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TERAPIA OCUPACIONAL NA COMUNIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA DO COVID-19

TERAPIA OCUPACIONAL NA COMUNIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA DO COVID-19

Extensao Em Atividade

Infraestrutura

Objetivo geral
Possibilitar reflexões teóricas e práticas no contexto do cuidado territorial e comunitário para a formação de terapeutas ocupacionais.
Objetivos específicos 
Aprofundar o conhecimento a respeito do cuidado territorial e comunitário e o fazer do terapeuta ocupacional;
• Facilitar a compreensão da Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC) como estratégia de cuidado utilizada pelos terapeutas ocupacionais em contextos comunitários e territoriais;
• Refletir sobre o processo formativo do profissional para atuação em contextos territoriais e comunitários frente às pessoas em vulnerabilidade social;
• Elaborar ações virtuais de enfrentamento a Pandemia do COVID- 19 e apoio aos profissionais e usuários da COHAB Fernando Ferrari;
• Realizar Plano de Ação para a Fase de recuperação pós pandemia COVID-19 e impactos para as ações dos profissionais inseridos nesse contexto de cuidado.
Justificativa
Em nossas ações técnicas e docentes, vinculadas ao ensino, pesquisa e extensão, temos realizado projetos vinculados ao cuidado em saúde na perspectiva territorial e comunitária. O lócus de nossa intervenção está centrado no território e comunidade inseridos na Cohab Fernando Ferrari, localizado no Município de Santa Maria. Nesse bairro, temos a UBS Walter Aita, uma unidade básica de saúde, vinculada a rede de atenção primária do município como centro de nossas intervenções. Desde 2014, o curso de Terapia Ocupacional da UFSM, desenvolve ações nessa comunidade, visando o Desenvolvimento Comunitário Inclusivo, a Reabilitação Baseada na Comunidade e a Reabilitação Psicossocial de pessoas com deficiência e pessoas com sofrimento psíquico. Essas estratégias permitem envolver a comunidade em mudanças sociais, ampliar vínculos, além de redes de solidariedade e suporte social para essas pessoas. Buscando introduzir como delineamos nossa perspectiva de cuidado nesse contexto, apresentaremos a seguir algumas considerações sobre as ações territoriais e comunitárias. Nos cenários de prática no campo da saúde, o termo“ Território”, é empregado freqüentemente para designar a área sob responsabilidade de serviços e profissionais. Entretanto, esse termo apresenta-se em diversas especificidades dentro de muitos contextos: A geografia coloca luz à materialidade do território em suas múltiplas dimensões; a ciência política o compreende por meio das relações de poder; a economia considera o território como uma das bases do modo de produção. Já a antropologia, por sua vez, destaca a dimensão simbólica presente na abordagem territorial; a sociologia focaliza as relações sociais; e a psicologia propõe uma interlocução com a escala do indivíduo e inclui o território na construção da subjetividade e da identidade pessoal ( BIANCHI, 2019). Neste projeto, buscamos compreender o território como apresenta Bianchi (2019) sendo este contexto que abriga populações com determinadas características, e pré-determina um cotidiano comum, uma instância que sofre influências das estruturas macrossociais e influência nas vidas e na dinâmica dos serviços e profissionais que ali trabalham. No território, vidas das pessoas se tecem cotidianamente, nessa perspectiva, o terapeuta ocupacional, conforme discutem Malfitano, Cruz e Lopes (2020), trabalham com os cotidianos dos sujeitos, e só se concretiza na luta pela vida possível para todos, em todas as potências e diferenças que lhes dão significado e fazem diminuir as desigualdades sociais. Nessa perspectiva, a atuação territorial do profissional, implica uma atuação com a comunidade, em comunidade. Segundo Bianchi (2019) a comunidade é o lugar do aconchego, da confiança e da segurança. Essa autora, cita Montero (2004), ao estabelecer que comunidade é o “nós que tem vida própria e na qual convive a pluralidade de vida desses membros”. Para esses autores, a comunidade se caracteriza por um grupo social histórico em constante transformação e evolução, interligado por um sentido de pertencimento e identidade social, com interesses, necessidades, reflexo de uma cultura preexistente, na qual se desenvolve formas de inter-relação marcadas pela ação, afetividade, conhecimento e informação. De acordo com Bianchi (2009), território e comunidade não foram palavras que estiveram presentes no início do processo formativo ou que compuseram as primeiras ações práticas da terapia ocupacional nos país latino-americanos. Entretanto, considerando esse contexto, podemos encontrar na literatura que terapeutas ocupacionais no Brasil e especialmente da América Latina têm atuado a partir das proposições da Reabilitação Baseada na Comunidade (Córdoba, 2014) . No Brasil, de acordo com Caldeira (2009) a RBC encontrou na Atenção Primária a Saúde (APS) lócus prioritário para desenvolver suas estratégias, inclusive através de algumas orientações normativas do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas à população com deficiência como aquelas que foram direcionadas aos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF) chegaram citar a RBC em seus documentos, porém de forma restrita. No entanto, ainda que as políticas citem a RBC estas restringem sua proposta ao incentivar apenas a valorização do potencial do trabalho na comunidade que, sem um contexto maior da proposta de RBC pode vir a ser interpretado como responsabilidade da comunidade pelo sucesso ou não dos processos de reabilitação e inclusão. Corroborando com essa discussão amplia-se os recentes retrocessos nas políticas sociais, especialmente no âmbito da saúde com a extinção dos NASFs. Assim, consideramos que as estratégias da RBC, possibilitam ampliação das discussões dos processos formativos dos terapeutas ocupacionais inseridos nos contextos comunitários e territoriais, propomos que essas discussões possam ser retomadas e ampliadas no processo formativo de terapeutas ocupacionais crítico e reflexivos. O cuidado atual em terapia ocupacional no contexto da APS, na perspectiva territorial e comunitária, desenvolve-se a partir de vínculos e aproximações com os cotidianos dessas pessoas. Portanto, para que essas intervenções estejam adequadas às necessidades e modos de vida dessas pessoas, faz-se necessário, que os profissionais do cuidado, iniciem a partir do reconhecimento das reais necessidades impressas nesses contextos e ainda dos saberes pessoais/comunitários dessas pessoas. “Nessa direção, soma-se os saberes ‘técnicos” do cuidado aos saberes instituídos no território e na comunidade, para o fortalecimento dos coletivos e dos lugares. Entretanto, a Pandemia do Covid-19, chegou desconstruindo ações realizadas e despertando a necessidade de novas reflexões e intervenções dos terapeutas ocupacionais que atuam nesses contextos. Levando consideração esse novo cenário mundial, as atividades presenciais da Universidade Federal de Santa Maria foram suspensas impossibilitando a continuidade das ações presenciais no território em questão. Dessa forma, o projeto de ensino, possibilita a manutenção do vínculo entre estagiários, docente, preceptor e residentes, além de reflexões sobre as estratégias de cuidado necessária frente a pandemia e posteriormente a ela no cenário comunitário e territorial.
Resultados esperados
Esperamos que o projeto possa contribuir com a preparação dos discentes ao retornarem às atividades presenciais do estágio supervisionado, com aprofundamento da discussão teórica e reflexiva do campo em questão e sobre o cenário atual da pandemia do Covid-19. Com a execução do trabalho espera-se registrar e compartilhar as experiências discutidas durante a pandemia com a formação de terapeutas ocupacionais que atuam em contextos territoriais e comunitários. Os resultados e experiências relatadas poderão ainda, auxiliar na compreensão dos processos e limitações do ensino de ações territoriais e comunitárias através de conteúdos digitais.