Sintonizada desde 1968 nos 800 AM e
constituída por uma programação voltada para educação, informação, cultura e
entretenimento, a Rádio Universidade comemora 49 anos de sua fundação no dia 27
de maio. Obtendo um alcance de mais de 100 municípios da região central do
Estado, a rádio passou do LP para o CD, das máquinas datilográficas para o
computador e do sinal analógico para o sistema digital, sem se desviar de seu
principal objetivo: entregar aos seus ouvintes conteúdo de qualidade.
Inicialmente localizada no oitavo andar do prédio da Antiga
Reitoria, no centro de Santa Maria, a Rádio Universidade foi idealizada pelo reitor-fundador,
professor José Mariano da Rocha Filho, que designou para o primeiro cargo de
diretor o professor Antonio Abelin, cuja função foi comandar o grupo
responsável pela instalação e pelo planejamento da emissora.
Em
Campus Universitário. No ano de
fora do ar por duas semanas em razão da queda da torre de transmissão. A partir
de então, a Rádio Universidade operou durante meses do ano seguinte de modo
precário e apenas para alguns pontos do centro da cidade. O sinal foi restabelecido
em 1995, após a inauguração de um novo parque de transmissões, no campus, que
dobrou a capacidade e a qualidade do alcance. Esse episódio foi marcante para o
operador de áudio Renato Molina. “Quando a torre caiu, define-se uma certa
mudança de pensamento sobre a rádio. As pessoas começam a sentir falta (da
rádio). Parte-se, então, para a aquisição de equipamentos novos e de qualidade
e se percebe que estava na hora de trazer os equipamentos para dentro da
Universidade. Então é feito todo um sistema novo de radiação”, observa.
Com o passar dos anos e o avanço das novas tecnologias, a
Rádio Universidade efetua uma série de mudanças, que qualifica e moderniza o
seu trabalho. A jornalista Rejane Miranda, atual diretora da Rádio Universidade
e produtora e apresentadora, há 21 anos, do programa “Fazendo Arte”, destaca a
atuação do veículo frente às novas oportunidades. “A Rádio Universidade acompanhou a transição do sistema analógico
para o digital com responsabilidade, adaptando-se às novas tecnologias com
treinamento e acompanhamento para os técnicos da emissora”, relata.
A transição foi feita de forma gradual. De acordo com
Molina, inicialmente ocorre a substituição das fitas de rolo, cassete e
cartucho para o sistema MD (MiniDisc), já considerado uma variação do digital e
que funcionou como uma mídia de transição. Sequencialmente, essa mídia
tornou-se obsoleta, e foram, então, implementadas as ferramentas digitais que
temos hoje. “O sistema digital se configura realmente em nível de
broadcasting quando se começa a usar os
computadores, com softwares
especificamente para isso. Aí a gente entra definitivamente na “era digital”,
comenta.
Para além das substituições das máquinas e da implantação de
softwares, a adesão ao ambiente digital proporcionou à emissora a criação de
seu primeiro site em 1997. Esse fato alavancou o crescimento do veículo no meio
online quando, dois anos após, a Universidade AM inaugurou o sistema de
transmissão pela internet, o que abriu a possibilidade da rádio ser ouvida em
qualquer parte do mundo. “O rádio ganhou um upgrade fantástico com a internet.
Talvez, de todas as mídias, foi a que mais ganhou. Abriu um leque enorme para
ela”, comenta Molina.
A equipe que atualmente é responsável por manter no ar a
Rádio Universidade tem como diretora Rejane Miranda; jornalistas Candido Otto
da Luz, Ciro Oliveira, Gilson Piber e Jair Alan Siqueira; diretor de programa:
Roberto Montagner; programadores: Milton Oliveira e Rejane Miranda; e sonoplastas:
Celso Franzen, Gilberto Soares, Jonathan Ferreira, Renato Molina e Sérgio da
Porciúncula Cruz; o técnico
Graef, o diretor de som Jordan Junges, e o locutor Marcelo De Franceschi.
A emissora é campo de estágio e prática dos estudantes de
Comunicação Social e Engenharia Acústica, bem como espaço para colaborações de alunos de diversos cursos, professores e técnico-administrativos de outros setores e contribuições externas. Entre os destaques está a produção associada às disciplinas de Radiojornalismo, do curso de Jornalismo. Esteve à frente desta parceria o professor Paulo Roberto Araújo, que coordenou por anos os programas Na Boca do Monte, Culturália e Rádio Ativo.
Momentos que
marcaram a história da emissora
A Rádio Universidade se notabilizou pela transmissão de
grandes coberturas, tanto de festivais, quanto de jogos esportivos. O primeiro
dos dois grandes destaques foi o acompanhamento, em tempo integral, dos Jogos
Olímpicos de Sydney em 2000, fato que nenhuma emissora de Santa Maria havia
ainda realizado, conforme lembra Renato Molina. A cobertura contou com uma
equipe de alunos de Jornalismo, que fizeram suas próprias análises e
comentários.
