Mais uma edição do Enade se aproxima: dia 26 de novembro, 58 cursos da UFSM realizarão a prova. O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes compõe o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e procura avaliar o desempenho do aluno ao final do curso. Neste ano, devem fazer a prova os cursos pertencentes à área das ciências exatas e também licenciaturas.
O Inep é o responsável pela operacionalidade do exame, que é um componente curricular obrigatório. Isso significa que ele está inscrito no histórico escolar do estudante e precisa ser realizado para que esse se forme. A composição do Enade é: prova, questionário de impressões dos estudantes sobre a prova, questionário do estudante e questionário do coordenador do curso.
Conforme a coordenadora de planejamento e avaliação institucional, Márcia Lorentz, “a prova do Enade é muito contextualizada, bem parecida com a prova do ENEM. Mas claro, abrangendo as áreas de cada curso.” A avaliação conta com 40 questões. Dessas, 10 correspondem à formação geral e as outras 30 à formação específica da área. As duas partes contêm questões discursivas e também de múltipla escolha.
Para a realização das estatísticas do Inep são inscritos alunos ingressantes – que possuem de 0 a 25% da carga curricular do curso integralizada – e concluintes – que cumprirão 80% da carga curricular até o final do ano, ou tenham expectativa de se formarem até julho de 2018. Desses, apenas os concluintes precisarão fazer a prova.
Márcia Lorentz explica a importância da avaliação: além do conceito Enade, que provém apenas da prova, há o Conceito Preliminar de Curso (CPC). Para que o curso tenha seu reconhecimento renovado é preciso que o CPC fique acima de 3. Caso contrário é aberto um protocolo de compromisso, que implica uma série de processos, como visita do MEC à instituição, diminuição de recursos, entre outros.
Além dos cursos presenciais, cursos na modalidade EaD também realizam o Enade. A prova é feita no pólo de estudo, com possibilidade de alteração de local (dentro do prazo estipulado). O aluno inscrito que não realizar a avaliação, terá um prazo para envio de justificativa, inicialmente à coordenação. Se recusada, terá que justificar posteriormente ao Inep e, se esse indeferir, o acadêmico fica sem receber o diploma até julho de 2018, quando é aberto um período de regularização.
Acadêmica de Matemática Licenciatura, Maieli Crestani faz parte do grupo de alunos que realizarão a prova neste ano. Ela acredita ser necessária uma forma de avaliação do desempenho dos estudantes e também do curso, mas julga como fraco o método escolhido. “Acredito que o modo de avaliação deveria ser algo mais constante. Não vai ser em apenas um questionário, que tem algumas perguntas bem vagas, e em uma prova, aplicada com turmas específicas em certo período, que vai se evidenciar o desempenho daquele curso e dos alunos.”
Cursos a serem avaliados
Conforme a Portaria Normativa nº 08 de 2017, serão avaliados pelo Enade em 2017 os cursos que:
I – conferem diploma de bacharel nas áreas de: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Computação, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Engenharia, Sistema de Informação.
II – conferem diploma de bacharel ou licenciatura nas áreas de: Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras – Português, Matemática, Química.
III – conferem diploma de licenciatura nas áreas de: Artes Visuais, Educação Física, Letras – Português e Espanhol, Letras – Português e Inglês, Letras – Inglês, Música e Pedagogia.
IV- conferem diploma de tecnólogo em: Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Gestão da Produção Industrial, Redes de Computadores, Gestão da Tecnologia da Informação.
Se ainda restarem dúvidas, a lista detalhada dos cursos da UFSM que farão o exame, em seus devidos campis e modalidades, pode ser conferida aqui. Além disso, a Universidade disponibiliza uma página com todas as informações sobre a prova e também dados de exames já realizados. Para conferir os resultados do último Enade feito pelos respectivos cursos, basta acessar o link.
Consciência e responsabilidade
Em virtude de casos de boicote já ocorridos em provas anteriores, a Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), juntamente com a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) realizaram, durante o semestre, diversos encontros de conscientização, com alunos dos diferentes centros que realizarão as provas. Algumas coordenações de curso também trabalharam internamente com a questão de incentivo e responsabilidade, como é o caso da Engenharia Química.
Segundo a professora e coordenadora do curso, Damaris Kirsch, ainda no ano passado iniciou-se um processo de conscientização dos alunos quanto ao Enade. Em 2014 ela viu o CPC do curso despencar, pelo que julga ter sido falta de comprometimento e responsabilidade dos acadêmicos. “Em 2011 nós tínhamos um laboratório que era bem menor do que o nosso. Ele não tinha um terço (⅓) das condições que o novo laboratório tem. E aquele laboratório tinha nota 5. Quando trocamos para cá, os alunos de 2014 já pegaram esse laboratório novo, que é um dos melhores laboratórios de graduação do país. E eles deram nota 2 para o laboratório.”
Assim, a coordenação pediu aos concluintes uma análise correta, que reflita o que eles realmente pensam, porém que também seja justa. “Há muitos anos nós éramos quem sempre recebia mais verbas dentro do Centro de Tecnologia (CT). Quando começaram a analisar os critérios do curso, nós estávamos com o pior CPC do CT. Temos clara consciência de que nosso curso não é 3. Ele é um dos melhores do país. Tanto que está avaliado na 9ª posição pela Folha de São Paulo e em 12º pelo ranking do Enade”, afirmou Damaris.
Além das reuniões e conversas, os professores também se preocuparam em enviar as provas antigas, desde o ano de 2005, e suas respectivas resoluções. Como o 10º semestre de Engenharia Química é dedicado exclusivamente ao estágio, na maioria das vezes realizado em outras cidades, houve toda uma preocupação em incentivar e conversar com os alunos desde os semestres anteriores, além de inserirem e comentarem as questões das provas nas aulas.
Texto: Melissa Konzen, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias da UFSM
Edição: João Ricardo Gazzaneo