Em celebração aos 65 anos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comemorados em 14 de dezembro de 2025, a Agência de Notícias e a TV Campus, vinculados à Coordenadoria de Comunicação Social, lançaram a série “Direto do Gabinete”, um conjunto de entrevistas com as ex-reitorias da instituição. Publicadas em formato multimídia, as produções buscam valorizar a memória da Universidade e salientar os principais avanços na trajetória de cada gestão.
O primeiro entrevistado da série é o professor Tabajara Gaúcho da Costa, que foi o sexto reitor da UFSM entre 1989 e 1993. Formado em Odontologia pela instituição, sua gestão buscou modernizar a Universidade e criar relações com outras instituições de ensino superior da América Latina.
Em conversa com a Agência de Notícias, Tabajara comentou sobre a sua trajetória na UFSM e os destaques de sua gestão. Confira a entrevista completa abaixo:
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Como foi sua trajetória na UFSM até se tornar reitor?
TABAJARA GAÚCHO DA COSTA: Eu fui admitido na Universidade no ano de 1961, recém havia sido criada e já estavam previstos cursos na área da saúde. Então, tomei a iniciativa de vir aqui conversar com professores do Departamento de Microbiologia e depois com o Dr. Mariano. Ele me admitiu por um ano como colaborador voluntário, isto é, sem ônus para a Universidade. Ao longo dos anos, fui acompanhando o crescimento da instituição. Logo em 1980, estávamos frente ao fim do regime militar e à democratização da universidade. Assim, em 1983, foram realizadas assembleias com professores e técnicos, e, pela primeira vez, foi escolhido um reitor através do voto no Brasil, o professor Benetti. Esse foi um marco na história da UFSM. Quatro anos depois, eu também me elegi reitor, com o apoio expressivo dos servidores técnico-administrativos, que me deram mais de 80% dos votos.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Durante a sua gestão, o senhor liderou o processo de informatização da UFSM. Como isso aconteceu e qual foi o impacto?
TABAJARA: Naquele momento, a universidade estava um pouco defasada na questão de informática, e nós tivemos a iniciativa de procurar a IBM e o Laboratório de Ciências da Computação do CNPq. Ambos vieram para cá e desenvolveram um projeto que permitiu que todos os departamentos tivessem o seu próprio computador. Os professores, então, passaram a ter acesso direto à tecnologia. Essa informatização foi um passo extraordinário, pois colocou a UFSM em outro patamar de modernização e permitiu inclusive estreitar laços com universidades da Argentina, com as quais estávamos desenvolvendo programas conjuntos.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Na sua gestão, o senhor foi um dos fundadores da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM). O que isso representou para a UFSM?
TABAJARA: Discutia-se muito a questão do Mercosul naquela época, mas não havia qualquer iniciativa em relação às universidades. Então, eu fui a Montevidéu conversar com o reitor da Universidad de la Nación. A partir dessa reunião, foi criado um programa que envolveu universidades do Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil. Esse núcleo de universidades está ativo até hoje e foi fundamental para promover a integração e a mobilidade acadêmica no âmbito do Mercosul, ampliando o alcance e o reconhecimento internacional da UFSM.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Outro destaque foi a criação do Centro de Medula Óssea do HUSM. Como você avalia a importância desse serviço?
TABAJARA: Orgulha-nos dizer que algumas situações foram ímpares. Por exemplo, a criação do Centro de Transplante de Medula Óssea aqui no Hospital Universitário, graças à capacidade dos professores Valdir Pereira e seu irmão Laércio, e ao apoio do governo do Estado. Foi aqui na UFSM que se realizou o primeiro transplante de medula óssea no Rio Grande do Sul. Até então, os pacientes precisavam ir a Curitiba, mas a partir desse centro, a universidade passou a oferecer um serviço de referência nacional.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Deixe seu depoimento para os 65 anos da UFSM.
TABAJARA: Fico muito feliz em participar dos 65 anos da nossa universidade. É uma data muito importante. Hoje, Santa Maria é um polo universitário e uma referência nacional, e acredito que devemos isso, em grande parte, ao Dr. Mariano, uma figura extraordinária que sempre devemos homenagear. Vivemos tempos difíceis, é verdade, e a tendência é que os desafios aumentem. Mas é essencial que as universidades mantenham o otimismo, a força da juventude acadêmica e o compromisso com o Brasil. As universidades têm um papel decisivo em ajudar o país a superar esses momentos.
Confira a entrevista em formato de vídeo no canal do Youtube da TV Campus ou clicando no player abaixo:
Direto do Gabinete é um projeto produzido pela Agência de Notícias com apoio técnico da TV Campus. A iniciativa consiste em um conjunto de entrevistas multimídia com ex-reitores da UFSM para valorizar a memória dos 65 anos da instituição.
Produção, direção, roteiro e texto: Pedro Moro (acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias)
Captação de imagens: Rafael Salles (jornalista), Thomas Townsend (técnico em audiovisual) e Gilvan Peters (cinegrafista)
Edição de imagens: Jeferson Carvalho (editor audiovisual), Rafael Salles (jornalista) e Thomás Townsend (técnico em audiovisual)
Arte e animação dos 65 anos UFSM: Vinicius Gumisson (designer) e Lucas Garcia (acadêmico de Publicidade e Propaganda), respectivamente
Arte de capa: Daniel Michelon De Carli (designer)
Edição: Maurício Dias (jornalista)
Supervisão geral: João Ricardo Gazzaneo (jornalista), Maurício Dias (jornalista) e Mariana Henriques (jornalista e chefe da Agência de Notícias)