Com o propósito de expor, ouvir e dialogar com a sociedade de Santa Maria e região sobre a forma de ingresso na UFSM, aconteceu na manhã desta quarta-feira (21), uma audiência pública, na Câmara de Vereadores. Representantes da Instituição, através de seus três segmentos da comunidade acadêmica (técnico-administrativos alunos e professores), demais estudantes, empresários locais e comunidade em geral, participaram da iniciativa. O vereador e presidente da Câmara, Werner Rempel, salientou que “esta casa é o lugar ideal para essas discussões. Estaremos sempre abertos para debates que promovam o futuro e o desenvolvimento de Santa Maria”, ressaltou Rempel.
O vice-reitor Paulo Bayard esclareceu que os debates, que vêm ocorrendo no decorrer da semana, derrubaram vários mitos que se tinham sobre o ingresso no Ensino Superior através do SISU/Enem. “Queremos estar juntos com a comunidade de Santa Maria e região. Queremos que todos estejam perto e participantes das decisões que sejam tomadas na UFSM”, afirmou o vice-reitor.
O pró-reitor de Graduação, Albertinho Gallina, demonstrou a preocupação da Instituição com a alteração no processo de ingresso, pelo fato de essas mudanças refletirem diretamente nos jovens. Gallina apresentou os três pontos propostos pela Pró-reitoria de Graduação ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE): aumento da reserva de vagas de 34% para 50% no próximo concurso; destinação de 30% das vagas para o SISU e mudança da data do vestibular de 14 a 16 de dezembro para 6 a 8 de janeiro. O pró-reitor explicou que a intenção é antecipar a aplicação da Lei da Cotas e ampliar o debate sobre o acesso ao ensino superior. “Apenas aumentar para 50%, não haverá nenhum avanço. Nossa responsabilidade é ter um ensino de qualidade, um ensino com inclusão, e com internacionalização”, expôs o pró-reitor, que comentou ainda que 80% das instituições federais brasileiras hoje adotam Enem/SISU.
“Os tempos mudam; as instituições mudam; algumas questões mudam para pior, outras para melhor”. Assim o pró-reitor de Assistência Estudantil, João Batista Dias de Paiva, iniciou sua exposição. Segundo ele, temos vivido até hoje o sistema de exclusão. Quem tem condições socioeconômicas, tem privilégios. “Temos temor ao sairmos da zona de conforto. Não estamos criticando nosso vestibular, ele transcorre dentro da normalidade, mas não inclui. Aparentemente, apenas minimiza as diferenças”, argumentou.
Para o presidente do Sindilojas Santa Maria, Ademir José da Costa, que participou da audiência pública desta quarta-feira, as cotas mascaram a falta de atuação do Governo em qualificar o ensino. “E não temos vagas para todos os estudantes no ensino superior”, declarou.
De tantos debates e discussões, o consenso dos presentes à Câmara é de que a política do SISU já está configurada como política de Estado, uma vez que, atualmente há 83% de adesão por parte das universidades brasileiras. Um dos pontos ressaltados durante o diálogo, faz referência à regionalização do ingresso, a qual conforme professores da Instituição já ficou comprovada, pois o estudante opta por ficar perto de casa.
Com relação à alteração da data do concurso, o vice-reitor esclareceu que tal mudança deve-se à operacionalizacão do resultado, já que faz-se necessária a nota do Enem, para a classificação do candidato.
Os representantes dos estudantes da UFSM que se fizeram presentes acreditam que o sistema SISU/Enem seja mais democrático que o concurso vestibular, porém posicionam-se contrários à troca de data, já que a mesma visaria ajuste ao interesse comercial que o concurso proporciona para a cidade.
De outro lado, o diretor da AHTURR apóia a realização do vestibular em janeiro, porque em dezembro não há como atender a demanda de visitantes na cidade, que não comporta os vestibulandos e suas famílias. “Janeiro é mais igualitário para os estudantes, final de colégio e tempo para revisão. Vemos com bons olhos a troca da data para janeiro”, expôs sua posição.
Amanhã, o debate sobre o ingresso na UFSM segue na sessão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM.