Após receber um aporte de R$ 170 mil da Fundação Cultural Palmares para investimento em afroturismo na Região Central, a UFSM recebeu mais R$ 190 mil da instituição para realizar pareceres nos editais de fomento da fundação e destinar este valor a projetos. Os valores são recebidos pelo Observatório dos Direitos Humanos (ODH), vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (PRE).
Os primeiros R$ 170 mil recebidos serão destinados a um circuito de afroturismo nas comunidades quilombolas da Região Central do estado. A principal comunidade a receber os recursos é a de Rincão dos Martimianos, em Restinga Sêca.
Já com relação aos R$ 190 mil, a UFSM vai realizar pareceres nos editais de fomento da Fundação Palmares. Em linhas gerais, a fundação lança diversos editais de fomento para projetos que valorizam questões culturais em comunidades quilombolas. Representantes das comunidades desenvolvem os projetos e os apresentam à fundação com o objetivo de “concorrer” por essa verba. O papel da UFSM nesse processo será o de selecionar pareceristas, ou seja, pessoas qualificadas para avaliar os projetos e ajudar a aplicar o dinheiro nas melhores iniciativas.
Segundo Victor De Carli Lopes, coordenador de Desenvolvimento Regional da UFSM e responsável pelo recebimento dessas verbas, a execução dessas ações por meio da UFSM tornará a Universidade referência no tema. “Se conseguirmos debater mais a importância desse assunto dentro da nossa Instituição e as pessoas verem essas ações, a nossa Universidade se tornará referência entre as que realizam esse tipo de pareceres”, relata.
Victor ainda ressalta a importância do fomento ao afroturismo. “O objetivo é dar uma visibilidade, uma força maior para as comunidades negras da Região Central. O etnoturismo já é praticado na região, mas muitas vezes apenas o turismo de matriz italiana ou alemã. Esses valores vão ajudar a incentivar também o turismo de matriz negra”, diz.
“Existe uma vontade de crescer, mas falta esse apoio”
A iniciativa foi bem recebida pela líder da comunidade quilombola de Vó Firmina e Vó Maria Eulina, localizada em Restinga Sêca, Ivonete Carvalho, ex-comissária de polícia e ex-secretária nacional de Políticas Públicas para a Igualdade Racial. “Eu fiquei muito feliz quando soube que havia um recurso destinado para as comunidades. Isso é fundamental, é questão central. Há uma criatividade muito grande, principalmente das mulheres. Existe uma vontade de crescer, de se desenvolver, mas falta esse apoio, esse empurrão”, afirma.
Para Ivonete, ações como o destino desses recursos para comunidades quilombolas faz parte de um processo de reparação histórica e inclusão: “As portas para negros e negras nas universidades sempre foram fechadas. A partir das cotas, a universidade começa a olhar para esse segmento que até então era invisível. A gente sempre foi visto do lado de fora da Universidade. Hoje a gente está pensando junto com a universidade”.
Texto: Gabriel Barros, acadêmico de Jornalismo, estagiário da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista