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Paleontólogos da UFSM descobrem nova espécie pré-histórica que preenche lacuna na evolução dos dinossauros

O Amanasaurus nesbitti faz parte de um grupo de répteis pouco conhecido em camadas com idade aproximada de 233 milhões de anos



Paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) publicaram na última terça-feira (11) um estudo no periódico científico Scientific Reports descrevendo uma nova espécie de réptil fóssil escavado no território da Quarta Colônia, na região central do Rio Grande do Sul. A descoberta traz novas informações sobre a origem dos dinossauros.

Reconstrução do de Amanasaurus nesbitti (por Matheus Fernandes)
Escavação em Restinga Sêca (Foto: Janaína Brand Dillmann)

Mundialmente conhecido por abrigar alguns dos fósseis mais antigos de dinossauros, o território do Geoparque Quarta Colônia Aspirante UNESCO tornou-se palco de diversas descobertas no campo da paleontologia. A mais recente trata-se de uma nova espécie oriunda do interior do município de Restinga Sêca. Os restos fósseis foram escavados em um sítio fossilífero conhecido como “Pivetta”, localizado próximo do limite com o município de São João do Polêsine. Para a região, é um achado particularmente interessante pelo fato de que, até o momento, Restinga Sêca ainda não possuía espécies de dinossauros oficialmente descritas. Entretanto, para a ciência, a importância do achado vai muito além. A nova espécie faz parte de um grupo de répteis pouco conhecido em camadas com idade aproximada de 233 milhões de anos. Deste modo, a descoberta ajuda a preencher uma lacuna do conhecimento sobre a origem dos dinossauros.

“Lagarto da chuva”

Fósseis da perna de Amanasaurus nesbitti (Foto: Rodrigo Temp Müller)

A nova espécie recebeu o nome de Amanasaurus nesbitti. O primeiro nome significa “lagarto da chuva”, originando-se da combinação das palavras “amana” (chuva) do tupi e “saurus” (lagarto) do grego. Esse nome foi escolhido porque no momento em que esse animal existiu houve um período de muitas chuvas e umidade, conhecido como Evento Pluvial Carniano. O segundo nome –“nesbitti”– faz referência ao paleontólogo Norte Americano Dr. Sterling Nesbitt, um dos principais responsáveis pelas pesquisas sobre o grupo ao qual a nova espécie pertence. Os materiais recuperados do Amanasaurus nesbitti incluem restos das pernas de dois indivíduos. De acordo com estimativas utilizando os fósseis do maior espécime, o animal teria cerca de 1,3 metros de comprimento. Além disso, uma série de características dos ossos permite concluir que o animal pertenceu a um grupo chamado de Silesauridae. Esse é um grupo bastante relevante no que tange à origem dos dinossauros, uma vez que, para alguns pesquisadores, eles seriam os parentes mais próximos dos dinossauros. Por outro lado, um grupo crescente de pesquisadores acredita que, ao invés de parentes muito próximos dos dinossauros, os silessauros seriam dinossauros “verdadeiros” e estariam posicionados na base da árvore evolutiva do grupo de dinossauros com chifres e armaduras. Portanto, fósseis de silessauros são essenciais para se preencher a árvore evolutiva dos dinossauros.

Impacto no estudo sobre a evolução dos dinossauros

Cerca de 233 milhões de anos atrás, no momento em que o Amanasaurus nesbitti viveu, as principais linhagens de dinossauros estavam começando a se estabelecer nos ecossistemas terrestres. Por conta disso, acreditava-se que os silessauros tivessem sido afetados pela competição com os outros dinossauros, tornando-se relativamente menores. Porém, a descoberta do Amanasaurus nesbitti mostrou que o tamanho corpóreo dos silessauros não foi drasticamente afetado. Na verdade, eles atingiam tamanhos similares aos de dinossauros de outras linhagens. Além disso, os restos fósseis de Amanasaurus nesbitti foram escavados em uma área que também já revelou esqueletos fossilizados de membros de outras linhagens de dinossauros e parentes próximos. 

Amanasaurus nesbitti em escala (esqueleto por Maurício Garcia e reconstrução em vida por Matheus Fernandes)

Essa elevada diversidade de formas de dinossauros em camadas com aproximadamente 233 milhões de anos se equipara à mesma diversidade observada em camadas com cerca de 225 milhões de anos, momento em que as principais linhagens de dinossauros já estavam bem estabelecidas. Dessa maneira, observa-se que os ecossistemas que testemunharam a irradiação inicial dos dinossauros abrigaram uma grande diversidade de membros de distintas linhagens de dinossauros e também grupos relacionados. Por muitos anos acreditava-se que assim que os dinossauros surgiram, as formas aparentadas foram rapidamente substituídas por eles, que seriam mais adaptados. A nova espécie e uma série de outras descobertas realizadas ao redor do mundo não suportam esse modelo, revelando que a origem e evolução inicial dos dinossauros foi um fenômeno muito mais complexo, marcado por uma explosão de diversidade de formas e espécies.

O estudo foi conduzido pelo paleontólogo da UFSM Rodrigo Temp Müller e também contou com a participação do aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM Maurício Silva Garcia. A pesquisa recebeu apoio do CNPq, FAPERGS e CAPES.

Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica

Os restos fósseis do Amanasaurus nesbitti, assim como uma série de outros fósseis, estão depositados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA), um centro de pesquisa da UFSM que fica localizado em São João do Polêsine. O centro conta com uma exposição de fósseis que pode ser visitada sem custo.

Com informações do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM
Fotos:

Ilustração: Matheus Fernandes

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