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Dia Nacional do Livro: a função dos pais na leitura do mundo



 

No Brasil, no dia 29 de outubro, celebra-se o Dia Nacional do Livro. A data homenageia a transferência da Real Biblioteca portuguesa para o Rio de Janeiro que aconteceu neste mesmo dia no ano de 1810. Foi este ato que deu vida à Biblioteca Nacional.

Do século XIX ao XXI, a relação dos homens com os livros passou por diversas transformações: hoje há novos formatos, novas ideias e preços mais acessíveis. Porém, o que certamente não se transformou, mesmo com a passagem de mais de dois séculos, foi a importância desse instrumento na formação pessoal e intelectual de cada indivíduo.

A leitura permite o enriquecimento do vocabulário, aumenta as capacidades de memorização e interpretação e facilita o processo de aprendizagem da escrita. Além dos benefícios intelectivos, a leitura entrega ao seu praticante um mundo de possibilidades reflexivas e emotivas bastante íntimas.

Ciente das benesses oriundas da leitura, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Itaú Social e pelo Instituto Datafolha, 96% da população brasileira considera importante ou muito importante incentivar crianças de até cinco anos de idade a gostar de ler. Mas será que na prática a importância dada à leitura pelos brasileiros se confirma?

Segundo a professora Vânia Vieira, que ministra aulas no segundo ano do ensino fundamental da Escola Estadual Básica Érico Veríssimo, em Santa Maria, embora muitas famílias tenham dificuldades para acompanhar o desempenho escolar das crianças, o incentivo à leitura é realizado, dentro das possibilidades de cada família.

“Às vezes os pais trabalham muito e chegam em casa exaustos. Não têm nem mesmo energia para essa tarefa”, diz Vânia. Ainda segundo ela, quando não é o cansaço que dificulta o estímulo a esta prática, são os recursos financeiros, quase sempre insuficientes mesmo para as necessidades mais básicas, que impedem atos como a compra de livros, revistas e até mesmo jornais.

Na escola onde trabalha, Vânia conta que a grande maioria dos pais acompanha de perto a evolução dos filhos. “Mesmo com as dificuldades, a grande maioria comparece. Temos alguns casos muito específicos de pais que não fazem esse acompanhamento porque não querem, porque não julgam isso importante. Mas nesses casos, buscamos estimular ainda mais a criança”.

Vânia, que trabalha com educação básica há mais de 17 anos – nove destes no Érico Veríssimo – diz que o início do processo de alfabetização é acompanhado com bastante entusiasmo pelos pais, que anseiam por ver seus filhos darem o grande passo que a leitura e a escrita representam, e que isso é decisivo para as crianças. “É possível notar que os alunos que têm mais facilidade para aprender são aqueles que são estimulados também fora da escola”, conta.

 

Companhia que faz diferença

Jocelaine Aparecida Pisney é moradora do bairro Perpétuo Socorro e trabalha como serviços gerais em uma empresa. Mãe de duas meninas, Rafaella de sete anos e Camille de 14, Jocelaine diz que sempre que possível busca estar na escola onde as meninas estudam, para mostrar a elas que a educação só acontece quando a escola e a família trabalham juntas.

Ela conta que, mesmo criada em uma família sem tradição acadêmica, sempre foi muito incentivada por sua mãe a estudar. “Minha mãe criou a mim e a meus irmãos com muitas dificuldades financeiras, mas sempre nos estimulou a estudar. Sempre nos disse que os livros eram o melhor caminho a seguir”, diz.

Mesmo com o incentivo da mãe, Jocelaine relata que o trajeto de sua vida foi traçado muito distante dos livros. “Comecei a trabalhar bem cedo e logo engravidei. Minha vida desde então é dedicada ao meu trabalho, principalmente em função das minhas filhas”.

De alguns prazeres, porém, Jocelaine não abriu mão. A leitura foi um deles. Segundo ela, ler jornais e revistas faz parte de sua rotina, e, sempre que possível, busca ler também romances, seu gênero literário favorito. As filhas Rafaella e Camille foram contagiadas pelo exemplo da mãe.

Camille, que frequenta o primeiro ano do ensino médio na escola Érico Veríssimo, é adepta da leitura, ainda que em um ritmo inferior ao da infância. A professora Vânia Vieira diz que, com o passar dos anos, o acompanhamento dos pais vai se distanciando. “Já na pré-adolescência, os pais vão se retirando ou são dispensados pelos filhos da tarefa de acompanhar a evolução escolar. Na verdade é um processo natural, já que essa dispensa não ocorre apenas no âmbito escolar”.

Já Rafaella, que está no segundo ano do ensino fundamental, aproveita a companhia da mãe – tanto na escola quanto fora dela – para tornar a aprendizagem uma experiência ainda mais rica. Se, como disse Paulo Freire, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, a pequena Rafaella está segura: haveria melhor leitura do mundo do que aquela guiada pelos olhos de sua mãe?

 

Reportagem e Fotos: Fernanda Arispe – Acadêmica de Jornalismo

Edição: Bianca Ribeiro – Coordenadoria de Comunicação Social, UFSM

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