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confira os resumos das conferências confirmadas.



REMUMO DA CONFERÊNCIA DE ABERTURA  
A circulação do discurso: o problema da eficácia discursiva 
  
José Luiz Fiorin (USP)Quando se diz que a enunciação é uma instância pressuposta pelo enunciado, pensa-se em seus actantes, o enunciador e o enunciatário. No entanto, como mostra Greimas, esses actantes são concretizados como atores da enunciação, um dado autor e um determinado leitor. Autor e leitor, porém, não são pessoas do mundo, mas entidades semióticas, ou seja, imagens construídas pelo discurso, simulacros do autor e do leitor criados pelo texto. São esses simulacros que determinam todas as escolhas enunciativas, sejam elas conscientes ou inconscientes, que produzem os discursos. Para entender bem o conjunto de opções enunciativas produtoras de um discurso e para compreender sua eficácia é preciso apreender as imagens do enunciador e do enunciatário criadas discursivamente. O enunciador e o enunciatário, entretanto, não se confundem com o narrador e o narratário. Já Aristóteles, na Retórica, mostrava que o orador persuade pelo seu ethos (caráter), quando o discurso é de natureza a tornar o orador digno de fé. O ethos, na concepção aristotélica, não era o caráter real do orador, mas um efeito do discurso. Esse caráter está ligado a um tom e a um corpo, também configurados pelo discurso. Por outro lado, o discurso era eficaz quando o enunciador construía um texto de acordo com o pathos do enunciatário. Este trabalho pretende mostrar os processos enunciativos pelos quais se cria a imagem do enunciador (ethos) no discurso, bem como revelar que as modificações importantes nos discursos dos diferentes campos discursivos implicam uma mudança no ethos do enunciador. Além disso, visa também a mostrar que o pathos do enunciatário funciona como um dos elementos que determina a forma como o discurso é construído. Em seguida, objetiva a mostrar que a eficácia do discurso ocorre, quando o enunciatário incorpora o ethos do enunciador. Essa incorporação pode ser harmônica, quando ethos e pathos ajustam-se perfeitamente, ou complementar, quando o ethos responde a uma carência do pathos. 

REMUMOS DAS PALESTRAS 

Complexidade e aquisição de língua estrangeiraVera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG) Após uma reflexão sobre as principais teorias de aquisição, será apresentada uma proposta de um novo modelo em que a aquisição é vista como um sistema complexo. O pressuposto é que os modelos de aquisição são visões fragmentadas de partes de um mesmo sistema e que, embora seja possível teorizar sobre a existência de alguns padrões gerais de aquisição, cada pessoa tem as suas características individuais, sendo impossível descrever todas as possibilidades desse fenômeno. Há variações biológicas, de inteligência, aptidão, atitude, idade, estilos cognitivos, motivação, personalidade e de fatores afetivos, além das variações do contexto onde ocorrem os processos de aprendizagem ? quantidade/qualidade de input disponível, distância social, tipo e intensidade de feedback, cultura, estereótipos, entre outros. O modelo fractal tenta contemplar todas essas variáveis tendo como suporte teórico a teoria dos sistemas complexo.  

Revistas alternativas urvnas: esquinas culturaisIvete walty (PUC-MG)Tomando como referência Jesús Martín Barbero quando alerta para o fato de que “as condições de desigualdade entre nações, regiões e estados, continuam e inclusive se agravam, mas não podem mais serem pensadas à margem da aparição de redes e alianças que reorganizam e subsumem tanto as estruturas estatais como os regimes políticos e os projetos nacionais” (2001, p.36), investigam-se, neste trabalho, produções culturais que têm seu processo de produção e/ou recepção ligado a espaços urbanos fronteiriços, com especial relevo para a rua como interseção entre o público e o privado, entre os diversos grupos e segmentos sociais, entre diferentes instâncias culturais. É analisado um tipo especial de revista vendida pela população de rua em grandes cidades latino-americanas: Ocas, de São Paulo e Hecho em Buenos Aires, da Argentina, com o estudo de seu processo de enunciação, envolvendo organizações não governamentais (ONGs), intelectuais, artistas e habitantes de rua. Nesse sentido, as próprias revistas são tomadas como um espaço de cruzamentos culturais, em um jogo metonímico com a rua e a cidade.Referências Bibliográficas 
Globalización e  integración desde la perspectiva cultural. (Tradução livre), in: LASARTE, Javier (Coord..). Territorios intelectuales. Caracas: Fondo Editorial La Nava Va, 2001. 

PROPAGANDA Y PUBLICIDAD DE LENGUASRoberto Bein 
Universidade de Buenos AiresEn esta conferencia se analizan los discursos que convocan a aprender lenguas, sobre todo aquellos que propagandizan el aprendizaje de lenguas extranjeras. Nos centraremos en los discursos que hablan de las lenguas, no en aquellos que publicitan las instituciones en las cuales estudiarlas o los materiales destinados a aprenderlas y que suelen perseguir un objetivo comercial inmediato. Partiremos de una clasificación de las propagandas de lenguas según sus finalidades (por ejemplo, promover una lengua o promover el plurilingüismo o el multilingüismo), sus enunciadores (las autoridades educativas, las instituciones privadas, los gobiernos de terceros países), el tipo de lengua que promueven (extranjera, segunda, clásica), los documentos en que se las pueda leer (anuncios, fundamentaciones de planes de estudio, ensayos, etc.) y las instituciones –públicas o privadas– que crean o difunden esa propaganda. Para el análisis propiamente dicho, nuestras hipótesis principales serán las siguientes: 1) estas propagandas reflejan y a la vez promueven representaciones sociolingüísticas; 2) son más agudas cuando tienen que conquistar el “mercado lingüístico” desde una posición de relativa debilidad; 3) si bien hablan de las lenguas reflejan (también) estereotipos sociales. A continuación contrastaremos nuestras hipótesis con ejemplos concretos. Por último, analizaremos y sistematizaremos los conceptos teóricos empleados; entre ellos, los de representación sociolingüística y fetiche lingüístico. 

ESPAÇO DE ENUNCIAÇÃO E A DIVISÃO DAS LÍNGUAS NO BRASILEduardo Guimarães 
DL – IEL / Labeurb / UnicampO Brasil apresenta uma dupla divisão das línguas para seus falantes. De um lado é uma país multilingüe, no sentido mais comum desta palavra, de outro é, como para qualquer língua, um país  em que a língua se divide tanto social quanto espacialmente. Nosso objetivo é analisar o modo como a constituição das políticas de língua no Brasil lida com estas divisões a partir da observação das línguas e suas divisões no espaço de enunciação. Interessa particularmente analisar como o conceito de civilização, ao entrar como um conceito regulador das relações lingüísticas, acaba por produzir efeitos específicos que divide o espaço das línguas e suas diferenças internas a partir de um valor de civilidade culta que se apresenta como oposto ao “primitivo” e “inculto”, e mesmo ao “grosseiro” e “selvagem”. 
REMUMOS DAS MESAS-REDONDAS  
Da anormalidade à beleza:  
leituras sob uma perspectiva não subjetiva da subjetividadeSolange Mittmann (FURG)O que opõe o feio e o belo, o monstro e o normal? Agrado e repulsa empíricos? Verdades incontestáveis? Simbolizações mutáveis? Inicio este questionamento revisando dois trabalhos: o primeiro é o detalhamento realizado por Foucault sobre a monstruosidade (como uma das formas de anormalidade) e suas conseqüências sociais; e o segundo, o estudo de Courtine sobre a construção social dos body-building. Para esta reflexão, tomo por base a contestação de Pêcheux ao uso regulado sobre a verdade, o que, segundo o autor, impede a interpretação. Sigo, então, em busca do processo que gera a interpretação de discursos sobre essas noções, a partir de uma perspectiva não subjetiva da subjetividade, como Pêcheux define a Análise do Discurso.  

Sobre um regime de circulação de sentidosValdir Prigol (UNOCHAPECÓ)Leitura do modo como os dossiês do Mais!, suplemento cultural da Folha de S. Paulo, colocam sentidos em circulação. Esses dossiês são geralmente produzidos a partir de uma comemoração e através do convite a vários intelectuais para que “colaborem”. A princípio teríamos, assim, a diferença em cena. Antes dos textos dos colaboradores, uma voz os apresenta. Mas além de apresentar, essa voz dá um protocolo de leitura para os textos, tirando-os da ambiguidade. Esta comunicação analisará três dossiês, para mostrar o funcionamento e os limites dessa relação “lustral” entre a voz e os colaboradores. 

Do  fio do discurso ao processo discursivo: um estudo sobre a argumentação da mídia no discurso sobre o MST Freda Indursky (UFRGS) 
E-mail: freda@orion.ufrgs.brNo presente trabalho, inscrito no quadro teórico da Análise do Discurso, dou seguimento à investigação do discurso midiático sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. Pretendo examinar o modo como o discurso da mídia brasileira constrói sua argumentação, como se posiciona e com quem se identifica ao assumir determinadas posições relativas às questões sociais e, mais especificamente, à questão da terra no Brasil. Ou seja, busco verificar se há diferentes formação(ões) discursiva(s) atravessando esse discurso e quais as posições-sujeito que aí se representam. Se tomarmos o discurso da mídia em sua linearidade, poderemos constatar uma certa  diversidade de posições-sujeito, que está na origem de uma certa repartição de saberes, embora, mais freqüentemente, esta repartição de saberes não comparece e, em seu lugar, registra-se apenas uma fragmentação da forma-sujeito (Indursky, 2000) que regula tais saberes no interior da FD. Já se tomarmos o discurso da mídia no processo discursivo, essa repartição de saberes cede lugar a uma regularidade que pode ser interpretada como a construção de um efeito de monofonia, que busca reduzir a já escassa diversidade aí existente à hegemonia de uma só voz: aquela que defende a propriedade privada, ficando a voz do outro (o Sem Terra) bastante diminuída. Esse trabalho permitirá verificar como se dá a circulação de saberes sobre a questão agrária na mídia brasileira, ou seja, mostrará como a mídia constrói seu processo de argumentação, responsável pela produção do efeito de construção da opinião pública sobre a questão da terra no Brasil . 
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