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No coração da sala de aula: prof. Ana Laura Felkl é destaque no ensino do CT

Conheça a trajetória da docente certificada nas últimas quatro edições da Avaliação de Ensino-Aprendizagem



De sala em sala, a cada nova turma, Ana Laura Felkl foi construindo sua história. Com olhar atento aos alunos e paixão pelo que faz, a docente do Departamento de Expressão Gráfica transformou a sala de aula em espaço de troca e aprendizado genuíno. O reconhecimento veio em sequência: quatro certificações consecutivas como destaque na Avaliação de Ensino-Aprendizagem do CT.

A avaliação, realizada a cada semestre, coleta a opinião dos estudantes sobre as disciplinas e o desempenho dos docentes do semestre anterior. As perguntas permitem diferenciar a avaliação do ensino docente das características da disciplina em si. O servidor Jefferson Menezes, presidente da Comissão Setorial de Avaliação do CT, afirma que antes os resultados ficavam isolados e sem divulgação. Para ele, destacar professores bem avaliados no ensino é reconhecer um perfil que, junto às atividades de pesquisa e extensão, é essencial para a universidade. 

O fato da docente Ana Laura Felkl aparecer quatro vezes seguidas entre os mais bem avaliados surpreende e inspira. “É gratificante ver esse reconhecimento acontecer na carreira dela”, afirma Jefferson, que vê nessa valorização um incentivo para que outros docentes compartilhem práticas pedagógicas que fortaleçam a qualidade do ensino no CT.

Confira a seguir a entrevista com a professora Ana Laura Felkl na íntegra:

Eu sou Ana Laura, eu sou engenheira civil de formação. Hoje não trabalho diretamente só com engenharia civil, pelo contrário. Está bem diversificada a minha área de atuação. A minha área de pós-graduação também é engenharia civil, mas acabou que a vida me levou por outros caminhos. Hoje eu trabalho com engenharia mecânica, com desenho técnico-mecânico, eu trabalho com engenharia civil em modelamento tridimensional, na parte de software. E como vocês estão vendo [aponta para o teclado], eu tenho alguma coisa um pouco diferente para um engenheiro: eu dou aula de música para engenharia acústica, já há alguns anos, desde que o curso foi criado.

Hoje eu sou a professora mais antiga no curso de Engenharia Acústica. Eu tenho, dentro da universidade, 29 anos de docência. Comecei quando eu tinha 25, quer dizer, comecei muito cedo, numa época em que a gente entrava sem mestrado, sem doutorado, e a gente ia fazendo a pós-graduação depois. Então, entrei para o Departamento de Expressão Gráfica, que era para trabalhar na área de desenho técnico e geometria descritiva. E dentro do Departamento de Expressão Gráfica, eu acabei entrando na questão de software, de desenho digital, de AutoCAD, que eu já trabalho há quase 30 anos. Hoje eu trabalho com Revit, que é o que eu trabalho com Engenharia Civil, com modelamento tridimensional. E como eu disse, trabalho com Engenharia Mecânica, em desenho mecânico, tanto que atrás de mim vocês vão enxergar umas engrenagens, algumas coisas ali no chão, um pouco diferentes. E trabalho com música para engenharia acústica, porque eu tenho formação em piano. Então eu sou engenheira, mas antes de ser engenheira eu sou pianista. Porque comecei a estudar isso quando criança ainda. Então vocês estão enxergando uma pessoa um pouco estranha, vamos dizer assim. É, eu brinco que, se Leonardo da Vinci podia, por que eu não posso? Tanto que eu tenho uma peculiaridade, eu até hoje não fiz doutorado. Eu sou mestre, mas não sou doutora. Não tenho muita paciência para fazer.

O que te motivou a ser professora universitária?

Difícil dizer. A princípio eu queria ser calculista. Eu sou de formação engenheira civil, fiz estágio em escritório de cálculo estrutural, queria ser calculista. Mas surgiu uma oportunidade de concurso aqui no Departamento de Expressão Gráfica. E é interessante, meu pai era professor aqui no Departamento de Expressão Gráfica. E ele não me avisou que o concurso ia acontecer.

Ele disse assim, “nunca imaginei que tu queria, que tu ia te interessar”. E eu vi no jornal. Na época a gente lia jornal do papel, né? Eu li no jornal e resolvi fazer. E foi interessante. À medida que eu fiquei aqui dentro, uma primeira ideia, eu pensava assim, ah, eu vou ficar um tempo, vou me estabelecer, até que eu possa abrir um escritório de engenharia. Então eu pensei assim, eu vou ficar um tempo, vou me estabelecer, e …, nunca mais eu quis sair. Isso aqui é minha casa, gente! Talvez por isso que eu encontre eco com os alunos, porque eu gosto disso. Eu me sinto bem dentro de uma sala de aula, eu me sinto bem com pessoas, me comunicando com pessoas. E eu acho que é por aí a ideia. No dia em que eu entrei dentro de uma sala de aula, nunca mais eu quis sair.

Você se formou em Engenharia Civil, mas hoje atua com disciplinas voltadas ao desenho técnico mecânico. Quais foram os caminhos que te trouxeram até aqui?

Primeiro, eu fiz um ano de Engenharia Mecânica. Então, o primeiro desenho que eu aprendi tinha um pouco mais a ver com o desenho mecânico do que desenho civil, do que desenho de engenharia civil, ou desenho de arquitetura. Mas na época em que eu entrei na faculdade,

a engenharia mecânica, ela estava muito mal em termos de mercado de trabalho. E eu sabia que eu não ia fazer Engenharia Mecânica porque eu tinha receio do mercado de trabalho. E vejam bem, isso foi em 1988. Em 1988, vocês imaginem como era uma mulher para uma mulher, dentro de uma indústria mecânica. Se hoje ainda tem dificuldades, imagina mais de 35 anos atrás.

E aí eu resolvi que eu ia fazer Engenharia Civil porque eu podia ser uma profissional autônoma, podia ter meu próprio escritório, que era a minha ideia inicial. Mas assim, eu sempre tive um pezinho junto com a engenharia mecânica. Meu pai era engenheiro mecânico, eu cresci vendo esse tipo de coisa. Então, meu pai dava disciplina de desenho mecânico, essa disciplina que eu trabalho hoje foi criada por ele. Uma reforma curricular ainda no final dos anos, não, na metade dos anos 90, acredito eu. E é uma disciplina muito importante para o engenheiro mecânico. E aí, quando meu pai se aposentou, nós tivemos dois professores substitutos em sequência, eu já trabalhava aqui nessa época. E de repente o segundo professor não quis mais, saiu antes do que seria o final do contrato. E eu comentando aí com meu pai, o pai disse pra mim assim: “pega pra ti”. Ele só disse isso, pega pra ti. Mas eu não sou engenheiro mecânico, eu não tenho essa formação… “Não esquece que tu fez desenho mecânico na faculdade, não esquece que eu tô aqui”. Aproveita e pega que eu ainda posso te dar suporte. Isso foi em 2002. E eu nunca mais larguei. Hoje é uma das minhas disciplinas prediletas, né? E aí eu acabei me especializando nessa questão da mecânica, ele me ensinou muito, hoje ele é falecido, mas acabou que eu enveredei para esse lado, porque já tinha um pouquinho de gosto também pela área, né?

Como foi, para você, a experiência de ser mulher durante a sua trajetória na engenharia e, depois, como professora no centro de tecnologia, que é majoritariamente masculino?

Com certeza é difícil, mas já foi mais. Já foi mais. Quando eu entrei na faculdade, quando eu entrei na Engenharia Mecânica, foi em Passo Fundo [UPF], nós morávamos em Passo Fundo nessa época e eu não tinha como vir pra Santa Maria para fazer Engenharia Civil naquele momento e Passo Fundo não tinha Engenharia Civil. Por isso que eu iniciei em Mecânica, pensando em depois passar pra Civil. Então o que acontece, nós éramos 60 alunos, 4 mulheres em 60. Mas foi interessante assim, embora isso fosse outra época, fosse em 1988, eu nunca senti preconceito. Eu acho que os meninos me viam como alguém do meio deles também. Não sei porquê, talvez porque eu tinha muita facilidade para área de engenharia, então eles conversavam comigo, a gente fazia as coisas juntos, trabalhos em grupo e tudo, mas parece que eles também me encaravam como mulher, era como alguém do grupo, entende? Então eu nunca senti preconceito, mesmo aqui dentro também não. 

Eu tô acostumada a trabalhar com turmas predominantemente masculinas, as turmas de engenharia mecânica. Hoje a gente encontra uma, duas meninas na turma, mas já houve época que eram só meninos, e realmente nunca tive problemas. Não sei se porque eu também não me sinto constrangida, sabe? Eu entro e me sinto bem no ambiente, e bom, estamos aqui, né? A gente precisa, talvez… Nós fizemos no ano passado um evento com o pessoal que trabalha com o Café com Diversidade, nós falamos exatamente isso, a professora Débora e eu sobre a questão da mulher no meio masculino. Eu tive alguns problemas quando eu trabalhei como engenheira civil, logo depois de formada, ainda antes de estar em definitivo aqui na universidade. Ali eu tive problemas, dentro da obra eu tive alguns problemas, mas aqui dentro da universidade nunca.

Quem inspira a sua docência?

