Incentivar a construção coletiva das
cidades foi um dos objetivos do Seminário de Gestão Urbana e Sustentável,
realizado na sexta-feira (20) no Auditório Pércio Reis do Centro de Tecnologia
(CT). O evento, que já está na quinta edição, foi organizado pela Associação
TodaVida de Porto Alegre e recebeu apoio da Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul.
Esta é a segunda vez que o seminário
ocorre
e foi trazido a partir de uma parceria com o Grupo de Pesquisa em Mobilidade
(GMob) da UFSM. Além disso, o cronograma de palestras e atividades, que abarcaram
assuntos como a mobilidade, infraestrutura urbana, energias renováveis e
sustentabilidade, constituíram-se como parte integrante da 3° Semana Acadêmica
do Curso de Gestão Ambiental.
O professor do departamento de
transportes do CT Carlos Félix explica que a escolha dos temas se deu a partir
da necessidade de debater, conjuntamente, assuntos que, na sociedade atual, não
devem se dissociar. “É preciso oferecer soluções práticas e seguras para
que o cidadão realize suas atividades com mais facilidade e em menos tempo. Mas
para isso, deve se pensar também nas questões ambientais”, afirma.
O planejamento urbano com perspectiva
sustentável surge como um grande desafio ao poder público. As crescentes taxas
de urbanização e as limitações das políticas públicas de transporte coletivo
têm promovido o aumento da frota de carros e motocicletas. Como consequência,
tem-se o desgaste maior das estradas, o aumento da emissão de gases tóxicos e a
elevação da temperatura atmosférica.
Além disso, o desenvolvimento das cidades eleva a quantidade
de produção de lixo, e seu descarte incorreto pode acarretar problemas como
alagamentos e enchentes.
O diretor do Departamento de Esgotos
Pluviais (DEP), Tarso Boelter, um dos palestrantes do evento, trouxe para
discussão as consequências de ações humanas sobre o meio ambiente. Com imagens
e dados concretos sobre o descarte irregular do lixo, ele apresentou aquilo de
chama de “Cidade real”. Para tanto, enfatizou o trabalho realizado
nos projetos DrenaPOA e DEP em Ação, que têm como principal objetivo a
prevenção contra cheias
Porto Alegre.
De acordo com Boelter, toneladas de
lixo são semanalmente recolhidas em lugares impróprios na capital, e o assunto
acaba ficando apenas na agenda das prefeituras, sem o devido despertar da
consciência ambiental por parte da população.
Para que se amenizem os efeitos, as
causas devem ser tratadas. Segundo Boelter, é preciso que o cidadão cobre ações
efetivas junto ao poder público, mas antes disso, realize sua parte. A começar,
por exemplo, com o “lixo no lixo” ou com o respeito às vagas de
estacionamento destinadas aos portadores de deficiência.
A universidade como um “celeiro de
ideias e talentos”, no papel de formar bons profissionais, precisa se
inserir e, cada vez mais, trazer ao debate essas questões.
“Ainda há muito a ser feito”
Membro da Associação TodaVida e aluno
do curso de Gestão Ambiental, João Cavalcanti acredita que atividades como esta
devem ser estimuladas no ambiente acadêmico. No mesmo sentido, a aluna de
Engenharia Civil, Letícia Puiati assegura que atividades extracurriculares de
cunho técnico e social surtem efeitos positivos.
Os alunos se sentem motivados a buscar
soluções para problemas que podem enfrentar no dia a dia, diante de exemplos
concretos e iniciativas que deram certo. “O estudante está muito ‘fechado’
nas salas de aula. É preciso trazer a realidade mais para perto”, ressalta
Cavalcanti.
Ao longo dos anos, a UFSM desenvolveu
importantes projetos, como a Pista Multiuso e o ônibus Via UFSM, que visam
integrar, incluir e facilitar a vida dos estudantes no campus. No que tange a
aspectos ambientais, o cenário da Universidade é referência
preservação de áreas verdes.
O reitor, Paulo Afonso Burmann, no
entanto, reitera que “ainda há muito a ser feito”. Burmann afirma que
a Universidade tem o compromisso de buscar melhorias na mobilidade e
acessibilidade e, para além disso, buscar soluções aos problemas ambientais que
decorrem do crescimento dos conglomerados urbanos. Segundo ele, “o ensino,
a pesquisa e a extensão são capazes de disseminar uma nova cultura na
sociedade”, e a discussão das problemáticas ambientais devem encaminhar
alternativas que priorizem o desenvolvimento sustentável.
Texto e fotos: Tainara Liesenfeld, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias

