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Suas dúvidas sobre vacinação e a nova fase da pandemia respondidas



Na última quinta-feira (15), foi transmitida a Live tira-dúvidas: Vacinação e nova fase da Pandemia, no canal do Youtube da UFSM. 

Os especialistas doutor Alexandre Schwarzbold, professor do Departamento de Clínica Médica, a doutora Maria Denise Schimith, professora do Departamento de Enfermagem e Ana Paula Seerig, secretária adjunta de saúde de Santa Maria, responderam dúvidas da comunidade sobre a vacinação e a segunda fase da pandemia.

Acompanhe aqui as respostas para as perguntas enviadas ao vivo através da Live e pelas redes sociais da Universidade.

  • Como está o andamento da vacinação em Santa Maria? E nos demais campi da Instituição? 

Em Santa Maria, até o dia 15 de abril, foram recebidas 87.215 doses, entre 1ª e 2ª dose. Desse total, foram aplicadas 83% das vacinas. A dificuldade maior na cidade é o quantitativo de vacinas recebidas, que é menor do que a população que precisa receber o imunizante. 

De acordo com a Vigilância Epidemiológica de Palmeira das Missões, no município, 82,7% das vacinas que receberam foram aplicadas. 22,9%  da população está coberta com a primeira dose e 3.6% com a segunda dose.

Em Cachoeira do Sul, a média é semelhante e em Frederico Westphalen, o número beira 85,1% de doses aplicadas. 

*Informações de 15/04/2021

  • Qual a perspectiva de vacinação de toda a população no RS? E no Brasil?

Temos a limitação de fabricação e importação da matéria prima básica. É muito difícil falar em datas e tempos reais, já tivemos várias quebras na rotina e de expectativas. A cada semana, o Estado informa qual vacina e qual dose vem e para que público alvo deve ser disponibilizada, então não temos perspectiva de quando isso será possível.  

  • Qual o maior problema enfrentado pelas equipes de vacinação? 

É a disponibilidade de vacinas. Outro problema enfrentado são as dúvidas existentes na hora da vacinação: funcionamento do imunizante, reações, tempos entre as doses, além da descrença de muitos sobre a importância da vacinação. Um dos fatores que mais prejudica nesse momento é um movimento nacional de dúvida e descrença com a ciência. As vacinas que são aplicadas são seguras, aprovadas  pela Anvisa, testadas. O intervalo entre as doses é definido de forma científica. 

  • Por ser um momento tão esperado por todos, nós vemos seguidamente muitas demonstrações de carinho da população na hora da vacinação. Como é para vocês esse momento?

É muito emocionante. Recebemos pessoas com cartazes, mensagens de “viva a ciência”, “defenda o trabalhador de saúde”, recebemos muito carinho! 

  • O que vocês diriam para pessoas que não acreditam na vacinação e na importância dessa forma de combate a pandemia?

Até a metade do século passado a principal causa de mortes na humanidade eram doenças infecciosas. A mudança só aconteceu por conta da vacinação. As vacinas são produtos de desenvolvimento científico de mais de um século. As pessoas precisam conhecer história, conhecer os indicadores brasileiros das doenças imunopreveníveis. Zeramos sarampo, varíola, poliomielite. Diminuímos as mortes por H1N1, também com vacinação. As pessoas têm anticorpos e reagem diariamente a patógenos a que são expostas, devido a vacinas que receberam quando criança. O imunizante ter sido rapidamente desenvolvido é um benefício, um trunfo da ciência, conseguimos avançar em função da emergência. As vacinas possuem muito mais benefícios do que riscos!

  • Entre a Coronavac e a vacina de Oxford, por exemplo, por que a primeira tem uma diferença na aplicação de um mês entre a primeira e a segunda dose, e na segunda essa diferença é de três meses?

Os intervalos entre as doses do esquema completo de vacinação são definidos por pesquisa. São definidos conforme a melhor resposta imunológica encontrada nos estudos clínicos. Por isso, cada imunobiológico tem intervalos diferentes para completar o esquema vacinal, buscando a melhor resposta imunológica.

  • Como as vacinas existentes se comportam com as novas variantes do Covid-19? Já existem estudos sobre isso?

Como as novas variantes são recentes, as pesquisas ainda não são conclusivas. O que se pode dizer é que entre uma pessoa vacinada e uma não vacinada, as novas variantes afetam mais a não vacinada.

Além disso, já há estudos mostrando que tanto a variante britânica quanto a circulando no Brasil com mais prevalência (P1) ambas vacinas mantém um bom nível de eficácia. Apenas na variante sul-africana a vacina de Oxford perde um pouco da eficácia. Mas essa variante não circula nesse momento de modo prevalente no Brasil. 

  • O que pode acontecer se uma pessoa deixar de tomar a segunda dose da vacina, como tem se noticiado nas últimas semanas?

Nenhuma das vacinas do Brasil, nem de qualquer lugar do mundo, que seja feita para ser aplicada em duas doses, protege apenas na primeira aplicação. Elas começam a estimular o sistema imune na primeira dose. Sobre a vacina de Oxford, por exemplo, a  partir de 22 dias da primeira dose, a eficácia é de 70%, mas, depois de quatro meses sem a aplicação da segunda dose, esse valor passa a ser muito próximo do zero. A segunda dose é fundamental para a pessoa estar, de fato, imunizada. 

  • Na perspectiva coletiva, se somente uma porcentagem da população for vacinada e a outra não, o que isso significa? É possível prever consequências maiores que as que já temos?

O impacto de uma imunização parcial é a redução da imunidade coletiva. Mas, além disso, o grande problema é a emergência de novas variantes do vírus. E essa nova variante vai encontrar novos hospedeiros que não foram expostos a ela em momentos anteriores, prolongando a pandemia.

  • É possível escolher a vacina que será aplicada? A segunda dose precisa ser da mesma vacina? Ou é possível trocar?

O laboratório da vacina, doses (1a ou 2a), grupos prioritários são definidos por Resolução da Comissão Intergestores Bipartite do RS (CIB-RS) e as doses já vêm com destino certo. Portanto, é muito difícil individualizar a possibilidade de escolha do fabricante da vacina, até porque não seria universal, não daria para dar essa opção para todos e todas. Todas são aprovadas pela ANVISA, qualquer uma, cujo esquema vacinal for completado, vai proteger contra casos graves. A orientação é terminar o esquema vacinal com a mesma vacina. 

  • O local de vacinação da segunda dose precisa ser o mesmo? Ou a pessoa pode receber a vacina em outro município?

Dentro de Santa Maria, as planilhas (com nome, CPF, data de nascimento, nome da mãe) que foram coletadas na aplicação da primeira dose são enviadas para o local onde ela ocorreu para se colher a assinatura da segunda dose. Portanto, aqui em Santa Maria, a segunda dose deve ser feita no mesmo local da primeira. No entanto, a vacina é para todo o território nacional, outro município deve aplicar a segunda dose, sim.

  • A vacina é a melhor solução para sairmos dessa crise? Se sim, o que falta para vacinar em massa a população brasileira? 

Não há dúvida de que a solução final de uma crise sanitária e uma epidemia de transmissão respiratória tão prolongada é através da vacinação. Toda epidemia viral e de transmissão respiratória é extinta quando não temos mais indivíduos suscetíveis. 

Os modelos matemáticos e de previsão levam em conta uma modelagem que pode ser descrita como SIR: Suscetíveis, Infectados e Recuperados. Se o processo de vacinação é lento, são cada vez menos pessoas recuperadas, com chance de reinfecção e com tempo de imunidade mais curto. A vacinação, no entanto, não é a única solução nem estratégia: as medidas restritivas são fundamentais nesse período, não apenas para reduzir o número de pessoas suscetíveis, mas, também, para que a produção de vacinas ganhe fôlego e chegue a todos. 

Não há dúvidas de que nos próximos meses teremos redução da transmissão de acordo com a resposta das vacinas. Já temos exemplos pelo Brasil e mundo, com uma diminuição importante de hospitalização em idosos. Em Israel, a vacinação em massa teve um impacto brutal na redução de hospitalizações em qualquer faixa etária. 

Hoje o grande problema para a vacinação em massa da população é o baixo número de vacinas produzidas e disponibilizadas. Em momento de crise, apenas o Butantã e a Fiocruz não dão conta da necessidade que temos na produção de imunizantes. É uma fragilidade do sistema. É preciso pensar em estratégias preventivas nas estruturas fabris no Brasil, descentralizando e ampliando a produção local de vacinas.