Eu acho que eu me inspiro em várias pessoas. Minha mãe é professora aposentada, meu pai é engenheiro mecânico, mas também exerceu por muito tempo a docência, embora tenha trabalhado na indústria por muito tempo, e eu acho que eu também me inspiro muito naqueles professores que eu tive durante a faculdade, que eu gostava muito. Quando eu comecei a dar aula, eu pensava assim, ah, professor fulano fazia isso, eu gostava, eu gostava, eu vou fazer também. O professor fulano fazia tal coisa, eu detestava, então isso eu não vou fazer. Sabe? Foi mais ou menos assim, eu lembrava de quem tinha sido na minha ótica um bom professor, e eu tentava seguir mais ou menos aqueles passos. Então eu tive vários professores que me inspiraram nesse meio tempo todo, embora, como eu te disse, eu tivesse os exemplos dentro de casa também. Eu nunca fui aluna do meu pai, mas fui aluna da minha mãe no colégio.

Dar aula em um curso tão técnico exige cobrança, mas também sensibilidade. Como você equilibra esses dois aspectos?

Eu acho que primeiro pra eu cobrar eu preciso dar. Então, eu procuro fazer o melhor de mim na questão de proporcionar pros alunos os subsídios que eles precisam. Hoje, os meus alunos de todas as disciplinas dispõem de polígrafo, escrito por mim, dispõem de slides e dispõem de vídeos. Então, um aluno que falte uma aula, ele vai ter lá no Moodle a aula em vídeo pra ele assistir, se for o caso. Ele vai ter um polígrafo que ele pode acompanhar. Vai ter exercícios que estão sempre postos no Moodle com os gabaritos, com as resoluções em vídeo, que foi uma herança da pandemia, né? Que aí a gente teve que aprender a trabalhar com vídeo e fazer essas coisas. Como eu já tinha muitos slides na pandemia, pra mim ficou uma coisa muito fácil, porque eu comecei a trabalhar com um software que gravava a minha área de trabalho no computador, gravava a minha narração. Se eu quisesse, ele podia me filmar e colocar num cantinho. E aí eu comecei a fazer vídeos com todos os meus slides. E depois que a pandemia acabou, tem vídeos que eu continuo utilizando em alguns assuntos onde as coisas não mudam com tanta facilidade, e eu acabei fazendo muitos outros para manter um acervo. 

Então eu acho que primeiro a gente precisa dotar o aluno de ferramentas, que era uma coisa que a gente tinha uma certa dificuldade na minha época de estudante. Veja bem, não existia internet. A gente trabalhava somente com livros da biblioteca, ou com subsídio que os professores davam pra gente. E a maior parte dos professores ia pra sala de aula com um giz e não tinha o subsídio escrito, não tinha o material escrito. E eu decidi que eu precisava ter todos esses materiais, precisava material escrito, precisava slides, precisava exercícios. E eu acho que à medida que a gente proporciona as ferramentas, a gente pode cobrar. Então eu acho que a sensibilidade tá aí… Em não cobrar em cima daquilo que tu não proporcionou, mas sim fazer algo que é coerente com aquele desenvolvimento que a gente faz em sala de aula. Então eu não vou fazer uma prova fácil, mas eu vou fazer uma prova dentro daquilo que a gente trabalhou. E eu não escondo as provas dos meus alunos, sabe? Eu entrego tudo, devolvo tudo – tem professores que até hoje não devolvem, mas eu devolvo tudo. E quando o pessoal me fala, ah, o que vai cair na prova? Eu digo, bom, vocês vão ver a prova do semestre anterior. Acabei de vir de uma aula e distribuir a prova do semestre anterior dessa disciplina para eles, porque nós temos prova semana que vem. Eu não escondo, aí é que tá. Não vou fazer provas iguais, não, de jeito nenhum. Mas eles sabem mais ou menos o que esperar nesse sentido. Então eu acho que à medida que a gente dá subsídio, a gente pode cobrar. Não precisa cobrar pouco. Tem que cobrar dentro do necessário para que eles saiam bons profissionais. Eu tô formando engenheiros, né, pessoas que vão ter responsabilidade, responsabilidade civil, responsabilidade inclusive criminal, no caso de uma estrutura que venha a sofrer um colapso, venha machucar alguém. Então a gente sabe de tudo isso, né? Então tem que tentar formar da melhor maneira possível essa ideia.

Acredito que você já tenha visto vários tipos de estudantes. Como você vê o perfil destes estudantes e como adapta as aulas a eles?

A gente precisa… Dependendo… Eu às vezes tenho a mesma disciplina para cursos diferentes. Dependendo do curso, eu tenho que adaptar um pouco a forma de trabalhar a mesma disciplina. Porque eu tenho alunos que já têm mais uma familiaridade com aquele assunto, outros já não têm tanta familiaridade. E a gente precisa observar, precisa olhar pros alunos, precisa entender como eles estão. 

