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Polifeira do Agricultor retorna à UFSM com produtos saudáveis, sustentáveis e diversificados

Feira do Colégio Politécnico estimula a produção orgânica na agricultura familiar



Na última quinta-feira (28), as tendas da Polifeira do Agricultor retornaram ao seu espaço original, o Largo do Planetário (no campus sede da UFSM), onde cerca de 30 famílias de produtores rurais expõem diversos produtos. Durante a pandemia, a feira era realizada na Avenida Roraima (entre a Faixa Nova e a Faixa Velha de Camobi), a qual, devido ao sucesso, vai continuar com suas atividades nas terças-feiras de manhã. Pela mesma razão, desde o começo de abril, o Shopping Praça Nova também recebe os produtores no segundo e quarto domingo de cada mês. Desde a criação da feira, em 2017, o público de cada edição, realizada semanalmente às quintas-feiras, tem sido estimado entre 800 a 900 pessoas. No último domingo (24), a Polifeira comemorou o seu 5º aniversário.

O público pôde, pela primeira vez desde o início da pandemia, voltar a saborear os produtos da Polifeira à veda no campus

Aspiração à qualidade – Conforme o coordenador da Polifeira, Gustavo Pinto, professor do Colégio Politécnico, a ideia para a concepção do projeto veio de sua pesquisa de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural da UFSM, no município de Santiago. Lá, ele observou a diferença entre as feiras locais e as de Santa Maria. Nas primeiras, não é permitida a venda de produtos que não sejam produzidos localmente. Nas segundas, a maior parte dos agricultores revendiam produtos comprados de outrem, algo que não lhe agradava. “Quem revende não tem como garantir a qualidade, quem produziu foi outra pessoa, a qual ele não sabe quem foi e não sabe o que há por trás do alimento em questão”, constata. Com isso, ele buscou uma proposta que desse garantia ao consumidor, a partir de um produto local. Para dar ainda mais gás à iniciativa, seu aluno, o produtor rural André Raddatz, se inspirou nas aulas do professor e enxergou uma oportunidade de pôr em prática o que aprendeu na sala de aula e na vida.

Diversidade de produtos – Com a feira, André pode expor seus produtos limpos e sem agrotóxicos, como variadas hortaliças e frutas de um modo geral. As batatas-doces à venda em sua tenda são certificadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Outro alimento de destaque em sua produção é a bergamota de variedade japonesa, chamada Kitson. Compota, conserva e milho doce somam-se às opções para quem passar pela barraca de André.

Durante a pandemia, o produtor não se sentiu prejudicado no comércio. Como a feira ocorria em um local aberto, na Avenida Roraima, isso deixava as pessoas mais confortáveis do que em um mercado fechado. Ademais, André expandiu seu negócio nesses dois últimos anos, com um serviço de delivery (com venda pelo Whatsapp) em parceria com a esposa. O feito foi bem-sucedido na medida em que ela deixou o antigo emprego, estudou gastronomia e hoje vende comida congelada, tudo em decorrência das portas abertas pela feira. Conforme Gustavo, a continuidade das vendas dos produtores no período pandêmico foi uma preocupação sua e de sua equipe. “Se fosse o contrário, é o fim da renda deles, mas conseguimos que ninguém deixasse de comercializar”, afirma.

Fundada por um estudante de Administração da UFSM, a empresa Arboria é especializada na venda de alimentos desidratados

Empreendedorismo jovem – Também está presente na feira a empresa Arboria, do estudante de Administração da UFSM Vinícius Mortari. Seu comércio são produtos desidratados, feitos com o intuito de aumentar a qualidade de alimentos já conhecidos pelos consumidores, como os da cesta básica, cuja qualidade de produção está em decadência, segundo Vinícius. Assim, ele trabalha com cortes de frutas na intenção de propor à população uma comida saudável. O proprietário descreve sua mercadoria como livre da adição de açúcar e outros componentes, apenas baseada em conhecimento de como cortar fruta e secá-la.

A semente de sua empresa surgiu em uma disciplina do curso de Administração sobre inovação, voltada ao empreendedorismo digital, indústria 4.0, big data e temas afins. Inicialmente, ele pensou em unir dois elementos diferentes: aplicativos e cultivos verticais. Porém, a ideia não foi adiante. No meio disso, ele se interessou pelos estudos da área de cultivação e pelo processo de dessecação. Nesse sentido, ele pretende estudar e aprimorar as técnicas envolvendo o cogumelo Shimeji.

