
O 7º Congresso de Pesquisadores Negros e Negras da Região Sul (Copene Sul) movimenta a UFSM desta quarta-feira (15) até o próximo sábado (18). O evento, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras, acontece pela primeira vez na instituição e reúne cerca de 700 participantes do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Com o tema “Resistências ao sul do sul: tecendo as cosmopercepções para o bem-viver”, o congresso celebra a produção acadêmica negra e a valorização de múltiplos saberes.
Professor da Licenciatura em Dança da UFSM e integrante da comissão organizadora, Jesse Cruz destaca que trazer o Copene para Santa Maria representa muito mais do que sediar um congresso. “A UFSM tem uma história de luta, de existência e de resistência, então para nós é um prazer muito grande receber toda a comunidade do Sul do Brasil aqui no coração do Rio Grande. Trazer o evento para cá é demarcar um território”, conta.
Durante a manhã, a programação contou com apresentações culturais e a conferência de abertura, que reforçou o papel do evento como espaço de memória, reconhecimento e ocupação. “Pensar o sul do sul é pensar que, no extremo sul, estamos aqui, estamos pensando e estamos produzindo”, relata Jesse.
À tarde, as atividades seguiram com mesas-redondas, painéis, oficinas e exposições, que abordaram temas como saúde, território quilombola, educação e expressões artísticas. Entre os trabalhos apresentados, Rafaela Carvalho dos Santos, estudante da Licenciatura em Dança, trouxe seu projeto Flamenco Negro, que busca resgatar a presença e o protagonismo negro dentro da dança flamenca, expressão tradicional da Espanha que mistura canto, música e movimento corporal.

Ela começou a dançar aos 9 anos de idade e, desde 2025, desenvolve o projeto tanto na UFSM quanto na comunidade do Loteamento Cipriano da Rocha, em parceria com o projeto de extensão Mojubá – Danças Populares Brasileiras. “Em 2024, iniciei o Flamenco Negro em Santa Maria, visando não somente pessoas pretas, mas também pessoas periféricas que não têm acesso à dança flamenca, que hoje é muito elitizada”, comenta.
Para a estudante, o Copene é um espaço de valorização dos saberes das produções negras. “Aqui posso falar sobre a minha dança e o projeto que venho desenvolvendo. Espero que depois daqui ele cresça como uma iniciativa social e que possa ser levado para outras comunidades. E quem sabe eu transforme isso em um trabalho de conclusão de curso futuramente”, afirma.
O primeiro dia de evento se encerrou com a mesa-redonda “Mulheres negras e indígenas ao sul do sul”, seguida de intervenções culturais que reforçaram a riqueza das expressões artísticas e dos saberes presentes no congresso.
A programação completa e outras informações sobre o evento estão disponíveis no site do 7º Copene Sul.
Texto: Isadora Bortolotto, estudante de jornalismo e voluntária na Agência de Notícias
Fotos: Daniel De Carli
Edição: Lucas Casali