Eu não gosto de turma quieta. Porque uma turma quieta eu não sei o que pensa. Eu não sei se eles estão prestando atenção, se eles estão entendendo tudo, se eles não estão entendendo absolutamente nada. Então eu gosto de turma que fale, de turma que pergunte e eu procuro impulsionar o aluno para isso. Deixar um espaço que seja tranquilo, que não seja hostil, que ele possa chegar a perguntar. Nenhuma pergunta é boba. Eu tenho que pensar nisso, eu não posso rir do meu aluno se ele me faz uma pergunta que eu acho que ele não deveria fazer. Porque ele não tem culpa se ele não sabe. Então eu preciso proporcionar essa formação. Porque tem coisas assim que realmente a criança não vai nascer sabendo. Nem todo mundo é filho de um engenheiro que se acostumou com aquilo ali durante a infância, a adolescência e já de certa forma conhece os termos, está acostumado a ouvir. Mas muitos não são assim. 

Então acho que a gente tem os mais diversos perfis. Eu tenho desde alunos que chegam aqui e que sabem exatamente que eles querem ser engenheiros, que eles têm aquilo voltado já desde criança, gente que já fez curso técnico, que sabe o que esperar… Assim como eu tenho alunos que estão aqui porque querem fazer um curso superior. Mas não têm noção do que é engenharia. Esses dias eu tive uma pergunta estranha. Eu tive um aluno que me perguntou o que era um cordão de solda! É difícil… a gente dando simbologia de solda… É difícil o aluno perguntar o que é um cordão de solda. Porque os alunos da engenharia mecânica de modo geral têm essa familiaridade. Sabe o que é uma peça soldada? E eu tive que parar um pouquinho eu preciso explicar pra essa criatura e não posso deixar ele ficar achando que ele tinha que saber. 

Então eu acho que é isso. A gente tem que entender os mais diversos alunos que a gente tem. A gente tem que tentar impulsionar aqueles que estão ali só porque querem um título e que de repente querem fazer um concurso público. Já me aconteceu esse tipo de coisa. O aluno dizia pra mim: “ah, professora, mas eu não estou interessada nisso, eu só quero o título porque eu vou fazer concurso público”. Tudo bem, tu só queres o título, mas não te esqueces que pra ti chegar no título tu precisas passar por isso aqui. Se tu precisas passar por isso aqui não sou eu que vou te dar nota e dizer que tu estás passado. Tu tens que me mostrar que tu sabes. Já tive esse tipo de conversa. Então, assim, eu acho muito tranquilo conversar com os alunos e deixar claras coisas. Não brigo com aluno. Não levanto a voz. Se eu tiver que dizer alguma coisa que eles não vão gostar, eu vou dizer assim como eu estou falando contigo, sorrindo. Porque não sou a mãe deles. Não sou professora de colégio. Eu estou trabalhando com adultos. Eu sempre ponho isso na minha cabeça. Eu estou trabalhando com adultos. Embora eles sejam atualmente um pouco mais imaturos do que eram alguns anos atrás.

Estar entre os nomes mais bem avaliados por quatro semestres seguidos é algo raro. Como você recebe esse reconhecimento dos estudantes e por quais motivos acha que eles avaliam tão bem?

Eu acho que é um conjunto de fatores. Primeiro que eu fico muito contente, porque significa que eu estou fazendo alguma coisa correta. Mas assim, como eu te disse, eu não tenho formação didática, eu sou engenheira. Eu nunca estudei metodologia de ensino. Eu nunca estudei didática. 

O que eu trabalho é sempre me colocando no lugar do aluno e pensando se eu fosse aluno, como é que eu gostaria de receber esse conteúdo? E mais um detalhe, vamos supor que eu esteja estudando conteúdo novo. Eu estou agora trabalhando com uma disciplina nova, uma disciplina, uma DCG de Revit, que é o modelamento tridimensional de edificações, que eu criei no final do ano por necessidade, porque a gente precisava. É a minha primeira turma, é a primeira vez que eu estou dando essa disciplina. Vocês não imaginam como eu tenho estudado, tenho praticado o software, porque eu preciso chegar na sala de aula e eu preciso responder. Então, eu preciso primeiro me convencer. Depois que eu me convenço, eu consigo passar para o meu aluno. Quando eu entendi, está no ponto. Então eu tenho muito isso, eu não vou dar uma aula de alguma coisa que eu não domine. Eu preciso dominar o assunto para mim, eu me sinto bem assim. Não adianta ter mil e um slides. Não, quando a gente está dando aula de um software, por exemplo, AutoCAD, Revit, não tem slide. É eu e o software. 

