseli.
InteRSummit une ações de internacionalização
As atividades desta semana, porém, não são as únicas que fazem parte da programação do InteRSummit. Com o objetivo de unir as ações de internacionalização promovidas pela Universidade e expandir o tema por meio da participação na JAI, o evento integra os já existentes Simpósio de Intercâmbio Acadêmico (SIA), o EMI Consulting Group, e o Collaborative Online International Learning (COIL).
As atividades do SIA têm programação própria. É dividido em dois subeventos: o Symposium of Academic Exchange (SAE), voltado para alunos não anglófonos do ensino médio, da graduação e da pós-graduação, de qualquer área, que quiserem apresentar trabalhos em inglês, e o Pesquisadores sem Fronteiras (PsF), que é voltado para alunos estrangeiros que quiserem apresentar trabalhos em andamento em português. As apresentações do PsF ocorrem nesta quarta (5), enquanto as apresentações do SAE estão previstas para os dias 24 a 26 de novembro.
Roseli também comenta que é muito importante que o InteRSummit seja realizado como subevento da JAI. “Nós vínhamos trabalhando com o Simpósio de Intercâmbio Acadêmico como um evento satélite [da JAI], mas a nossa ideia é justamente institucionalizar esse evento. Por isso está ocorrendo durante a JAI, que é essa essa semana que nós deixamos um pouquinho de lado as nossas atividades regulares acadêmicas para refletir sobre as pesquisas que vêm acontecendo, discutir mais sobre temas, no caso deste evento, sobre a internacionalização”, explica a coordenadora.

Palestras e workshops promovem trocas com outras universidades
As palestras, mesas-redondas e workshops abordam temáticas dentro de três eixos: políticas linguísticas para a internacionalização universitária; pedagogias bilíngues/translíngues e internacionalização da educação; e EMI e formação de professores para o contexto de internacionalização.
Dentre os objetivos da criação do InteRSummit, estão a oportunização de trocas com outras universidades do país, por meio das palestras e workshops. A primeira edição conta com palestrantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), além dos palestrantes da UFSM e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR).
“Um dos objetivos do evento é enriquecer a discussão, trazendo esses colegas que estudam sobre esses temas, e tendo esse compartilhamento de ideias para pensarmos o que funcionaria para nós na UFSM, nos inspirar com esses colegas. E talvez eles também aprenderem, ou levem as experiências que são bem sucedidas aqui para as suas universidades”, comenta Roseli.
No primeiro dia do evento, a programação contou com a presença de três pesquisadores convidados. O professor da UFES Felipe Guimarães abordou o tema “Políticas linguísticas para internacionalização – dimensões, atores e níveis”.

Já Simone Sarmento e Anamaria Welp são pesquisadoras da UFRGS e também vieram à UFSM para apresentar talks sobre o tema da internacionalização. Anamaria abordou em sua palestra, no primeiro dia, que escolas privadas têm cada vez mais adotado a educação bilíngue, o que não acontece da mesma forma em escolas públicas, onde o número de alunos imigrantes tem aumentado nas últimas décadas.
“É muito importante que se comece também a oferecer o inglês para essas escolas. É uma língua hegemônica, que corre o risco de perpetuar desigualdades e diferenças, mas ao mesmo tempo, nós vamos deixar essas crianças de fora desse movimento? Enquanto as crianças nas escolas privadas têm acesso a um mundo inteiro que se faz em inglês, as crianças da escola pública vão ser privadas disso por não terem tido as mesmas oportunidades”, explica a pesquisadora.
Já Simone, que participa da programação nesta quarta (5), junto com Anamaria, salientou a importância da internacionalização no ensino superior, e observou que as temáticas das palestras de ambas pesquisadoras conversam entre si. “Se os alunos estiverem imersos em um ambiente intercultural dentro da universidade, e não só para aqueles que vão para um intercâmbio fora, mas para todos os alunos, isso pode até ajudar a equalizar esse abismo nesse capital linguístico e cultural. Eu pego bem o gancho dela [Anamaria], que começa na educação básica, e depois vai para a educação superior, mostrando que as nossas políticas tem que ser voltadas para essas pessoas que não podem pagar o ensino privado”, relatou Simone.
Primeira edição é desafio
Além disso, há o interesse em impulsionar a discussão sobre a internacionalização em casa no Rio Grande do Sul. Por isso, o nome do evento destaca a sigla do estado – RS – em maiúsculo.
“Essa primeira edição é um desafio para nós, porque é uma proposta nova. São muitas atividades, às vezes até difícil de, talvez, deixar claro para o público. Justamente por essa riqueza, ele se torna um evento complexo. Mas esperamos dar visibilidade para as ações de internacionalização que são feitas localmente. Tem muitos colegas de diferentes áreas interessados em promover intercâmbio virtual nas suas disciplinas, ou em como usar uma língua adicional como meio de instrução no curso”, declara Roseli.
As talks e os workshops continuam na quarta (5) e quinta-feira (6), no Salão Imembuí, no 2ª andar do prédio da Reitoria. Confira a programação completa.
Texto: Giulia Maffi, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Daniel Michelon De Carli
Edição: Ricardo Bonfanti