O lançamento do Projeto Tecendo Novos Saberes ocorreu na manhã desta sexta-feira (12), no Complexo Multicultural Antiga Reitoria, em Santa Maria. O objetivo é proporcionar à juventude negra, entre 16 a 29 anos, qualificação profissional e transformação social através da criação de rede de múltiplos saberes.
O projeto foi aprovado em novembro de 2023, através do programa Manuel Querino, divulgado no ano passado, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego. Ao todo, R$ 3,2 milhões foram destinados para o desenvolvimento da iniciativa, que irá contemplar Santa Maria e região, além de Porto Alegre e Pelotas.
No evento, estiveram presentes representantes de movimentos sociais e autoridades, como o Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e a deputada federal Reginete Souza Bispo. Também participaram da ocasião, o reitor, Luciano Schuch, o Pró-Reitor de Extensão, Flavi Lisboa Filho, e a vice-reitora, Martha Adaime. Além deles, compareceram pró-reitores, diretores de centro, servidores e estudantes da UFSM.
Tecendo Novos Saberes
O projeto é vinculado ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) em conjunto com o Movimento Negro Unificado e a UFSM. Conforme o coordenador adjunto do projeto, Victor de Carli Lopes, o espaço institucional é muito importante para o desenvolvimento e a realização da iniciativa: “é por conta da política de cotas que temos aqui na universidade que conseguimos concorrer ao edital do Ministério do Trabalho (…), para receber esses cursos que muitas vezes não tinham políticas públicas específicas para essas pessoas. Então, a gente vê com bons olhos, e é extremamente exitoso que a gente tenha proposições do Governo Federal que visem qualificar esse tipo de demanda e é bom também que tenha pessoas já qualificadas e pessoas que conseguiram se inserir para concorrer a esses editais. Tem algumas portas que só se abrem por dentro”, afirmou Lopes.
Em sua fala, o reitor Luciano Schuch destacou a importância do momento e da iniciativa e afirmou que a UFSM tem desenvolvido, cada vez mais, iniciativas nessa linha de atuação. Para ele, a universidade é um espaço diverso e é preciso políticas públicas e projetos como esse para promover uma transformação social.
Ao todo, três eixos que contemplam o desenvolvimento de áreas de economia criativa e cultura estão sendo trabalhados. São eles: curso de Design de Moda Afro, cujo objetivo é contribuir com a criação de peças africanas por meio de influências e composições da moda preta; curso de panificação e confeitaria, através de técnicas artesanais, com base teórica humanista e ética; e um curso sobre a produção cultural da negritude brasileira na música, literatura, teatro e meios audiovisuais, com foco na diáspora africana. Victor comenta que o desenvolvimento dos eixos surgiu a partir de conversas com comunidades quilombolas e bairros da periferia, para entender suas necessidades e demandas, “questionamos quais seriam as necessidades que eles teriam de cursos profissionalizantes, de cursos de capacitação, e esses três foram os que tiveram uma incidência maior”.
As aulas, previstas para começarem em agosto de 2024, totalizam 200 horas, e visam alcançar a juventude negra entre 16 e 29 anos. Além disso, serão ofertadas cerca de 1000 vagas, sendo no mínimo 10% delas reservadas para pessoas com deficiência. Os locais onde os cursos serão realizados ainda não foram definidos, mas devem contemplar espaços periféricos, terreiros de religiões de matrizes africanas e comunidades tradicionais quilombolas. Jacilene Aguiar, representante do Movimento Negro Unificado, comenta que o projeto é muito importante para a qualificação desses jovens: “principalmente para a garantia da cidadania, para a garantia da profissionalização dessas pessoas e a garantia de emprego”.
Editais e processos seletivos para inscrições nos cursos serão divulgados em breve.
Texto: Andreina Possan, acadêmica de jornalismo e estagiária da Agência de Notícias.
Foto: Ana Alicia Flores, estudante de desenho industrial e bolsista da Agência de Notícias.
Edição: Mariana Henriques