Então, eu acho que isso tem muito a ver, essa questão da avaliação com todo esse conjunto de fatores. Eu dou subsídio para os meus alunos, eu converso com os meus alunos, eu tento me colocar no lugar deles e usar da empatia. E eu acho que isso vem funcionando. São 29 anos. Já não é uma trajetória tão curtinha. E eu acho que vem funcionando. A primeira vez que eu tive um reconhecimento foi no meu segundo ou terceiro semestre dando aula, eu dava aula para o curso de matemática. A gente aqui no departamento atendia o curso de matemática com geometria descritiva. Dei um bom tempo aula na matemática noturno, vinha à noite, os mais novos fazem essas coisas, carregam o piano. Aí eu me lembro que foi acho que a terceira, a segunda ou terceira turma de matemática que eu peguei, no final do semestre eles vieram me trazer flores. Foi assim uma coisa tão fora do que a gente nunca imagina. Foi a primeira vez que eu tive um reconhecimento assim. 

Tive muitas vezes de alunos trazendo feedback e tudo mais. Mas essa questão da avaliação, acho que realmente agora, nesses últimos 4 anos que ela vem sendo computada. Então, eu sempre tive uma boa avaliação se for consultar, porque a avaliação é feita há muito tempo, mas nunca soube como eram os outros, também não fico procurando. Então, eu acho que é um conjunto de fatores na verdade. Eu acho que a questão da disponibilidade, a questão da empatia, a questão de subsidiar o aluno com material suficiente. E vai por aí, sabe? São muitos fatores dentro. A própria experiência que a gente vai acumulando te faz entrar numa sala de aula e te sentir no teu elemento. Eu entro numa sala de aula, eu estou no meu elemento. Eu converso com os meus alunos, como a gente está conversando aqui, sem o menor tipo de problema, sem o menor tipo de dificuldade. Eu acho que é por aí. Acho que não tem muito o que explicar, sabe? Para mim é uma coisa simples, é natural.

Esses reconhecimentos mudam algo em sua forma de lecionar?

Eu acho que reforçam a minha forma de lecionar. Eu acho que servem para dizer que eu estou num bom caminho. E vou te ser sincera, me dá mais motivação. Se não tivesse mudado a lei em 2019… Em março do ano que vem eu completo 30 anos de universidade. Na lei antiga, a mulher com 30 anos e no mínimo 55 da idade poderia se aposentar. Eu faço 55 no mês que vem. E faço 30 anos [de universidade] em março do ano que vem. Então, em março do ano que vem… Hoje eu já não posso mais me aposentar porque a lei mudou. Eu já estou fora da idade mínima. Mas vocês sabem que de certa forma eu estou aliviada com isso? Porque eu acho que eu ia ficar num dilema muito grande quando chegasse [a hora]. Será que eu me aposento? Será que eu não me aposento? Eu não ia querer. Eu gosto tanto desse negócio que isso aqui é uma coisa tão prazerosa. É minha casa. Eu sou cria desta universidade também. Então, é muito… É muito difícil para mim estar longe daqui. Esse ano eu tirei 45 dias de férias porque eu estava bem cansada. Quando chegou assim nos últimos 10, 20 dias, eu não estava mais. Eu precisava voltar, sabe? Aí eu comecei a preparar a aula, arrumar a coisa, deixar tudo pronto para o início do semestre porque não dava mais. Então é por aí. Eu acho que é gostar do que se faz. E cada vez que a gente vê um reconhecimento desses, você sente que está no caminho e procura se manter cada vez mais nesse caminho. Não vamos relaxar agora.

Que conselho você daria para alguém que ainda está tentando encontrar sua identidade como docente?

Eu acho que primeiro tem que saber se a pessoa gosta daquele meio. A Universidade, ela se foca em pesquisa, ensino, extensão e gestão. Hoje a gente já fala dessas quatro coisas. Eu fui gestora, fui por muito tempo chefe de departamento. Eu trabalhei com extensão algumas vezes, mas é dentro da sala de aula que eu me encontro. Eu acho que cada um tem que encontrar aquilo que se sente mais apto, se sente melhor e dar ênfase para aquilo ali. Eu disse para vocês, eu não fiz doutorado. Devia fazer, devia… ia acrescentar um bom valor no meu salário. Mas o doutorado não vai mudar para mim a minha relação com os alunos de graduação. Talvez me dê oportunidade de trabalhar na pós-graduação. Mas eu me sinto tão bem, tão realizada dentro da graduação, pegando aquela gurizada que está saindo do colégio e que está numa fase supersensível da formação, que tu precisa fazer um monte de coisa, tu precisa informar, tu precisa conversar, tu precisa… Às vezes as coisas mais simples do mundo têm que ver o que é uma engrenagem, o que é um parafuso esquerdo, direito, são coisas simples. Um aluno de pós graduação não precisa nada disso mais. Então eu me realizo muito com essa faixa etária ali dos seus 17, 18, 20 anos. Gosto de trabalhar com eles e me sinto jovem por isso. Não consigo me sentir como uma pessoa de 50, quase 55 anos. Eu acho que eu tenho 30. 

