Na manhã desta sexta-feira (27), dia em que se completaram quatro
anos do incêndio que matou 242 pessoas
atividades que marcaram a data foi a roda de conversa “Ações e desafios em
torno da tragédia da boate Kiss”. Realizada no Edifício João Fontoura Borges
(prédio da SUCV), a atividade foi articulada pela Associação dos Familiares de
Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), UFSM e demais
entidades, empresas e instituições envolvidas nos atos de homenagem às vítimas
da tragédia.
O evento contou com grande participação da comunidade
santa-mariense e marcou um ponto de memória em relação à tragédia da Kiss. Estiveram
presentes pais, familiares e amigos das vítimas, bem como diversas autoridades
e lideranças da cidade. Todos mostraram-se dispostos a reafirmar o
compromisso solidário com os sobreviventes da tragédia e as famílias das vítimas.
Em paralelo, os familiares reivindicaram justiça aos órgãos públicos. Dessa
forma, os convidados para o espaço de reflexão mediaram e propuseram suas
visões acerca da data e os desafios enfrentados pela cidade após o episódio
fatídico.
Durante a atividade, a antropóloga e professora Virgínia
Vecchioli, do Departamento de Ciências Sociais da UFSM, destacou a importância
de se preservar a memória através da criação de espaços que a conservem no
cenário local. “A memória é uma forma de reconhecer a honra e a dignidade das
vítimas, como também a luta dos seus familiares”, lembrou. A grande relevância
da criação destes espaços é uma das tarefas a que Virginia tem se dedicado nos
últimos anos
Maria.
Desde o ano passado, Virgínia vem direcionando seus esforços para um
projeto de extensão dentro da universidade que prevê a formação de um memorial
às vítimas da tragédia, com a participação direta dos pais na construção de painéis. O intuito do trabalho é reavivar o imaginário popular acerca do
episódio, e também reparar simbolicamente os familiares que perderam seus entes
queridos naquele 27 de janeiro.
Grande parte dos estudantes presentes na boate na noite da tragédia
eram da universidade e, portanto, a UFSM é uma das envolvidas diretas nessa
reconstrução e conscientização sobre o acidente. O reitor Paulo Burmann esteve
presente na roda de conversa e reafirmou o compromisso da instituição em não
permitir que a tragédia da Kiss seja esquecida pela comunidade local. Burmann
ainda mencionou a importância crucial que as instituições de Santa Maria têm
para a preservação da memória coletiva.
Preservar o passado e garantir o futuro
Outros atos de
conscientização ocorrem nesta sexta-feira (27), na Praça Saldanha Marinho. O
objetivo das atividades é abastecer a memória popular sobre a tragédia e
oferecer a reflexão à comunidade para que o presente não seja corroído pela
repetição de um passado que se mostra de maneira trágica para quem sobreviveu
àquele dia. As atividades fazem parte do cronograma organizado pela AVTSM, Instituto Condor, Acolhe Saúde, TV OVO e pelos movimentos
sociais Santa Maria do Luto à Luta – Meu Partido é um Coração Partido e Kiss:
Que Não se Repita. Os demais apoiadores da causa são a Câmara
de Dirigentes Lojistas (CDL), Centro de Valorização da Vida (CVV), UFSM, Centro
Universitário Franciscano (Unifra), Prefeitura Municipal de Santa Maria, Rádio
Guarathan, Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) e SM Outdoor.
Para a tarde desta
sexta, ocorreriam na praça homenagens artísticas e culto ecumênico, às 15h e
17h, respectivamente. Às 19h30min, no mesmo local, haverá o colóquio “Memória,
trauma e reconstrução”, com o professor Márcio Seligmann-Silva, docente de
Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a psicóloga
Rosana Dorio Bohrer. Também acontecem homenagens dos Bombeiros e da Brigada
Militar, soltura de 242 balões, toque dos sinos das igrejas, exibição de vídeo
e leitura de mensagem pelo presidente da AVTSM. A programação completa está
disponível aqui.
Texto e foto: Luis Fernando Filho
Edição: Lucas Casali