  • A vacina testada aqui na UFSM, a de Oxford/AstraZeneca, também está sendo aplicada? Como está sendo participar dessa pesquisa? E qual a importância disso para a Universidade? 

Sim, a vacina de Oxford foi, junto com a vacina da Pfizer, a primeira produzida no mundo. Foi, também, a primeira vacina publicada nos meios científicos. É, hoje, a que mais foi aplicada. Essa foi uma experiência fantástica e que nos permitiu sermos, no país, um local de aplicação e testes, mas não só. Essa experiência nos permitiu, também, vislumbrar a possibilidade de produzir vacinas dentro da Instituição. 

  • Ainda existe um grupo de risco específico com as novas variantes de Covid?

Todas as pessoas suscetíveis estão em risco para as atuais e novas variantes do coronavírus, pessoas que não foram vacinadas. O aumento de internações e mortes entre pessoas mais jovens nos informa que essa faixa etária está mais suscetível agora. Os jovens devem redobrar os cuidados, pois casos graves estão acontecendo entre eles.

  • Ainda é necessário desinfetar compras e superfícies?

Houve alguns estudos dizendo que as superfícies não mantêm o vírus em uma capacidade de infecção. Mas há que se pensar nas mãos, quando tocam estas superfícies e depois tocam o rosto. Estas sim podem ser um veículo de transmissão. 

Então, a higienização é fundamental, tanto das compras quanto dos objetos de uso do dia a dia.  

  • É possível que tenhamos uma 3ª onda da pandemia no Brasil?

É possível termos uma 3ª onda a partir de setembro ou outubro, mas isso está absolutamente na dependência da imunidade coletiva e na vacinação. Se demorar mais meses para vacinar um percentual importante da população, seguramente, pelo esgotamento das medidas restritivas, as pessoas voltarão a se exporem e teremos novos picos. Em epidemias prolongadas, em que não se achou a cura e não se obteve uma imunização mais rápida, é  esperado  termos vários picos, que se sobrepõem e se intercalam. 

  • Com essa nova fase, que traz aumento tanto de números de casos quanto de números de internações e de mortes, deve-se aumentar os cuidados? Se sim, quais seriam esses maiores cuidados que essa fase exige? 

Sim, estamos no pior momento epidemiológico da pandemia! Cuidados como distanciamento físico de pessoas que não são do seu convívio, uso correto de máscaras (cobrindo boca e nariz, sem folgas), higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel 70 % (principalmente sempre antes e depois de  tocar no rosto) são imprescindíveis nesse momento. Importante é, quem está nos grupos prioritários, fazer a vacina, com esquema completo, 1a e 2a doses.

  • Qual  máscara é mais apropriada para este momento da pandemia? As máscaras PFF2 são mais eficazes que as outras? (Caso a PFF2 seja a mais indicada, qual é a recomendação para quem não tem acesso?)

As máscaras mais apropriadas são as com bom ajuste no rosto, que não fiquem caindo, pois acabamos colocando a mão e a contaminando. Recomenda-se, para uso no dia a dia, máscaras cirúrgicas com tripla camada ou de pano com tripla camada. A PFF2 deve ser usada por quem está exposto a aerossóis, trabalhadores da saúde em atuação, trabalhadores da limpeza de estabelecimentos de saúde, por exemplo.

  • Pode explicar por que a idade média das internações e mortes está baixando? Os jovens devem redobrar o cuidado agora? O quão perigoso é para os jovens? 

Todas as pessoas suscetíveis e não vacinadas estão em risco para as atuais e novas variantes do coronavírus. O aumento de internações e mortes entre pessoas mais jovens nos informa que essa faixa etária está mais suscetível agora. Os jovens devem redobrar os cuidados, pois casos graves estão acontecendo entre eles por se exporem mais, e possivelmente pela maior transmissibilidade ou virulência das novas cepas.

  • É possível que países como o Brasil sejam autossuficientes na produção de vacinas, sem depender de insumos de outras nações? 

Não há dúvidas de que é possível atingir esta autossuficiência, porém, para isso é necessário um esforço nacional maior e uma descentralização de parques fabris. 