Assim que eu me sinto, esse é o problema, entende? Então, eu acho que todo mundo que está começando na docência tem que sentir qual é o seu lugar. Tem que sentir se gosta da sala de aula da graduação, se gosta da sala da aula de pós-graduação, se prefere a pesquisa, e tem que tentar equilibrar. Eu sei que todos nós precisamos dar uma carga horária de aula na graduação, faz parte da função, a gente tem que fazer isso. Então acho que a pessoa tem que equilibrar… Se ela não tem tantas tantas peculiaridades com a graduação, ela vai tentar dar aula na graduação da melhor forma possível, lembrar que o estudante de graduação tem muitas dúvidas, tem muitas coisas que ele precisa que a gente ensine, e que não é culpa dele. Então, a gente precisa… Eu acho que eu daria esse tipo de conselho: procura encontrar onde é que você se sente mais confortável, qual é a disciplina, qual é a área.“Ah, eu não estou no departamento certo”, então tenta trocar. A gente teve vários colegas por aqui que trocaram de departamento. Eu mesma, quando eu terminei o mestrado, eu fui sondada para trocar de departamento, e eu já estava aqui no Departamento de Expressão Gráfica, queriam que eu fosse para o Departamento de Estruturas na época, porque eu trabalhei no mestrado dentro de simulação estrutural. E não, eu vou ficar, eu fiz concurso para o Departamento de Expressão Gráfica, fui bem acolhida aqui, gosto disso aqui, estou me sentindo bem, e acho que foi a melhor coisa que eu fiz. Porque a gente aqui faz também outras coisas, por exemplo, essa história de dar aula de música para Engenharia Acústica é totalmente fora da casinha, é totalmente o lado B, mas, também tivemos uma aula de música, nós estávamos explorando vozes líricas, olha isso dentro da engenharia, é muito fora, mas é muito legal também.

E para os seus estudantes, poderia deixar uma mensagem?

Eu acho que o meu estudante, ele precisa também se conhecer. Acho que a primeira coisa é saber se está no caminho, se está gostando do curso, se está se sentindo bem aqui dentro. A gente tem muitos estudantes com problemas de saúde mental, gente que não está legal, que não está se sentindo… Essa semana mesmo, final de sexta-feira eu recebi um processo de uma menina que está em exercícios domiciliares, e eu sei que o problema dela é de saúde mental, assim como tem outros que eu sei, que eu conheço… A gente já teve suicídio de estudante aqui dentro do CT, então, eu acho que a pessoa precisa saber se ela está bem no lugar em que ela está, ela tem que se conhecer, tem que saber se ela está se sentindo bem, acho que não é nenhum demérito para a pessoa se dar conta, “não era isso que eu queria, eu vou trocar de curso”., Eu tive um aluno que fazia Engenharia Mecânica, ele foi a meu aluno umas três ou quatro vezes, pessoa muito bacana, muito querida, esses dias eu encontrei ele, e aí perguntei: está fazendo o quê? Estou fazendo doutorado, prof. Tu terminou a engenharia? “Não, eu fui para a comunicação” se formou em comunicação e está fazendo doutorado, quer dizer, não era dele a engenharia, por isso que ele vinha, se matriculava, não seguia. 

Eu acho que a pessoa tem que se sentir confortável. É difícil? É, engenharia é difícil, mas isso não quer dizer que se tu gosta, tu não vá; só que tu tem que sentir alguma coisa a mais, sabe? Tem que ter um pouco de prazer naquilo que tu estás estudando, naquilo que tu estás fazendo, naquilo que tu estás sentindo, não podes achar que são só coisas difíceis. Acho que a fase de estudante é uma das mais bonitas da vida da gente, e a gente tem que viver aquilo bem, tem que viver com prazer, tem que se sentir naquele elemento, e eu acho, sim, que a pessoa que não se sente no seu elemento, ela tem que procurar o seu elemento, acho que isso é uma coisa muito importante. “Não é isso que eu gosto”, vai ser uma pessoa frustrada, e acho que a gente tem que procurar a satisfação pessoal da gente. 

