Um levantamento realizado pela Agência Bori em parceria com a Overton – maior plataforma internacional dedicada a mapear a interface entre ciência e políticas públicas – identificou 107 pesquisadores brasileiros cujos trabalhos têm sido amplamente utilizados para embasar decisões governamentais ao redor do mundo. Entre os nomes, está o do professor da UFSM Felipe Schuch, referência internacional em atividade física e saúde mental.

Docente do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), Felipe Schuch é o coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Exercício e Saúde Mental (Gepesm) da UFSM. Além disso, atua como orientador nos programas de pós-graduação em Ciências do Movimento e Reabilitação, da UFSM, e de Psiquiatria e Saúde Mental, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É membro da força tarefa em medicina do estilo de vida para depressão da World Federation of Societies of Biological Psychiatry e da força tarefa em exercício físico e nutrição para o transtorno do humor bipolar da International Society for Bipolar Disorders. E, por cinco vezes consecutivas (2020 a 2024), foi listado como um dos autores mais citados na área “Psicologia e Psiquiatria” na lista da Clarivate/Web of Science.
Como funciona o levantamento
A análise da Bori e Overton considera documentos de políticas públicas divulgados entre 2019 e julho de 2025. Entram na conta relatórios técnicos, pareceres, diretrizes, guidelines clínicos, documentos de organismos multilaterais e materiais oficiais produzidos por governos nacionais e internacionais. Cada pesquisador listado possui ao menos 150 citações em documentos estratégicos, indicando influência direta na elaboração de políticas públicas.
A Overton, base utilizada no estudo, rastreia milhões de documentos em todo o mundo e identifica onde o conhecimento científico é utilizado para orientar decisões. “Não se trata apenas de medir impacto acadêmico, mas impacto real: quais vozes da ciência são mobilizadas quando é preciso decidir sobre saúde, clima, economia ou desigualdade”, afirma o relatório.
Felipe Schuch comenta que, apesar do reconhecimento em outras listas, desconhecia essa métrica específica. “Eu acompanhava outras métricas, mas essa em particular não. É um grande reconhecimento para a UFSM e para a ciência brasileira, porque mostra que o que a gente faz não é irrelevante, e sim algo que produz frutos verdadeiros.”
O trabalho de Schuch e por que ele aparece na lista
Schuch atua na área que investiga a relação entre atividade física, estilo de vida e saúde mental. Seu foco é entender como diferentes níveis de movimento influenciam sintomas, risco e evolução de transtornos como depressão e ansiedade.
De acordo com Felipe Schuch, entre seus estudos mais citados em documentos de políticas públicas estão:
• Uma meta-análise publicada em 2016, que avalia os efeitos do exercício físico nos sintomas depressivos em pessoas com depressão;
• Um estudo de 2018 que demonstra como a atividade física reduz o risco de desenvolver sintomas ou transtornos depressivos;
• Um artigo de 2022 no American Journal of Psychiatry, que calcula a dose mínima de atividade física necessária para gerar benefícios, além de estimar a relação dose/resposta.
Essas pesquisas têm embasado desde recomendações gerais de prática de exercícios até diretrizes clínicas e estratégias nacionais de promoção da saúde mental. “A importância de fazer parte dessa lista é mostrar o impacto que a gente tem nos nossos trabalhos e como eles podem influenciar decisões, comportamentos e políticas ao redor do mundo”, pondera Schuch.
De acordo com ele, o impacto se mede não apenas pelo número de citações, mas pela utilidade social do conhecimento. “É um reconhecimento que mostra que a pesquisa está tendo impacto além dos muros da universidade. O importante é saber em quais documentos essas informações aparecem e como elas produzem impacto social de verdade.”
Posição entre os pesquisadores brasileiros mais influentes
Segundo a relação divulgada, o professor aparece com 219 citações em documentos de políticas públicas, associadas a 64 artigos científicos. A lista, liderada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mostra que a ciência brasileira tem exercido papel fundamental na formulação de políticas públicas, ainda que de forma desigual entre áreas e perfis de pesquisadores. Saúde, ambiente e alimentação concentram a maior parte das influências.
O professor Felipe Schuch também falou sobre suas pesquisas e projetos em entrevista concedida para o programa Radar Esportivo, da rádio UniFM 107.9, a qual está disponível neste link.
Texto: Marina Brignol, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: arquivo pessoal
Edição: Lucas Casali