A Agência de Notícias
começa, nesta segunda-feira (28), a publicação das entrevistas com os vices das
três chapas à Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria. Conforme
sorteio, realizado na presença dos representantes das três campanhas, a ordem é
a seguinte: Chapa 3 nesta segunda (29), Chapa 2 na terça (30) e Chapa 1 na
quarta (31). A rodada de entrevistas com os candidatos ao cargo de reitor(a)
será publicada entre 5 e 7 de junho, na seguinte ordem: Chapa 2 na segunda (5),
Chapa 3 na terça (6) e Chapa 1 na quarta (7).
A entrevistada de hoje
é a professora Laura Fonseca, do Curso de Serviço Social, do Centro de Ciências
Sociais e Humanas (CCSH). Laura é candidata a vice da professora Helenise
Sangoi, do Centro de Educação, pela Chapa 3, Coragem para mudar pela base.
Agência
de Notícias – Há décadas, os vice-reitores da UFSM apresentam posteriormente
candidaturas como reitores. Relate a sua experiência como gestora na área
pública e que papel entende que deva desempenhar a vice-reitora. Há pretensão
de concorrer como reitora no futuro?
Laura
Fonseca – Nossa Chapa 3, Coragem para mudar pela base,
representa coletivos em defesa da autonomia e da democracia ampla na
universidade, propõe uma candidata à Vice-Reitora comprometida com estes
princípios na construção coletiva da gestão da UFSM. A
candidata é servidora pública concursada há mais de 30 anos, dos quais, 20
em universidades públicas federais, com experiência de gestão, destacando-se:
exercício das funções de coordenadora de cursos de graduação, chefe de
departamento, diretora de campus e pró-reitora. A trajetória da candidata
confirma conhecimento e experiência na gestão universitária pública federal. O
compromisso com o serviço público é componente fundamental para conceber as
candidaturas referenciadas no projeto de universidade para todos e todas, sendo
do campo coletivo a decisão para concorrência às funções da gestão, no presente
e no futuro. Assim, a escolha dos nomes para a formação das candidaturas deve
respeitar e fortalecer vontades coletivas aos pleitos de candidaturas.
Agência
de Notícias – As universidades estão alicerçadas no tripé
ensino-pesquisa-extensão. Qual sua opinião sobre o desenvolvimento destas áreas
na UFSM, e como é possível contemplar esta integração?
Laura
Fonseca – Nossa opinião é que há desequilíbrio na integralidade
deste tripé na universidade, notadamente na restrita valorização da área de
extensão como política. Igualmente, observamos a área do ensino de graduação
afetada pela ausência de planejamento estratégico para a manutenção e/ou
ampliação dos cursos e dos turnos, no campus sede e nos campi, impactando
desfavoravelmente o conjunto do ensino. Ademais, o desenvolvimento integrando
ensino-pesquisa-extensão implica superar a distância entre as áreas, ampliado
com a ausência de planejamento da expansão da UFSM na última década, superando
a carência de pessoal, as limitações de infraestrutura e de orçamento. Portanto,
nosso compromisso está situado na valorização da extensão como área estratégica,
ampliando orçamento, pessoal, programas e curricularização; na valorização do
ensino de graduação e pós-graduação, considerando o princípio da igualdade para
o desenvolvimento do ensino de qualidade; na valorização do fomento à pesquisa,
incentivando a ampliação da área, com equidade de atenção entre elas.
Agência
de Notícias – Qual a sua avaliação sobre as políticas para a diversidade de
gênero, sexual e étnica na UFSM?
Laura
Fonseca – Tomamos como referência a perspectiva teórica interseccional,
para compreender a diversidade e as suas múltiplas categorias: gênero,
orientação sexual, identidade, classe social, etnias e outros variados recortes,
como fundamentais para guiar políticas contra a desigualdade social sistêmica em
base multidimensional. Com efeito, as políticas de diversidade devem reconhecer
e intervir nas relações desiguais que interagem na instituição. Portanto,
avaliamos como insuficientes as ações desarticuladas entre setores da
universidade, focalizadas, eventuais, circunscritas à replicação de programas
federais ou aos restritos projetos institucionais da UFSM. Reprovamos a omissão histórica das gestões da
Reitoria, por não propor e efetivar políticas para diversidade, de modo amplo e
unificado na universidade. Nossa posição é a da defesa dos direitos iguais na instituição,
com políticas concretas para a diversidade. Nossa chapa apresenta o eixo
programático: Acessibilidade, Diversidade, Igualdade de Gênero, Igualdade de
Etnias e Direitos Humanos para orientar as políticas de diversidades,
considerando as múltiplas diferenças.
Agência
de Notícias – O trânsito no acesso ao campus de Camobi e a oferta de transporte
coletivo, não somente em Santa Maria, mas também em Frederico Westphalen e
Palmeira das Missões é uma preocupação diária para a comunidade acadêmica.
Quais são as propostas da sua chapa neste sentido?
Laura Fonseca – Consideramos esta tarefa da esfera municipal, reconhecemos
que o problema é antigo e que as gestões da UFSM não têm assumido a responsabilidade
de exigir soluções para esta questão. Nossas propostas articulam diferentes
frentes de ação para enfrentar o problema: alternativas sustentáveis para o
transporte, que incentivem a carona solidária, com ações educativas e o
desenvolvimento de aplicativo para orientar a busca de compartilhamento de
transporte; investimentos para a melhoria dos acessos ao campus sede,
distribuindo mais o trânsito nas vias secundárias; diálogos que exijam das
empresas concessionárias a ampliação da oferta de transporte público e a diversidade
dos horários das linhas para a universidade, considerando a função social e
econômica da universidade em Santa Maria, demonstrando a necessidade da
instituição e sua comunidade, atuando nos municípios dos campi com igual
tratamento. Alia-se a isso, o debate interno para construir um plano de
alternância de horários diferenciados de funcionamento das unidades
universitárias, o qual implica discussão ampla, problematizando os limites e as
possibilidades de impacto desta alternativa.