O Brasil é um dos poucos países que possui capacidade de produção local. No exemplo da Vacina de Oxford, houve um acordo de transferência de tecnologia, e para isso é necessário produzir o insumo principal, chamado de IFA, um ingrediente farmacêutico ativo. Assim, é provável que a partir do segundo semestre deste ano seja possível fazer uma produção maior de vacinas no país. 

  • Como o Projeto de Lei Federal PL5595/20, que torna a educação básica e superior um serviço essencial, pode impactar no retorno às aulas presenciais? Isto poderia acontecer no pior momento da pandemia?

A área educacional é sem dúvidas um ponto crítico nesta discussão sobre as vacinas. Por mais que enquadrar as instituições de ensino como um serviço essencial tenha benefícios, por enquadrar os profissionais da área entre o grupo prioritário de vacinação, há que levar em consideração a escassez de vacinas. 

É um grande perigo trazer os alunos de volta às aulas presenciais sem a imunização, tendo em vista que o estado do Rio Grande do Sul segue em um momento crítico da pandemia.  

  • Qual a opinião de vocês sobre a liberação da compra de vacinas por empresas privadas? Há um risco de redução na oferta feita pelo SUS?

A vacinação precisa ser pensada de forma coletiva, já que apenas uma pessoa vacinada não recebe salvo-conduto para seguir sua vida normalmente. Para que a pandemia seja controlada, é necessário que a vacina chegue para todos de maneira equânime. Além disso, as fabricantes das vacinas estão vendendo apenas para os governos. Portanto, não é possível a população comprar vacinas.

  • Baseado em que a Anvisa aprova as vacinas? Em que tipo de experimentos?

Os experimentos são clínicos, em etapas, dividindo os participantes em grupos, um grupo recebe a vacina e o outro placebo, acompanham-se esses participantes e se observa como a doença acontece nos dos grupos. A eficácia da vacina é definida pelo comparativo de adoecimentos entre os dois grupos, o que recebeu a vacina e o que não recebeu. A Anvisa considera registrar vacinas que apresentem 50% ou mais de eficácia, ou seja, que o grupo não vacinado apresentou 50% ou mais de adoecimento, comparado ao vacinado. Além disso, a ANVISA inspeciona as plantas de produção das vacinas e avalia os dados de segurança dos estudos clínicos.

  • Qual o critério que a UFSM está adotando para vacinar a comunidade acadêmica (docentes, TAES e acadêmicos)?

Não é a UFSM que define os critérios de vacinação e escolhe quem será vacinado. Primeiramente é seguido o que foi definido pela campanha nacional de vacinação contra o coronavírus e seus grupos prioritários. Em relação a vacinação de estudantes ou profissionais da área de saúde, esse é um critério Estadual. A Secretaria Municipal de Saúde recebe uma resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) com os profissionais que vão entrar na vacinação. Alguns alunos da área da saúde que estão trabalhando em campo já foram imunizados e outros devem receber a vacinação nos próximos dias. Há um controle muito rígido sobre esta questão, e quem define isso não são as instituições. 

  • Qual é o alerta sobre o uso indiscriminado de medicamentos do “tratamento precoce” que não tem comprovação científica?

Só no Brasil existe essa discussão, sobre poder fazer um tratamento preventivo. Só existe um medicamento que comprovado cientificamente que diminui os sintomas do vírus, porém ele ainda não está disponível em nosso país e tem um acesso muito restrito e caro. Esse kit de medicamentos para tratamento precoce é um grande perigo para a saúde, já que existe uma grande população que tem risco cardíaco contra um desses medicamentos, e isso sem falar nos efeitos dos dois combinados. 

  • A vacina de Oxford realmente tem baixa eficácia contra a variante sul-africana? A variante encontrada em Sorocaba-SP, semelhante à africana, representaria uma ameaça aos planos da Fiocruz?

A vacina de Oxford realmente tem menor eficácia contra a variante sul-africana. No entanto, essa variante é muito pouco prevalente aqui, então não seria um problema. A vacina da Oxford tem boa cobertura nas outras variantes, inclusive na  brasileira, P1 e P2, e na britânica. Quanto à ameaça aos planos da Fiocruz, depende da prevalência dela, em caso isolado não, porque existe a imunidade celular que protege contra as variantes.

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