A Universidade Federal de Santa Maria declara luto oficial por três dias, a partir de sexta-feira, 16, devido ao falecimento do professor Derblay Galvão, ex-reitor da UFSM, que esteve à frente da Universidade entre os anos de 1978 e 1981.
O engenheiro agrônomo estava com 93 anos. Venceu a COVID-19 em 2020, se reestabeleceu, porém acabou falecendo nesta sexta-feira, 16, por complicações no pulmão decorrentes de pneumonia.
A cremação ocorre hoje, 17, em Brasília e as cinzas serão depositadas na Igreja São João Dom Bosco, em Brasília/DF, junto com sua esposa Margarida Odette e um de seus filhos.
A UFSM lamenta e manifesta seus sentimentos de pesar e solidariedade aos familiares, aos amigos e à comunidade universitária da Instituição.
Sobre Derblay Galvão
Filho de Gennaro Galvão e Ayda Collares Galvão, nasceu em Montenegro no dia 16/03/1928. Formou-se em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Sua relação com a UFSM começou em 1962 quando foi convidado para ser professor na Faculdade de Agronomia – curso do qual viria a ser coordenador. Nesta época ainda trabalhava como engenheiro agrônomo no Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga). Foi nomeado e empossado em 01/03/1962, no cargo de instrutor de Ensino Superior, e reconduzido para o exercício em 1963.
Em janeiro de 1966 foi Presidente do IRGA à disposição da Universidade por um ano e também respondeu pela Chefia do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Agronomia. Em 19 de maio de 1966 tomou posse no cargo de diretor dessa Faculdade.
Em 3 de junho de 1969 foi designado diretor da Operação Oswaldo Aranha. Em 17 de dezembro de 1969 foi declarado membro do COPERTIDE da UFSM. Foi designado para tomar e propor medidas administrativas e didáticas ao plano de reestruturação da UFSM, aprovado pelo Conselho Federal de Educação. Em janeiro de 1970 foi encarregado das festividades alusivas do 10º Aniversário da UFSM.
A partir de março de 1970 passou a responder pelo Centro de Ciências Rurais. Em julho de 1970 participou da Comissão do anteprojeto de Regimento Geral da UFSM. Em 25 de setembro de 1970 foi designado para diretor nacional do projeto UNDP/FAO/SF/BRA-33 – Educação e Pesquisa Agrícola na UFSM – Projeto Oswaldo Aranha.
Em março de 1972 foi designado para presidir festejos comemorativos ao Sesquicentenário da Independência Política do Brasil. Em março de 1972 foi designado para a Segunda Conferência Nacional de Tecnologia da Educação Aplicada ao Ensino Superior, realizada de 14 a 19 de janeiro de 1983.
Em outubro de 1972 foi designado para Comissão de Honra do 1º Encontro Nacional de Cartografia. Em fevereiro de 1973 foi executor do termo aditivo ao convênio assinado entre CENAFOR e a UFSM.
Em abril de 1974 foi designado para a comissão permanente para trabalhar, organizar e preparar as exposições feiras agropecuárias de Santa Maria. Em setembro de 1974 foi designado Pró-Reitor dos cursos de Pós Graduação para formar comissão para classificar candidatos ao sexto curso de Pós-Graduação em Educação.
Em outubro de 1974 presidiu a comissão para realizar levantamentos dos danos acusados pelo temporal que se abateu no campus da cidade universitária, colégios de Alegrete, Frederico Westphalen, São Vicente do Sul e Jaguari, na madrugada de 24 de outubro de 1974.
Foi Presidente do VII Festival Hípico da UFSM ocorrido de 3 a 5 de dezembro de 1976. Galvão foi o terceiro reitor da UFSM, tendo sido antecedido no cargo pelo fundador da universidade, José Mariano da Rocha Filho (1960-1973), e por Hélios Homero Bernardi (1973- 1977).
O período em que Derblay Galvão administrou a reitoria da UFSM (11-12-1977 a 10-12-1981) coincidiu com a segunda metade do governo de Ernesto Geisel. Essa época abriga atos de considerável arbitrariedade, como o Pacote de Abril e a Lei de Segurança Nacional, mas também o início do enfraquecimento do poder militar, com, por exemplo, a revogação do AI5.
Derblay Galvão falava que durante sua gestão “as dificuldades orçamentárias eram muitas. Havia uma luta constante pela obtenção de recursos”. Porém, Derblay apontava diversos avanços para a época, como a “conclusão do Hospital Universitário e do centro de convivências do Restaurante Universitário, além da urbanização, a qual deu um tom bastante paisagístico à Universidade”.
Mudou-se para Brasília em 1982 quando foi convidado para assumir um cargo no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), alternando este trabalho com outros cargos no Ministério da Educação.
Casado com Margarida Odete Galvão (In memorian), aposentado e pai de sete filhos, atuava como representante e “embaixador” da UFSM em Brasília. Em 2010 foi agraciado com a Medalha Coração do Rio Grande concedida para os cidadãos que contribuíram para o progresso de Santa Maria.
Depoimento do professor Celso Bitencourt
“Tive a honra de ser reconduzido à chefia do Departamento de Farmácia Industrial do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Maria pelo Magnífico Reitor Prof. Derblay Galvão. Naquela época, o Departamento mantinha convênio com a Central de Medicamentos (CEME) para prestação de serviços de análises de medicamentos.
Com a mesma dedicação e interesse que o Magnífico Reitor dedicava a todos os setores da Universidade, ainda, acompanhava de perto com todo o interesse o desenvolvimento da execução dos trabalhos analíticos e as suas repercussões.
A presidência dos trabalhos da Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira (CPRFB) do Ministério da Saúde eram por nós exercida. Naquele momento a Comissão não dispunha de recursos para seu trabalho. O Prof. Derblay se transferiu para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em Brasília. Em suas novas atribuições o Prof. Derblay, em sólido apoio científico, conseguiu que fossem destinadas a então CPRFB dezenove (19 bolsas) destinadas a alunos com exercício de atividades junto às então Unidades de Referência da CEME, em diversos estados ou junto a Membros da CPRFB em seus laboratórios.
Foi inegável sua total dedicação no exercício da Reitoria, após ela e até no acompanhamento do crescimento profissional de cada um dos integrantes da UFSM. Devemos a ele eterna gratidão”.
Depoimento do ex-reitor Odilon do Canto
“A história de uma instituição é a soma das histórias de vida das pessoas que nelam trabalham ou trabalharam. Algumas, embora não lembradas, deixam contribuições valiosas. Outras, embora lembradas, deixam pouco. Mas tem aquelas que merecem ser lembradas pela excepcional contribuição na construção da memória institucional. Assim são todas as instituições, assim é a UFSM. Recebi com tristeza a notícia do falecimento do Professor Derblay Galvão.
Derblay certamente se enquadra nessa última categoria. Sua contribuição à construção da história da UFSM não se limita aos anos em que nela labutou. Foi dedicado e eficiente tanto na função docente quanto nas funções de gestor que desempenhou ao longo dos vinte anos que trabalhou na Instituição. Mas, mais que isso, sua contribuição na história da UFSM continuou, e com demarcada dedicação, ao longo dos anos que, morando em Brasília, passou a ser um verdadeiro embaixador da UFSM na Capital Federal.
Como Reitor da UFSM, eu tive a oportunidade e o privilégio de contar sempre com a firme orientação e pronta ajuda de Derblay. Além de seu imenso conhecimento dos labirintos da gestão federal, Derblay era dono de um savoir faire e de uma elegância de trato, extremamente eficientes no encaminhamento das questões. Derblay ocupou diversos cargos na administração superior do MEC, tanto na Secretaria de Ensino Superior quanto no CNPq, sempre tendo sua capacidade reconhecida e apreciada por todos. O falecimento de Derblay deixa, sem dúvida, imensa saudades em todos nós que, de algum modo, tiveram o privilégio de conhecê-lo e de chamá-lo de amigo”.
Depoimento do professor Carlos Eugenio Daudt
“Conheci o professor Derblay Galvão em 1965, quando ele marcou encontro comigo na sede do IRGA, em Porto Alegre, e me convidou para vir para a UFSM lecionar na então Faculdade de Agronomia. Foi um dos responsáveis pela minha vinda para Santa Maria. Na época já era Engenheiro Agrônomo e lecionava em Colégio Agrícola.
O professor Derblay era vice-diretor da Faculdade e Eng. Agrônomo do IRGA. Convivi com Derblay até os anos 80, quando ele se mudou para Brasília, mas sempre mantivemos contato. Aqui, em Santa Maria, nos tornamos amigos e tínhamos contatos entre famílias. Dois de seus filhos foram meus alunos e amigos. Sua carreira de ensino e administrativa foram exemplares e notáveis tanto como professor quanto como administrador. Diretor da Faculdade (hoje coordenador), diretor de Centro (CCR), diretor administrativo do CNPq, entre outras funções, só serviram para admirá-lo ainda mais. Parte deste mundo um brilhante professor, um administrador admirável, um homem íntegro e principalmente mais um grande amigo”.
Assessoria de Comunicação do Gabinete do Reitor, com informações de fonte.ufsm.br