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UFSM inaugura novo prédio para análise de contaminantes em alimentos e no meio ambiente



A modernização da agricultura, a partir principalmente da segunda metade do século 20, ao mesmo tempo que possibilitou o crescimento da produção de alimentos em níveis jamais sonhados nos séculos anteriores, trouxe também problemas não imaginados algumas gerações atrás, como a universalização do uso dos agrotóxicos. Para atenuar os riscos, tanto para a saúde humana como para o ambiente, causados pelo uso indevido deles, existem órgãos como o Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (Larp) da UFSM, que desde 2001 atua na detecção de resíduos de agrotóxicos, medicamentos veterinários, hormônios, fármacos e poluentes orgânicos nos mais diversos alimentos naturais e industrializados, assim como em amostras ambientais (como solo, sedimentos, água, plantas e animais silvestres). Na segunda-feira (11), foi inaugurada a nova sede do laboratório, o qual passa a ocupar o prédio 13D do campus sede.

O preparo de amostras é um dos temas principais das pesquisas realizadas pelos cerca de 30 bolsistas que trabalham atualmente no Larp. Foto: Lucas Casali

A desconfiança com relação aos agrotóxicos fez nascer na sociedade atual um novo mercado, o dos alimentos orgânicos, em que os consumidores optam por pagar mais caro na compra de frutas e hortaliças, desde que lhes seja garantido que na sua produção não tenha havido aplicação de inseticidas, herbicidas ou fungicidas. O Larp é, desde o ano passado, responsável pela análise de amostras da produção orgânica coletadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Ao enviar as amostras para o laboratório, o objetivo do Mapa é garantir que os alimentos comercializados com esse rótulo realmente estejam livres de agrotóxicos. Promotores de feiras orgânicas também já contrataram os serviços do Larp, visando ao controle de qualidade e da ética de trabalho entre os seus participantes.

A revelação dos resultados das análises, entretanto, só pode ser divulgada pelos contratantes do serviço – como no exemplo anterior das feiras – ou dos órgãos públicos que encaminham as amostras, como é o caso do Mapa, Ministério Público, secretarias de Saúde e Agricultura e Vigilância Sanitária, entre outras instituições. Isso acontece porque a confidencialidade é uma garantia da lisura do processo de análise.

Uma das demandas mais recentes que os órgãos públicos têm submetido ao Larp diz respeito ao herbicida 2,4-D, usado no combate de plantas daninhas principalmente em plantações de soja. A comercialização desse agrotóxico é permitida no país. O problema é que, devido à volatilidade do 2,4-D, se o produtor não aplicá-lo adequadamente (respeitando a dosagem recomendada e inclusive as condições de vento, temperatura e umidade do ar), resíduos do agrotóxico podem chegar até plantações vizinhas.

Uma das culturas mais prejudicadas por resíduos do herbicida 2,4-D é a da uva. O agrotóxico causa o estiolamento da videira, que fica com folhas retorcidas e enrugadas, prejudicando ainda o crescimento de novos ramos. Isso resulta em uma queda significativa na produtividade dos parreirais, bem como na qualidade da uva produzida. O mesmo problema causado pelo 2,4-D na vitivinicultura também já foi registrado em outras culturas, como nas da maçã, óleo de oliva e erva-mate.

Outro agrotóxico ligado à cultura da soja, o fipronil já foi encontrado em amostras de abelhas mortas encaminhadas ao Larp. Esse inseticida é apontado como o grande responsável pela mortandade de abelhas registrada no país. Além dos prejuízos causados aos produtores de mel, a amplitude desse problema atinge da mesma forma o meio ambiente, já que as abelhas são responsáveis pela polinização de diversas plantas, não só nas matas como também na própria agricultura.

Nova sede do Larp localiza-se próximo ã Fatec e ao CE, no campus sede da UFSM. Foto: Maria Tereza Tassinari

Quando demandado por órgãos públicos, o laboratório também realiza análises quando, por exemplo, um grande número de pássaros ou peixes aparecem mortos em determinado local. Quanto aos alimentos, o Larp já realizou análises nos mais diversos tipos, incluindo amostras de várias frutas e vegetais, farinhas, leite e derivados, mel, ovos, ração, carnes, pescados e vinhos, entre outros. São analisadas ainda amostrais industriais, como no caso de efluentes, ração e alimentos processados.

Esses são apenas alguns exemplos recentes nos quais o trabalho do Larp se mostra determinante para a detecção de contaminantes em alimentos, na agricultura e no meio ambiente. A relação dos serviços prestados pelo laboratório consta na página www.ufsm.br/larp.

Pesquisa – O método de análise, tanto quanto a preparação das amostras, pode variar bastante dependendo do material a ser analisado. Na detecção de agrotóxicos em alimentos, por exemplo, aliam-se técnicas e equipamentos de cromatografia e espectrometria.

Afora os serviços prestados para instituições públicas e privadas, o Larp tem um relevante trabalho de pesquisa e extensão na área da química analítica. Atualmente, cerca de 30 alunos bolsistas de graduação e pós-graduação atuam no laboratório, realizando pesquisas com preparo de amostras.

Coordenado pelos professores Renato Zanella, Martha Adaime e Osmar Prestes, o Larp participa de projetos de cooperação nacional e internacional, visando ao treinamento de pessoal e ao estabelecimento de novos métodos de análise. Integrando a Rede Nacional de Análise de Alimentos, assim como a Rede de Laboratórios de Resíduos e Contaminantes, o laboratório faz parte ainda do Sistema Brasileiro de Tecnologia, o qual é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. No plano internacional, o laboratório integra a Rede para Análise da Qualidade Ambiental na América Latina e é membro do comitê extensivo da Associação Internacional de Química Analítica Ambiental.

Texto: Lucas Casali

Saiba mais:

  • Matéria da TV Campus sobre o LARP:
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https://ufsm.br/r-1-50417

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