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65 anos de UFSM: entrevista com o ex-reitor Felipe Martins Müller

Reitor entre 2009 e 2013, Müller destacou-se pela ampliação das moradias estudantis, maior inserção de estudantes na Universidade e incentivo a pesquisas e contato com a comunidade



Em celebração aos 65 anos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comemorados em 14 de dezembro de 2025, a Agência de Notícias e a TV Campus, vinculadas à Coordenadoria de Comunicação Social, lançaram a série “Direto do Gabinete”, um conjunto de entrevistas com as ex-reitorias da instituição. Publicadas em formato multimídia, as produções buscam valorizar a memória da Universidade e salientar os principais avanços na trajetória de cada gestão.

O quinto entrevistado da série é o professor Felipe Martins Müller, que foi o décimo reitor da UFSM, entre 2009 e 2013. Formado em Engenharia Elétrica pela Instituição, Müller foi vice-reitor na gestão de Clóvis Lima, entre 2005 e 2009. Já como reitor, buscou ampliar a moradia estudantil da Universidade, investir na inserção de estudantes, fomentar pesquisas e fortalecer o contato com a comunidade.

Em conversa com a Agência de Notícias, Müller comentou sobre a sua trajetória na UFSM e os destaques de sua gestão. Confira a entrevista completa abaixo:

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Como foi sua trajetória na UFSM até se tornar reitor?

FELIPE MARTINS MÜLLER: A minha história se confunde bastante com a própria história da UFSM. Antes mesmo de eu nascer, meus pais vieram para Santa Maria em função da Universidade: meu pai foi professor na primeira turma de Veterinária e minha mãe, depois de se formar em História, também se tornou docente aqui. Em 1983, ingressei no curso de Engenharia Elétrica com 16 anos e, já no primeiro semestre, comecei um estágio no então Núcleo de Processamento de Dados (NPD). Em 1985, fui aprovado em concurso para programador de computador e me tornei servidor técnico-administrativo. Fui o primeiro técnico da UFSM a me afastar para fazer pós-graduação: concluí o mestrado e o doutorado em cinco anos e retornei à Universidade em 1992, já como docente do recém-criado curso de Informática, na área de Inteligência Artificial. A partir daí, assumi várias funções administrativas: vice-diretor e diretor do Centro de Tecnologia, vice-reitor e, por fim, reitor entre 2009 e 2013. Foi uma trajetória construída dentro da Universidade, acompanhando seu crescimento e transformação ao longo das décadas.

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Sua gestão garantiu a ampliação da Casa do Estudante no campus sede. Como você avalia esse avanço para a UFSM nos dias de hoje?

FELIPE: As moradias estudantis sempre foram uma preocupação para nós. Quando assumi a gestão, havia prédios inacabados, verdadeiros esqueletos de concreto, que simbolizavam uma pendência histórica com os estudantes. Desde o início, junto com o professor Clóvis Lima, estabelecemos como meta concluir um bloco por ano da Casa do Estudante. Tivemos a sorte de contar com o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e com o processo de expansão das universidades federais, o que permitiu duplicar o tamanho da UFSM em poucos anos. Na época, a instituição cresceu e as estruturas precisavam acompanhar esse avanço. A conclusão da Casa do Estudante foi fundamental para garantir condições de permanência e dignidade a quem vinha estudar aqui. Hoje, vejo isso como um símbolo da importância de investir em assistência estudantil para que o acesso à universidade pública seja realmente democrático.

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Na época, algumas formas de conexão com a comunidade foram exploradas, como a criação do Centro de Apoio a Pesquisas Paleontológicas, o CAPPA. Qual a importância desse incentivo à pesquisa?

FELIPE: O CAPPA nasceu de uma necessidade concreta: garantir que os achados paleontológicos da região tivessem um destino científico e institucional, e não se perdessem em mãos estrangeiras ou fora do país. A ideia era criar um espaço multidisciplinar e multi-institucional que promovesse pesquisa, ensino e extensão de forma integrada. A criação do CAPPA consolidou a UFSM como referência na área e impulsionou tanto o turismo científico quanto o desenvolvimento regional. Hoje, os geoparques e outras iniciativas ligadas à paleontologia têm muito do seu alicerce nesse projeto. Foi uma das formas que encontramos de fortalecer o vínculo entre a Universidade e a comunidade, mostrando como a pesquisa pode gerar conhecimento, cultura e desenvolvimento local.

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Em seu último ano de gestão, em 2013, a tragédia da Boate Kiss deixou marcas irreparáveis em Santa Maria. Das 242 mortes registradas, ao menos 101 eram estudantes da UFSM. Como a reitoria lidou com essa questão na época?

FELIPE: A tragédia da Kiss foi o episódio mais difícil da história recente de Santa Maria e da UFSM. Estávamos iniciando o último ano de gestão e, de repente, nos vimos diante de uma dor coletiva imensurável. Muitos dos jovens vitimados eram nossos estudantes, colegas, filhos de servidores. A Universidade precisou se reorganizar para acolher as famílias, oferecer apoio psicológico e estruturar formas de solidariedade. Também foi um momento de reflexão profunda sobre o papel da Instituição diante de situações de crise: aprendemos a importância de sermos mais humanos, mais receptivos e preparados para lidar com o sofrimento coletivo.

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Deixe seu depoimento para os 65 anos da UFSM.

FELIPE: Eu costumo dizer que vivi praticamente toda a minha vida em função da UFSM, desde a infância, passando pela graduação, pelo trabalho técnico e pela docência. Acompanhei o crescimento da Instituição e vejo que ela sempre soube se reinventar diante dos desafios. Acredito que o grande desafio agora é continuar se reinventando. Precisamos refletir sobre o papel da universidade no futuro, para que ela continue sendo um espaço de inclusão, de conhecimento e de transformação social. Que a UFSM siga firme por mais 65, 100, 200 anos, sempre com a coragem de inovar e de formar gerações comprometidas com o bem comum.

Confira a entrevista em formato de vídeo no canal do Youtube da TV Campus ou clicando no player abaixo:

Direto do Gabinete é um projeto produzido pela Agência de Notícias com apoio técnico da TV Campus. A iniciativa consiste em um conjunto de entrevistas multimídia com ex-reitores da UFSM para valorizar a memória dos 65 anos da Instituição.

Produção, direção, roteiro e texto: Pedro Moro (acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias)

Captação de imagens: Rafael Salles (jornalista), Thomas Townsend (técnico em audiovisual) e Gilvan Peters (cinegrafista)

Edição de imagens: Jeferson Carvalho (editor audiovisual), Rafael Salles (jornalista) e Thomás Townsend (técnico em audiovisual)

Arte e animação dos 65 anos UFSM: Vinicius Gumisson (designer) e Lucas Garcia (acadêmico de Publicidade e Propaganda), respectivamente

Arte de capa: Daniel Michelon De Carli (designer)

Edição: Mariana Henriques (jornalista)

Supervisão geral: João Ricardo Gazzaneo (jornalista), Maurício Dias (jornalista) e Mariana Henriques (jornalista e chefe da Agência de Notícias)

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