A segunda grande cobertura foi a transmissão completa do
Campeonato Gaúcho de Futebol de 2009 e 2010. Para esse evento, foi reunido um grupo de alunos que se
notabilizaram não só pela evolução do trabalho durante o campeonato, como
também de chamar a atenção da mídia concorrente. Conforme recorda Molina, nesta
transmissão, outro feito é motivo de orgulho para a Rádio Universidade.
“Colocamos em campo a primeira repórter mulher
uma das poucas do Rio Grande do Sul, a Viviana Fronza”,
comenta.
Os acompanhamentos dos jogos de futebol propiciaram a
ampliação de coberturas para outros esportes, como o futebol americano. “Tudo
isso começou com o Radar Esportivo, que é o programa mais antigo da rádio que
continua com o mesmo nome. Foi ele que deu toda credibilidade e, até uns anos
atrás, era o mais lembrado e mais ouvido”,
ressalta Molina. Antes da participação acadêmica, iniciado em 1999, o Radar
Esportivo era produzido e apresentado pelos jornalistas Candido Otto da Luz e
Gilson Piber.
No ano de
a equipe de alunos responsável por produzir e apresentar
o programa realizou a primeira narração de uma partida de futebol americano. A
partir daí, o Radar Esportivo acompanhou toda a Liga Nacional. No ano
posterior, o programa foi notabilizado, principalmente, pela da transmissão do
“Gigante Bowl” e da “final da Conferência Sul da Liga Nacional”, coberturas que
elevaram a audiência e a credibilidade do programa esportivo.
Nova fase da
Rádio Universidade: Implantação da “FM”
Os profissionais da Rádio Universidade estão trabalhando
efetivamente nas condições técnicas e na construção de uma nova grade de
programação que passará a constituir a Universidade FM. A perspectiva é de que
no próximo semestre a emissora esteja no ar.
Apesar da nova programação, a Rádio Universidade AM
continuará operando nos 800 AM, pois, de acordo com Rejane, é uma emissora
pública que atinge mais de 100 municípios da região e é um espaço importante para os estudante de vários cursos da graduação da UFSM apresentarem programas variados, que dificilmente seriam aceitos em rádios comerciais. O sonoplasta
Molina também ressalta essa importância. “Abrange 155 municípios do Rio Grande
do Sul, fronteira adentro com o Uruguai. Isso é de uma importância singular
para uma instituição como a Universidade Federal de Santa Maria”, diz.
Depoimentos
para além da Rádio Universidade
O rádio completa 100 anos desde a sua primeira transmissão em 1922,
centenário da independência o Brasil. É um veículo com muita inserção ainda. As
novas plataformas digitais vieram para atingir novos públicos, mas o meio
“rádio” ainda tem muita força. Apesar de não ter nenhuma pesquisa de audiência atualizada, tenho muito
retorno do nosso ouvinte pelas redes sociais e por telefone, por isso me sinto
motivada, diariamente, a entrar no ar”, Rejane Miranda, diretora da Rádio
Universidade, programadora há 22 anos.
“Tem um bordão antigo que acho que vale, até
pode parecer um pouco tosco, mas acho que tem sentido. Se diz que rádio é uma
cachaça. E é verdade. Eu acho que é uma coisa que quando tu te envolves, toma
conta. É algo realmente belo, gostoso. Tu sentes a importância do rádio quando
tu falas alguma coisa e vem o teu feedback
de alguma maneira. Aí tu vês o quanto,
na realidade, tu não sabes aonde tu estás chegando realmente, porque nem sempre
é aquela história do “bate e volta”, pode levar um tempo até tu receberes um
retorno. Dentre os antigos meios de comunicação, o rádio é o que se mantém
estável. Então eu acredito que o rádio ainda tem uma longa vida”, R
enato Molina, sonoplasta da Rádio
Universidade há 35 anos
.
“Aos estimados colegas
da Rádio Universidade que colocaram o dever de informar, formar e educar acima
de seus interesses próprios, nestes 49 anos de transmissão, quero externar meus
parabéns pelo trabalho que realizaram ou realizam. Esta rádio educativa quase
centenária atravessou, nestas últimas décadas, todas as transformações
tecnológicas que a modernidade proporcionou e, hoje, quando se discute a ainda
existência do AM no dial, resiste como um espaço de fomento da cultura, da
educação e da informação à comunidade. Desejo vida longa à emissora da nossa
universidade, independentemente do suporte tecnológico que ela vier a adotar. A
produção de conteúdo de qualidade para a comunidade acadêmica e em geral deve
ser seu maior compromisso. Tenho certeza de que esta é a proposta de trabalho
das novas diretora da Rádio e coordenadora de Comunicação, que conquistaram com
trabalho e seriedade estas posições!”, Aurea Evelise Fonseca, jornalista
e professora, ex-diretora da Rádio Universidade no período de
Reportagem: Gabrielle Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias
Foto: Arquivo Rádio Universidade