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1º Seminário de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua da UFSM discute políticas municipais de integração e valorização social



Para Reinaldo Santos (centro), aluno do curso de Jornalismo da UFSM e ex-morador de rua, a Cidade Universitária precisa estar acessível à população em situação de rua. 

Na manhã desta quinta feira (29) teve início o 1º Seminário de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua da UFSM.O evento é organizado por professores e alunos do curso de Terapia Ocupacional (TO), em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão (PRE) da Universidade, através do Projeto UFSM nas Ruas.

Durante todo o dia, foram debatidos temas referentes ao desenvolvimento e aplicação das políticas públicas relacionadas à população em situação de rua do município de Santa Maria. Participaram das palestras, além de estudantes,professores e pesquisadores da UFSM, moradores de rua que foram trazidos desde a Casa de Passagem e da praça Saldanha Marinho até a Universidade. Também estiveram presentes no primeiro dia de atividades, agentes do poder público municipal, bem como a comunidade interessada nos temas discutidos.

A cerimônia de abertura do Seminário contou com a participação do Vice-Prefeito de Santa Maria, Sérgio Cechin e da secretária municipal de Desenvolvimento Social, Lorena Santos. Representando a reitoria da UFSM, a Coordenadora de Extensão Tecnológica e Social da PRE,Débora Bobsin, a chefe do departamento de Terapia Ocupacional da Universidade, Silvana Vargas Vieira, além da coordenadora do curso de TO, Miriam Cabrera Corvelo Delboni. Participaram também os professores do Departamento de TO, Francisco Nilton de Oliveira e Amara Holanda Batisttel, organizadores do evento. 

Seminário é uma realização do curso de Terapia Ocupacional em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão.
Seminário é uma realização do curso de Terapia Ocupacional em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão.

Durante sua fala, Débora Bobsin ressaltou a importância da realização do debate sobre as políticas públicas dentro da Universidade. De acordo com a coordenadora, discutir todas as estratégias que reforcem a implementação das políticas públicas para melhoria da qualidade de vida dos moradores em situação de rua de Santa Maria, é fundamental para a promoção da justiça social. Já o professor Francisco Nilton resgatou o momento de concepção do Projeto UFSM nas Ruas. De acordo com ele, a proposta partiu do acadêmico do curso de jornalismo da Universidade e ex morador de rua, Reinaldo Santos. Para que a ideia fosse aprovada como Projeto, foi necessário o esforço integrado entre o professor e Amara Holanda, também professora e organizadora do evento, para adaptar os documentos aos parâmetros acadêmicos, transformando a ideia em projeto institucional.

Políticas Institucionais da UFSM 

Reinaldo Santos, acadêmico de jornalismo e ex-morador de rua, participa do Seminário como organizador e voluntário. De acordo com ele, a ideia do “UFSM nas Ruas” partiu de uma solicitação feita por pessoas que vivem em situação de rua em Santa Maria, acolhidas na Casa de Passagem ‘Pousada Acolher’. Reinaldo esteve hospedado nesta Casa durante dois meses, até efetivar a matrícula e conseguir uma vaga na Casa do Estudante Universitário. A partir da solicitação de um projeto institucional, a intenção dos moradores foi assegurar a visibilidade e a possibilidade de encaminhamento de algumas demandas pontuais, já que a Universidade exerce um papel fundamental na articulação das políticas públicas desenvolvidas no município.

Ainda segundo Reinaldo, o Projeto UFSM nas Ruas, se destaca por seu caráter inédito e provocador. Nesse sentido, explica que Santa Maria é um município bastante incipiente em relação ao desenvolvimento e efetivação das políticas públicas e, dessa maneira, ainda são necessárias atividades de caráter assistencialista, na tentativa de preencher as lacunas deixadas pela administração pública. Para Reinaldo, que hoje participa do Comitê Estadual de População em Situação de Rua e é um dos coordenadores do Grupo de Trabalho Pessoas em Situação de Rua de Santa Maria (GTPSRSM), o Seminário desenvolvido na UFSM representa um divisor de águas para a cidade: “ O Seminário deve ser o trampolim para a criação de um Comitê Municipal Inter-Secretarias, buscando a intersetorialidade de ações na criação de projetos e programas para estas populações e para busca do mapeamento e da realização de um diagnóstico dos serviços e ações já existem”, explica.

Além disso, o acadêmico comenta que, para a população em situação de rua que participa do evento, a atividade representa um encontro com o imaginário coletivo e cultural de uma “cidade Universitária”, local que eles tanto ouviram falar mas não conhecem de fato, já que, até então, não foram viabilizados projetos que permitam aos moradores a visibilidade e protagonismo.

Seminário foca na participação dos moradores em situação de rua durante o debate

De acordo com o professor Francisco Nilton, o primeiro dia de Seminário contou com a participação de 20 moradores de rua acolhidos na Casa de Passagem do município. Na Universidade, além de participarem dos debates, a população pode desfrutar do café da manhã e almoço no Restaurante Universitário.

Wilson Lima Bordin, graduado em Matemática, Direito e Técnico em Enfermagem, trabalhou durante 17 anos no Hospital Universitário(HUSM). Ele deixou a Instituição para concluir os estudos em direito e abrir o próprio negócio como advogado. Depois de algum tempo trabalhando, e a partir da insistência familiar, Wilson decidiu se internar na Fazenda Terapêutica Sr. Jesus Bozano, na busca de recuperação e reinserção social. Passados nove meses, o Técnico em Enfermagem foi liberado, passando então a viver na rua durante seis meses, até conseguir uma vaga na Casa de Passagem.

Wilson Bordin (centro) compartilha sua história de vida durante o Seminário

De acordo com Wilson, não há no município de Santa Maria políticas públicas realmente efetivas em relação à população em situação de rua. Um exemplo é o Restaurante Popular, onde era possível fazer uma boa refeição abaixo custo, que está fechado há 3 anos. Destaca ainda a necessidade de reinclusão social da população e, nesse sentido,propõe um processo de reciclagem, no qual os galpões abandonados,localizados na viação férrea, fossem abertos e reestruturados para oferecer oficinas aos moradores.

Para Wilson, o envolvimento da Universidade no debate sobre as políticas públicas representa uma nova possibilidade para a efetivação dessas práticas. Explica ainda que, até então, os trabalhos e atividades que envolvem a população em situação de rua são realizados por grupos específicos de voluntários. Comenta que a principal recomendação dos voluntários é a procura do emprego,mas critica o preconceito social que leva a negação das oportunidades para os moradores de rua: “Se tu analisar assim: eu sou formado em matemática, sou formado em direito, sou formado em enfermagem. Acho que chega né?”, argumenta.

Wilson destaca que as principais necessidades dos moradores de rua são inclusão social e oportunidade:  “Se perguntarem,90% dos moradores, todo mundo quer trabalhar. E aí? É mais fácil,ao invés de tu dar uma oportunidade para eles trabalharem, nem que seja de capinar, tu tirar 10 reais do teu bolso e dar: ‘ó esse não me incomoda mais’ ”, explica.

O primeiro dia evento foi marcado pelo debate relativo à Política Nacional de Assistência Social no Rio Grande do Sul e da Política de Assistência a Moradia, além da visita dos moradores ao Jardim Botânico da UFSM.

O 1º Seminário de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua da Universidade acontece até o dia 30 de novembro, no Salão Imembuí, localizado no prédio da administração central da Universidade. Neste último dia os moradores debaterão sobre suas histórias de vida com a comunidade presente no evento. 

Reportagem e fotografias: Bárbara Marmor
Edição: Davi Pereira


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