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Amazônia ganha base de dados inédita

Os dados abrangem indicadores ambientais, socioeconômicos e epidemiológicos e vão possibilitar monitorar a saúde do bioma e de seus habitantes



Pesquisadores do Centro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose/CNPq) publicaram, no dia 02 de fevereiro, a base de dados Trajetórias na revista Scientific Data, do grupo Nature. A base reúne 36 indicadores ambientais, socioeconômicos e epidemiológicos referentes ao período de 2000 e 2017 para todos os 772 municípios de nove estados da Amazônia Legal Brasileira. Os dados estão disponíveis de forma aberta e gratuita para quem quiser consultar.

A seleção, a análise e a equalização destes dados levaram aproximadamente três anos e cobriram uma área de 5 milhões de km², o que representa aproximadamente 60% de todo o território brasileiro. “Este conjunto de dados vai permitir investigar a associação entre os sistemas agrários amazônicos e seus impactos nas mudanças ambientais e epidemiológicas, além de ampliar as possibilidades de compreensão, de forma mais integrada e consistente, dos cenários que afetam o bioma amazônico e seus habitantes”, explica Claudia Codeço, coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiocruz.

Conhecimento compartilhado

A base de dados Trajetórias é resultante do projeto Trajetórias, um dos sete projetos de síntese do SinBiose/CNPq. O foco da iniciativa é gerar sínteses do conhecimento acerca das relações entre desenvolvimento econômico, uso do solo, epidemiologia e conservação na Amazônia. A equipe reúne epidemiologistas, economistas, ecologistas, biólogos, geógrafos, médicos e cientistas sociais que desenvolveram indicadores multidisciplinares e coerentes para estudos integrados na Amazônia brasileira.

Uma das autoras da pesquisa e integrante do Trajetórias, a docente do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Organizações Públicas da Universidade Federal de Santa Maria, Camila de Moura Vogt, contribui com o grupo na linha voltada às questões econômicas e sociais da Amazônia Legal. Juntamente com docentes da Universidade Federal do Pará, trabalhou o enfoque da pobreza multidimensional a partir de microdados do Censo. “O objetivo é poder cruzar dados econômicos, epidemiológicos e ambientais de maneira a evoluir a discussão de políticas públicas e ações que envolvam a região”, explica Camila.

Além dessas informações, também é possível consultar na base Trajetórias dados como perda de habitat; uso e cobertura da terra; mobilidade humana; anomalias climáticas; carga de doenças transmitidas por vetores; e índices de pobreza multidimensional para populações rurais e urbanas para cada um dos municípios da Amazônia Legal Brasileira, entre outros. 

Dados e Indicadores

Os temas disponíveis para os indicadores e índices estudados estão pontuados em quatro marcos temporais: os censos demográficos de 2000 e 2010 e os censos agropecuários realizados em 2006 e 2017. Além dos dados do Censo do IBGE, a base de dados conta com informações derivadas de imagens de satélite de fontes nacionais e internacionais e do Sistema Nacional de Notificação de Doenças. “Essas fontes de dados foram escolhidas devido ao seu fácil acesso, abrangência temporal e espacial e alta qualidade dos dados” explicam os autores. Ana Rorato, uma das pesquisadoras do grupo, complementa ao afirmar que “trata-se de um conjunto de dados provenientes de diferentes fontes e instituições que foram harmonizados, ou seja, que passam a compartilhar a mesma unidade de análise espacial e temporal para que possam ser comparados”.

Para uma melhor compreensão do contexto abordado, os autores buscaram criar índices que reflitam a realidade amazônica. Claudia Codeço exemplifica através do índice de pobreza tradicional, um medidor pode funcionar bem em grandes metrópoles, mas não funciona na realidade amazônica. “Medir a pobreza na região amazônica é uma tarefa complexa, pois requer uma compreensão de questões que transcendem os indicadores econômicos”, explicam os autores. A abordagem adotada mede o grau de privação familiar em áreas rurais e urbanas, que podem afetar e ser afetadas por mudanças ambientais e econômicas. Assim, criou-se o Índice de Pobreza Multidimensional em suas versões rural e urbana. Estes índices são compostos a partir do cálculo de 15 a 19 indicadores de saúde, educação e condições de vida (que inclui habitação, serviços coletivos, emprego e bens de consumo privados). “Pobreza multidimensional significa privação simultânea em múltiplas dimensões”, explica Claudia. Neste cálculo, uma família é considerada multidimensionalmente pobre se sua pontuação de privação é superior a 0,25.

Outra preocupação na preparação da base de dados Trajetórias foi de garantir que estes dados possam ser reproduzidos futuramente. Para isso, a “receita” para se repetir cada indicador está detalhadamente descrita no artigo publicado. “Isto vai possibilitar o monitoramento da saúde única da Amazônia em diferentes momentos e situações”, explica Ana Rorato. A partir desses resultados, o grupo já projeta as novas ações: “o próximo passo é desenvolver modelos e identificar tipologias ambientais e seus graus de impacto na Amazônia para então fazer predições para o futuro”, finaliza Claudia Codeço.

Sobre o Projeto Trajetórias

O projeto Trajetórias do Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose/CNPq) teve início em 2019 e está sediado na Fiocruz e INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais). Seu objetivo é sintetizar o conhecimento sobre os serviços ecossistêmicos e suas relações com o sistema econômico e a saúde humana na Amazônia. O projeto desenvolve novos protocolos de classificação e avaliação dos ecossistemas e de serviços ambientais específicos relacionados às doenças, cujos determinantes mais importantes são ambientais. O objetivo é fornecer uma estrutura para o debate conjunto das dimensões econômica, ambiental e de saúde, buscando dar maior visibilidade aos modos de vida das populações locais, suas estruturas e sistemas de produção.

 

Com informações e fotod do LiSS – Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais do INPE

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