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Acadêmico de Arquivologia é o primeiro aluno com deficiência intelectual a colar grau na UFSM

Marthon Militz Teixeira teve sua colação de grau no último sábado (15)



foto colorida horizontal mostra o aluno, de calça preta, moletom azul, apresentando o trabalho. Ele gesticula as mãos. Atrás, um homem sentado acompanha imagens passadas em uma tela
Marthon ganhou nota 10 na apresentação dos resultados obtidos no estágio

Natural de Itaara, Marthon Militz Teixeira, 34 anos, estudante de Arquivologia, viajava todos os dias a Santa Maria para estudar e trabalhar. Durante todos os anos de graduação, faltou apenas uma vez, para a formatura do seu irmão mais novo na Brigada Militar. Foi assim que ele se tornou o primeiro aluno com deficiência intelectual a colar grau na Universidade Federal de Santa Maria. A cerimônia ocorreu neste sábado (15), no Centro de Convenções da UFSM.

Sua deficiência caracteriza-se por um atraso no desenvolvimento e dificuldades para aprender, o que não foi problema, pois o aluno sempre teve muita persistência na sua meta, e jamais pensou em desistir. Escolheu o curso por considerar a grande importância dos arquivistas – ele é técnico em Arquivos -, o amplo mercado de trabalho e também pela sua boa memória e observação, que são seus pontos fortes.

Ainda enquanto discente, teve uma boa adaptação com colegas de turma, com os quais mantém contato sempre que possível. No início, teve apenas algumas dificuldades com os métodos de ensino e aplicação de provas. Marthon tem dificuldade para fazer provas descritivas, o que foi notado por professores, que, depois de algum tempo, começaram a lhe aplicar provas orais, nas quais ele se saia muito bem. A troca de docentes em determinadas cadeiras dificultou em alguns momentos seus avanços, isso porque a cada novo professor vinham novos métodos de ensino. Foi assim que ele conheceu o professor Danilo Ribas Barbiero, que foi seu orientador no trabalho de conclusão de curso e um dos seus grandes apoiadores em sua jornada. 

Apoio do Caed durante a formação

A Universidade promoveu trabalhos especializados para Marthon durante sua graduação, com apoio da Coordenadoria de Ações Educacionais (Caed). Terapeutas ocupacionais, educadores especiais, psicólogos, reuniões individuais e formações interdisciplinares foram algumas das atividades oferecidas a ele. Mesmo durante a pandemia, de forma remota, os atendimentos e acompanhamentos continuaram. 

O pedagogo Danilo conta que a grande diferença do Marthon para os demais alunos com algum tipo de deficiência são dois elementos: disciplina e persistência nos estudos. Segundo ele, com o passar dos anos sua carência passou despercebida, uma vez que seguia se adaptando muito bem. Danilo conta que aprendeu uma grande lição com Marthon, que se envolveu e se doou muito nas disciplinas: “Nós precisamos estudar, nos adaptar e aceitar o processo contemporâneo, esses indivíduos vão estar cada vez mais nesses espaços”.

Foto colorida horizontal com sete pessoas, homens e mulheres, paramentados para a colação de grau. Eles estão lado a lado, sorriem para a câmera, ao fundo um cenário montado para fotos
Marthon e os professores do Departamento de Arquivologia Glaucia Vieira Ramos Konrad, homenageada; Danilo Ribas Barbiero, paraninfo; Fernanda Kieling Pedrazzi, patronesse; Sonia Elisabete Constante, homenageada; André Zanchi Cordenonsi, coordenador do curso

Trabalho reconhecido fora do país

Em 2019, com o resultado do seu trabalho de conclusão de curso, denominado “A memória da televisão brasileira e seus arquivos audiovisuais”, em que fez um resgate histórico dos principais momentos da história da televisão brasileira através de telenovelas, retomando os principais incêndios nas TVs brasileiras e apresentando a situação atual dessas emissoras com relação aos seus acervos arquivísticos audiovisuais, viajou para Montevidéu com um grupo da Universidade para apresentar seus resultados no XIII Congresso de Arquivologia do Mercosul.

Foi em junho de 2022 que o acadêmico iniciou seu estágio obrigatório na secretaria do curso de Arquivologia, que havia passado recentemente por mudanças físicas. O estágio foi definido em etapas: primeiro foi o mergulho – tempo de adaptação e reconhecimento do local, com revisões feitas pelo professor no final do dia. Depois, foi a vez da organização por cores, método escolhido pelo próprio aluno. Seu tempo foi maior do que as horas obrigatórias pela grade do curso, uma decisão tomada em conjunto com professores, Caed e família. Por fim, ocorreu a apresentação dos resultados obtidos no estágio, atividade que foi realizada no dia 13 de setembro, o que rendeu a ele nota 10.

Família como ponto de apoio

Para a mãe, Marly, a conclusão do curso significa um sonho realizado. Formada em Letras pela UFSM, ajudava o filho com as atividades, principalmente de leitura. Por ser ex-aluna da Instituição, matriculou-se em algumas cadeiras que o filho tinha mais dificuldade para prestar apoio. Na época em que Marthon foi aprovado na graduação, a Universidade ainda não utilizava o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Assim, a mãe entrou em contato com a coordenação do vestibular para que fosse feito outro método para o filho, que encontrava muita dificuldade na hora de redigir a redação.

Questionado sobre seus planos sobre o futuro, Marthon contou que pretende se mudar para Balneário Camboriú e estudar para concursos na região. Não descarta também a possibilidade de um mestrado em sua área.

Texto: Tatiane Paumann, acadêmica de Jornalismo, voluntária da Agência de Notícias
Fotos: Divulgação e arquivo pessoal da professora Fernanda Kieling Pedrazzi
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

 

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