Eu confesso que quando eu fui fazer vestibular eu não sabia pra que que eu ia fazer vestibular, não sabia, eu cheguei a pensar em Direito, hoje eu fico pensando, meu Deus, como que eu pensei em Direito! Se eu tivesse feito direito, eu ia ser tão frustrada, né? Queriam que eu fosse fazer Medicina, Medicina eu sabia que eu não queria, não quero Medicina de jeito nenhum, realmente, até hoje eu não gosto da área, não é a minha praia, então eu acho que a gente tem que tentar se conhecer. Acho que o estudante tem que parar pra pensar se ele está escolhendo aquilo por vontade dele, por vocação dele, se ele está gostando, ou se ele está fazendo aquilo por imposição – que a gente sabe que ainda existe isso, a fulana é filho de engenheiro, quer que ele seja engenheiro também – não é bem assim, acho que as coisas não tem que ser assim. Eu sou filha de engenheiro, meu pai não queria que eu fizesse engenharia, porque ele sabia das dificuldades, eu meio que fiz engenharia na teimosia, né? Mas você sabe o que eu queria fazer, eu queria fazer música também. Hoje eu fico contente que eu não fiz, porque eu seria, em termos de pianista… Eu não faria carreira, eu não sou boa o suficiente, eu não tenho aquela… Eu não tenho o talento suficiente pra ser pianista, para tocar com orquestra, pra essas coisas, e nem a paciência também, então, eu realizo hoje esse meu lado dando aula para Engenharia Acústica, porque eu não dou aula de música de piano, eu dou aula de música de uma forma geral, pra eles aprenderem a conhecer o universo musical, e se comunicarem com os músicos, porque os engenheiros acústicos vão ter que trabalhar com músicos, com instrumentistas, com orquestras, com cantores, com teatros, então é pra conhecer esse universo que a gente trabalha a música na engenharia acústica, não é pra formar ninguém como músico, não se faz isso, é pra dar um subsídio daquele espaço.

Você se considera feliz e realizada nessa posição?

Muito, muito, muito, muito, muito, eu amo isso aqui, acho que esse é um dos motivos, porque tem essa questão da aprovação, porque eu não estou fazendo uma coisa contrariada, eu tenho prazer ver a real em estar em uma sala de aula, sabe, aquilo me faz bem, eu às vezes entro em uma sala de aula e quando hoje de cabeça eu saio da sala de aula bem, sabe, acontece isso, quarta-feira, terça-feira, que eu te disse que eu tinha saído, tinha aula, até às seis e meia eu saí da aula com dor de garganta de tanto falar, e estava frio e húmido, e eu já saí com uma sensação febril, aí quarta de manhã, realmente, eu acabei não vindo pra cá, porque estava muito muito humidade no ar, eu resolvi ficar em casa, eu tenho asma, tenho que cuidar um pouco isso também, aí fiquei trabalhando em casa, mas até tarde eu já estava aqui, né? Não dá pra ficar muito tempo longe. Me faz bem. 

Para você, então, a sua profissão é mais do que uma realização profissional, seria também uma realização pessoal? 

Com certeza. Eu não imaginei quando eu entrei nisso que eu ia gostar tanto. Como eu disse, eu tinha uma ideia, ah, vou trabalhar um pouco, vou arrumar um pé de meia, vou montar meu escritório. Que escritório? Que nada. Nunca mais cogitei sair daqui. Na verdade, eu já tive alguma experiência em sala de aula, na época que eu era estudante, porque eu fui monitora, e na monitoria, algumas vezes, a minha professora, minha orientadora, me colocou pra substituir, quando ela precisava. E eu fui dar aula algumas vezes, uma vez ela me largou, eu preciso que tu dê uma aula pra mim no curso tal, era de noite, lá na antiga reitoria, que eu fui monitora de estatística. E fui, fui pra lá. Pode ser? Pode, quando? Hoje? Tá bom, vamos lá. E fui. Então, eu tive essas experiências durante a monitoria, e isso já me ligou uma luzinha, tipo, eu gosto disso. Então, acho que tem tudo a ver. Me sinto realmente organizada pessoalmente, emocionalmente, com tudo isso, acho que realmente é a minha praia. Não podia estar em outro lugar, sabe? Cada vez que eu me vejo assim, acho que não podia estar em outro lugar, meu lugar é esse. E meu lugar é a sala de aula da graduação. Não é a sala de aula de pós-graduação, não é o laboratório de pesquisa. Gestão, eu trabalhei, gostei muito, gosto muito de gestão, mas chega um ponto que a gente depois de anos e anos e anos, alguém tem que carregar o piano também, né? Então, eu fui chefe de departamento, acho que mais de quinze anos. Nessa sala, entre chefe, chefe substituto, mas chega um ponto que tem outras pessoas que precisam também experimentar esse tipo de coisa, e aí tu vai cedendo, né? E vai te dedicando pra outras coisas, coisas diferentes, vai melhorando a tua forma de dar aula, vai melhorando os teus materiais, é por aí.

Se ensinar é, de certa forma, uma forma de deixar um legado, que legado você gostaria de deixar?

