COORDENADORA: PROFª DRª VIRGINIA SUSANA VECCHIOLI
Este projeto visa a articular as ações da Universidade de Santa Maria com as demandas expressadas pela sociedade local a respeito da importância de manter viva a memória dos jovens que morreram durante a tragédia da boate Kiss em 2013. A comunidade de Santa Maria tem se mostrado particularmente ativa nas movimentações que tiveram como propósito a exigência de justiça. Desde o momento da tragédia, realizaram-se caminhadas, minutos de barulho, vigílias, cerimonias, convocatórias a abaixo-assinados e foi criado um memorial virtual. Perante a nova demanda de criação de um memorial permanente em homenagem às vítimas, as equipes técnicas da UFSM podem ter uma participação chave neste processo, em particular implementando estratégias participativas visando à participação de todas as partes envolvidas nesta tragédia. Este projeto se insere em duas áreas consideradas prioritárias pela UFSM: cultura e direitos humanos e justiça, procurando criar articulações entre o movimento de parentes das vítimas e sobreviventes, o Estado, as associações não governamentais e a Universidade. Este projeto consiste em uma prestação de serviços à comunidade e se justifica não só pela dimensão da tragédia, mas também pela quantidade de vítimas que eram, ao mesmo tempo, estudantes da UFSM. Este projeto reformula uma iniciativa semelhante desenvolvida por mim na Argentina entre os anos 2010 e 2011 e relativa à criação de um memorial onde funcionou o Ex Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio “Campo de Mayo”, localizado na periferia da cidade de Buenos Aires, a 500 m da Universidade Nacional de General Sarmiento e por onde ficaram detentos e desapareceram mais de cinco mil pessoas durante a ultima ditadura militar . Mesmo que desde o ano 2007 tinham-se criado diversos projetos memoriais, a falta de consenso entre lideranças das associações de direitos humanos, parentes e sobreviventes, e as agencias do Estado com ingerência no assunto, impossibilitavam avançar com a iniciativa. O caráter de prova judicial do local onde funcionaram os quatro centros clandestinos da guarnição militar também impossibilita uma intervenção no local no curto prazo, até que os processos judiciais sejam concluídos. Esta experiência revelou claramente como a intervenção da Universidade, um espaço considerado pelas partes como mais independente dos interesses de cada parte e com propostas de trabalho participativas e fundadas em diversos conhecimentos expertos, permitiu construir logo de um ano inteiro de trabalho conjunto, uma iniciativa que conta com a aceitação de todas as partes e que se traduziu em um projeto de lei que esta pronta a ser aprovado no parlamento nacional. Levando em conta os conflitos e tensões que atravessam em Santa Maria as partes envolvidas na tragédia, as distintas iniciativas apresentadas para a criação de um memorial (uma praça pública aberta, um local fechado, um centro cultural, etc.) e o fato do local ser ainda prova judicial, considero que a proposta que teve tanto sucesso na Argentina terá também um resultado positivo aqui em Santa Maria.
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