Multiculturalismo – Quem frequentar a Polifeira também terá a chance de conhecer novos lanches pela primeira vez, na tenda do casal venezuelano Maximiliano Escalona e Nayibel Garcia. Ambos são engenheiros agroindustriais e acadêmicos da UFSM. Ele cursa o Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos e a ela cursa o Mestrado em Extensão Rural. Juntos, vendem pratos típicos de seu país, como arepa, tequeño e empada, que têm como base a farinha de milho, a qual na Venezuela é branca. Porém, esse tipo de farinha é raro no Brasil, por isso precisam utilizar a farinha brasileira.

O empreendimento começou na pandemia, quando o casal vendia os produtos em casa. A partir disso, amigos e colegas começaram a aprovar a comida e o negócio foi conhecido e divulgado, com cada vez mais pedidos de encomendas. Em sequência, expuseram no feirão colonial do Centro de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter e, no ano passado, ingressaram na Polifeira, a partir de edital.

Extensão universitária – Para André, o apoio da universidade é imprescindível. Com assistência, orientações e visitas técnicas, ele adquire conhecimento e habilidades para melhor lidar com os frutos de sua terra. “Conheci um agricultor que trabalha com erva-mate, azeitona e trigo orgânicos. Isso me ajuda muito, porque vejo o trabalho de outras pessoas, e consegui esse contato através dos professores ligados à Polifeira”, relata.

Com a venda de lanches típicos produzidos por um casal de venezuelanos, a internacionalização tornou-se um diferencial da Polifeira

Para o professor Gustavo Pinto, esse é o diferencial do projeto. Com a equipe de alunos e técnicos, os produtores são acompanhados e supervisionados. Nas visitas, pode-se observar o crescimento dos legumes, por exemplo. Aliás, há como identificar se o alimento possuiu resquícios de resíduos químicos, com análises feitas no Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas. Se houver resíduos, inicia-se um processo de entendimento das razões que motivaram o produtor a tal ação, pois este não é o objetivo da feira.

Qual é o trabalho da Universidade? É fornecer essa infraestrutura, como, por exemplo, criar essa referência de feira no campus que não havia antes”, aponta o coordenador. Outra questão apresentada por ele é a da informação e tecnologia, como quando há o relato do tipo “estou perdendo a minha alface por causa de uma doença”. Nesse momento, os técnicos vão atrás de uma resposta e solução. Igualmente, quando há produção agrícola em excesso, os especialistas orientam um caminho de destino, como a venda a outro canal de comercialização. O projeto também incentiva o produtor a conhecer outras realidades. “Nós já os levamos para visitar outros lugares, produções, eventos, seminários, colocamos no carro e vamos passear. Esse é o projeto dos agricultores”, lembra Gustavo.

Significado do alimento – Para o coordenador, um dos efeitos mais importantes da feira é que o estudante possa consumir um alimento com significado. Ele exemplifica ao dizer que, se é consumida uma bergamota da feira, não é uma qualquer, pois ela foi produzida por um agricultor da região e garantirá renda para sua família. “O produtor viu todo o processo, ele conhece o conjunto, então é algo significativo”, aponta o professor. Maximiliano é um dos produtores que podem constatar isso. “Tenho família, três filhos, a feira é uma renda extra para nós, então é bem importante a nossa participação.” Ele também justifica que, no espaço da Polifeira, tem a oportunidade de explicar para as pessoas o que é cada alimento da gastronomia venezuelana, pois elas, em um primeiro momento, podem ter resistência a comprar.

Aliado a isso, Gustavo considera a feira um espaço educativo e de formação não só para o mercador, mas também para o estudante universitário. Para ele, esse é um dos grandes resultados do processo. Para ilustrar, ele cita um acadêmico de Direito que, ao conhecer e se envolver com a feira, terá mais conhecimento sobre a produção agrícola e derivados. Assim, no futuro, estará apto a trabalhar com leis que facilitem a vida dessa população, pois não será totalmente alheio a ela. O coordenador acredita que esse é o grande lance da feira, onde pessoas de todas as áreas podem se envolver.

Como participar – O produtor que deseja participar da Polifeira deve estar atento à abertura de editais na página do Colégio Politécnico. Para alunos da UFSM, são publicados editais próprios. A Polifeira acontece nos seguintes dias, horários e locais:

Polifeira do Agricultor no campus sede da UFSM: todas as quintas-feiras no Largo do Planetário, das 13h às 17h30min;

Polifeira do Agricultor no Shopping Praça Nova: segundo e quarto domingo de cada mês, das 14h às 20h;

Polifeira do Agricultor na Avenida Roraima: todas as terças-feiras, entre a Faixa Velha e a Faixa Nova de Camobi, das 7h às 12h30min.

Texto: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Fotos: Letícia Klusene, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Edição: Lucas Casali

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