Eu gostaria de deixar um legado, não na questão da questão de conteúdo, necessariamente, mas na questão de que ensinar ainda é algo necessário, ainda é algo prazeroso e que deve ser respeitado. Porque hoje em dia, porque tem inteligência artificial, porque tem o chat GPT, porque tem não sei quem mais, a gente procura lá. Eu uso inteligência artificial, não sou imune a ela, mas eu uso inteligência artificial, vocês vão rir da minha cara, eu uso inteligência artificial para pesquisar sobre ópera, pra conversar, que eu amo, pra conversar sobre música, pro chat GPT. Volta e meia eu converso com ele em alguma coisa, algum detalhe, algum… Porque eu acho bem interessante a ferramenta. Mas… Acho que tem que ser usado, mas eu acho que nada substitui a pessoa humana e eu acho que isso eu gostaria de deixar como legado. O ser humano, o professor em sala de aula, ele ainda tem o seu lugar, ele ainda tem a sua importância, ele ainda é a pessoa que motiva, a pessoa que incentiva, a pessoa que segura a barra quando a coisa está difícil, porque a gente faz também esse tipo de coisa. Às vezes a gente precisa ser até um ombro. E se o aluno tem confiança e vem, chega e desabafa, um tempo atrás uma aluna me mandou uma mensagem: “posso conversar contigo?” Era um… Era uma sexta-feira, “ estou toda tarde na minha sala, pode chegar lá”. Aí ela veio me contar, ela disse agora eu já estou bem, mas eu precisava conversar com alguém. Ela morando aqui pra fazer faculdade, os pais, não lembro se em São Paulo ou em Minas, então ela estava longe da família e ela estava com uma suspeita de um tumor. Só isso. Ela disse agora eu posso te contar que já… Acabei de pegar o exame e está tudo bem, não é nada, mas eu precisava conversar, eu precisava desabafar. Às vezes até um ombro a gente precisa ser. E tem que ter paciência pra isso, são pessoas, a gente está tratando com pessoas. Eu não posso imaginar que os meus alunos são bonecos, são androides e que eu posso chegar lá e despejar só o conteúdo e sim. Não, preciso conversar, às vezes eu pego uma turma que está quieta, que não se manifesta. O que vocês têm hoje? A gente saiu da prova, tal. Vocês estão cansados? Então a gente conversa um pouquinho, descontrair o ambiente, mas a gente precisa trabalhar também. Então vamos lá porque, sabe, então a gente precisa disso. Eu acho que isso é uma coisa que eu gostaria que ficasse. O professor, o ser humano, ele ainda é insubstituível, o conteúdo a gente aprende, a gente lê num livro, a gente procura lá no Google de alguma coisa, a gente consegue. Mas essa relação é fundamental, eu penso assim. Eu acho que eu gostaria que isso ficasse como um legado. Uma pessoa que está ali, disponível, que conversa, que acolhe. É mais ou menos por aí, eu acho.

Existe um segredo na sua docência? Qual é?

Não sei. Não sei qual é. Se existe, eu não sei. Eu sou uma pessoa autêntica. Porque eu estou aqui conversando contigo, eu sou assim. Se eu estiver em casa, eu estou assim também. Se eu estiver na sala de aula, eu sou assim também. Ah, mas se eu nunca ficar braba, claro que eu fico braba. Só que em sala de aula, eu procuro quando eu fico, quando sinto alguma coisa irritável, eu procuro absorver, eu procuro segurar. Não vou criar um atrito, porque a gente aprende a se dominar. Eu sou leonina, leonina tem que aprender a se dominar, porque não é fácil. Mas assim como eu sou em sala de aula, eu sou em casa, eu sou com os meus amigos, eu sou com a minha família, então eu acho que a gente não precisa ter uma persona, sabe? Ana Laura professora não é diferente da Ana Laura que está em casa, da Ana Laura que cozinha, da Ana Laura que sai passear com o cachorro. Então, eu acho que é por aí. Acho que isso é importante, a gente não criar máscaras. Sabe, a gente ser autêntico. Talvez isso seja um segredo. Não ser diferente do que a gente é, ou por aí. Vocês estão me perguntando coisas que eu nem sei o que eu vou te responder, é porque eu nunca pensei nisso, mas eu acho que é por aí.

A Avaliação de Ensino-Aprendizagem relativa ao primeiro semestre de 2025 já está disponível. O formulário pode ser preenchido pelo Portal Estudantil ou pelo aplicativo UFSM Digital, no menu “Estudante – Avaliação Ensino-Aprendizagem”. Todos os estudantes da UFSM podem avaliar as disciplinas cursadas neste semestre no que diz respeito ao conteúdo, à atuação do docente e às estratégias de ensino adotadas. A avaliação fica disponível até o dia 25 de agosto. A Comissão Setorial de Avaliação do CT (CSA-CT) reforça o convite à participação, destacando que os resultados da avaliação são fundamentais para promover melhorias no Centro e contribuir com a qualificação do ensino na Universidade.

Entrevista e texto por Emilly Vargas Wacht, acadêmica de jornalismo, com supervisão da Subdivisão de Comunicação do CT/UFSM

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