Em celebração aos 65 anos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comemorados em 14 de dezembro de 2025, a Agência de Notícias e a TV Campus, vinculadas à Coordenadoria de Comunicação Social, lançaram a série “Direto do Gabinete”, um conjunto de entrevistas com as ex-reitorias da instituição. Publicadas em formato multimídia, as produções buscam valorizar a memória da Universidade e salientar os principais avanços na trajetória de cada gestão.
O quarto entrevistado da série é o professor Clóvis Silva Lima, que foi o nono reitor da UFSM, entre 2005 e 2009. Formado em Farmácia na primeira turma da instituição, Clóvis foi vice-reitor na gestão de Paulo Sarkis. Já como reitor, buscou dar sequência nos trabalhos desenvolvidos em sua época de vice-reitor, com a consolidação dos campi de Frederico Westphalen e Palmeiras das Missões, investimentos na inserção estudantil e ações afirmativas.
Em conversa com a Agência de Notícias, Clóvis comentou sobre a sua trajetória na UFSM e os destaques de sua gestão. Confira a entrevista completa abaixo:
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Como foi sua trajetória na UFSM até se tornar reitor?
CLÓVIS SILVA LIMA: Minha trajetória na UFSM começou ainda quando grande parte da Universidade funcionava no prédio que hoje chamamos de Antiga Reitoria. Foi lá que cursei minha graduação em Farmácia, as aulas, os laboratórios, tudo acontecia naquele espaço. Com o tempo, fomos transferindo as atividades para o campus atual, e o antigo prédio chegou a ser cogitado como área de estacionamento para gerar recursos à Instituição. Durante minha trajetória como professor e gestor, participei de várias mudanças estruturais importantes. Fui vice-reitor junto ao professor Sarkis antes de me candidatar à reitoria, cargo para o qual fui eleito com o apoio espontâneo de colegas, estudantes e técnicos, nunca pedi voto pessoalmente. Sempre acreditei que o trabalho e o diálogo dentro da Universidade deveriam falar por si. Cumpri um único mandato, pois entendo que o exercício da gestão deve ter um ciclo próprio: se no primeiro mandato você vai bem, corre o risco de comprometer essa imagem no segundo. Por isso, preferi encerrar o período com a sensação de dever cumprido.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Em sua gestão, a UFSM duplicou o número de alunos, triplicou o número de cursos e criou os campi Frederico Westphalen e Palmeira das Missões. O que isso representou na época?
CLÓVIS: Foi um período de grande expansão e entusiasmo. O governo federal, na época do presidente Lula, estava investindo fortemente na interiorização do ensino superior, e a UFSM foi protagonista nesse processo. O orçamento da Universidade chegou a ser maior que o do próprio município de Santa Maria, era uma fase muito próspera. Com esses recursos, incentivamos que cada centro de ensino pensasse em sua ampliação. O Centro de Tecnologia foi um dos que mais aproveitou esse momento, criando seis novos cursos, entre eles o de Engenharia Acústica, que se tornou referência. Além disso, a UFSM criou os campi de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões, levando o ensino superior a regiões que antes não tinham essa oportunidade. Esses novos campi nasceram com a proposta de integrar-se às economias locais, oferecendo cursos voltados às necessidades de cada cidade. Foi um avanço não só acadêmico, mas também social e econômico para o interior do estado.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Durante sua gestão, a UFSM integrou o REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que buscava ampliar o acesso à educação superior pública em todo o país. Como foi a participação da Universidade nesse processo?
CLÓVIS: A participação da UFSM no REUNI foi importante dentro do movimento nacional de expansão do ensino superior. A própria criação da Unipampa está diretamente ligada a esse contexto. Nós fomos responsáveis por iniciar a implantação de extensões em cidades como Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Alegrete e Caçapava do Sul ou São Gabriel, se não me falha a memória. Essas ações faziam parte do programa de reestruturação e interiorização do ensino superior, que previa a criação de novos campi e cursos em regiões estratégicas do estado. A UFSM recebeu recursos específicos para conduzir essa expansão, o que permitiu construir novas estruturas, ampliar vagas e criar condições para que a Unipampa se consolidasse como universidade autônoma. Foi um momento de grande crescimento Institucional, e eu considero a Unipampa um dos maiores legados daquele período, porque levou o ensino superior federal a regiões que antes não tinham essa oportunidade.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: A criação do Programa de Ações Afirmativas da UFSM foi um dos destaques da sua gestão. Como surgiu a ideia?
CLÓVIS: Naquele momento, a Universidade já vinha discutindo formas de ampliar o acesso e a inclusão. Nós tínhamos experiências anteriores, como a Coperves, a Comissão Permanente do Vestibular, que orientava escolas da região sobre como preparar seus alunos para o ingresso na UFSM. Desse trabalho nasceu o PEIES, o Programa de Ingresso ao Ensino Superior, que estimulava estudantes de colégios da região a se aproximarem da Universidade. Essas ações foram fundamentais para a construção de uma política de inclusão, que mais tarde se consolidou no Programa de Ações Afirmativas. O objetivo sempre foi democratizar o acesso e garantir que jovens de diferentes origens pudessem ter as mesmas oportunidades de formação.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Deixe seu depoimento para os 65 anos da UFSM.
CLÓVIS: A Universidade Federal de Santa Maria é, e continuará sendo, um grande polo de formação para o país. Tenho convicção de que ela seguirá crescendo, formando jovens com mais oportunidades e contribuindo para o desenvolvimento das cidades e do Brasil. Se temos jovens com futuro melhor, teremos também comunidades e um país melhor. Esse é o grande papel da Universidade pública: transformar a sociedade por meio da educação.
Confira a entrevista em formato de vídeo no canal do Youtube da TV Campus ou clicando no player abaixo:
Direto do Gabinete é um projeto produzido pela Agência de Notícias com apoio técnico da TV Campus. A iniciativa consiste em um conjunto de entrevistas multimídia com ex-reitores da UFSM para valorizar a memória dos 65 anos da Instituição.
Produção, direção, roteiro e texto: Pedro Moro (acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias)
Captação de imagens: Gilvan Peters (cinegrafista), Bruno Filippi (cinegrafista) e Matheus Lanzarin (acadêmico de Jornalismo, bolsista da TV Campus)
Edição de imagens: Jeferson Carvalho (editor audiovisual), Rafael Salles (jornalista) e Thomás Townsend (técnico em audiovisual)
Arte e animação dos 65 anos UFSM: Vinicius Gumisson (designer) e Lucas Garcia (acadêmico de Publicidade e Propaganda), respectivamente
Arte de capa: Daniel Michelon De Carli (designer)
Edição: Mariana Henriques (jornalista)
Supervisão geral: João Ricardo Gazzaneo (jornalista), Maurício Dias (jornalista) e Mariana Henriques (jornalista e chefe da Agência de Notícias)