Em celebração aos 65 anos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comemorados em 14 de dezembro de 2025, a Agência de Notícias e a TV Campus, vinculadas à Coordenadoria de Comunicação Social, lançaram a série “Direto do Gabinete”, um conjunto de entrevistas com as ex-reitorias da instituição. Publicadas em formato multimídia, as produções buscam valorizar a memória da Universidade e salientar os principais avanços na trajetória de cada gestão.
O sétimo entrevistado da série é o professor Luciano Schuch, décimo segundo reitor da UFSM, entre 2022 e 2025. Formado em Engenharia Elétrica pela Instituição, Schuch foi vice-reitor na gestão de Paulo Burmann, entre 2018 e 2021. Sua gestão buscou fortalecer o ecossistema de inovação da UFSM, implementou o Programa de Gestão e Desempenho (PGD) e incentivou o aumento dos índices de qualidade dos cursos.
Em conversa com a Agência de Notícias, Schuch comentou sobre sua trajetória na UFSM e os destaques de sua gestão. Confira a entrevista completa abaixo:
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Como foi sua trajetória na UFSM até se tornar reitor?
LUCIANO SCHUCH: Minha trajetória até a reitoria começa muito antes de eu me tornar servidor da UFSM. Venho de uma família profundamente ligada à Universidade: meu avô participou da fundação da instituição, ao lado do professor Mariano, e foi diretor do Centro de Educação; meu pai foi diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas. Desde criança, a universidade e a gestão universitária faziam parte das conversas em casa. Sempre tive o sonho de trabalhar na UFSM. Fiz minha graduação em Engenharia Elétrica aqui, depois atuei fora, mas com o desejo constante de retornar. Com a expansão das universidades federais, durante o Reuni, prestei concurso para a UFSM, fui aprovado e passei a me dedicar intensamente à instituição, participando de comissões e da gestão universitária. Em pouco tempo, tornei-me diretor do Centro de Tecnologia, depois vice-reitor e, em um momento desafiador para as universidades federais, assumi a reitoria. Tornar-me reitor foi a concretização de um sonho pessoal e familiar, construído com muito planejamento, dedicação e compromisso com a Universidade..
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Durante sua gestão, a UFSM alcançou o conceito máximo no IGC, criou 20 novos cursos e ampliou significativamente o número de cursos com nota máxima. A que o senhor atribui essa melhora nos índices?
LUCIANO: O IGC 5 é resultado de um trabalho coletivo e de longo prazo. Não é fruto de uma única gestão, mas de uma caminhada de aproximadamente 12 anos, baseada em planejamento estratégico, compreensão das métricas e envolvimento de toda a comunidade universitária. Além do planejamento, destaco o papel do acolhimento. A percepção dos estudantes sobre a universidade, sobre o cuidado, a escuta e a presença dos professores, influencia diretamente os resultados. Um ambiente acolhedor, em que as pessoas sentem prazer em trabalhar e estudar, reflete-se nos indicadores acadêmicos. Criamos políticas institucionais, reestruturamos unidades de ensino, ampliamos cursos e fortalecemos a identidade da UFSM. Os resultados são fruto do trabalho conjunto de docentes, técnicos e estudantes; nós apenas organizamos e sistematizamos esse esforço coletivo.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: O ecossistema de inovação se fortaleceu em sua gestão com a criação da Pró-Reitoria de Inovação (Proinova) e do Parque de Inovação, Ciência e Tecnologia. Como o senhor avalia o atual papel da inovação?
LUCIANO: A criação da Proinova e do Parque de Inovação representa um marco importante da gestão. A inovação passou a ocupar o mesmo patamar do ensino, da pesquisa e da extensão, fortalecendo a relação da universidade com a sociedade. Ainda estamos em um processo de consolidação. Trata-se de uma mudança cultural, relativamente recente no Brasil, que envolve trabalho colaborativo, criatividade e transformação de processos, inclusive no serviço público. Nosso objetivo principal não é apenas formar startups, mas formar estudantes transformadores, capazes de inovar onde quer que atuem. Hoje, a UFSM conta com dezenas de startups e empresas que nasceram dentro da universidade e já têm impacto regional, nacional e internacional. Isso nos orgulha, mas sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: O Programa de Gestão e Desempenho (PGD) mudou a forma de trabalho dos servidores, priorizando entregas e possibilitando o trabalho remoto. Como o senhor avalia os impactos desse modelo?
LUCIANO: Sempre acreditei que o PGD é uma das melhores ferramentas de gestão do trabalho. Ele substitui o controle baseado apenas em horário por uma lógica de entregas, resultados e confiança nas equipes. Apesar das resistências iniciais, o programa trouxe mais qualidade de vida aos servidores, sem comprometer a produtividade ou a prestação dos serviços. As equipes passaram a ter mais autonomia para organizar o trabalho, definir prioridades e equilibrar vida profissional e pessoal. O teletrabalho parcial tem se mostrado um modelo adequado, pois mantém o vínculo com a universidade e, ao mesmo tempo, oferece flexibilidade. Os indicadores institucionais melhoraram, e a Universidade hoje funciona melhor do que no modelo exclusivamente baseado no controle de ponto.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Deixe seu depoimento para os 65 anos da UFSM.
LUCIANO: A UFSM marcou profundamente a minha vida. Desde a infância, a universidade faz parte da minha história, da minha formação e da minha identidade. A UFSM é uma instituição transformadora, que cria oportunidades, forma pessoas e impacta a sociedade. Viver a universidade em sua plenitude é aceitar o diálogo, o debate, o dissenso e a construção coletiva. É um espaço de aprendizado, de crescimento humano e profissional, onde se pensa o futuro todos os dias. Aos 65 anos, a UFSM celebra uma trajetória de transformação de vidas. Feliz aniversário à Universidade Federal de Santa Maria.
Confira a entrevista em formato de vídeo no canal do Youtube da TV Campus ou clicando no player abaixo:
Direto do Gabinete é um projeto produzido pela Agência de Notícias com apoio técnico da TV Campus. A iniciativa consiste em um conjunto de entrevistas multimídia com ex-reitores da UFSM para valorizar a memória dos 65 anos da Instituição.
Produção, direção, roteiro e texto: Pedro Moro (acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias)
Captação de imagens: Rafael Salles (jornalista), Thomas Townsend (técnico em audiovisual) e Gilvan Peters (cinegrafista)
Edição de imagens: Jeferson Carvalho (editor audiovisual), Rafael Salles (jornalista) e Thomás Townsend (técnico em audiovisual) Rafael Salles (jornalista) e Thomás Townsend (técnico em audiovisual)
Arte e animação dos 65 anos UFSM: Vinicius Gumisson (designer) e Lucas Garcia (acadêmico de Publicidade e Propaganda), respectivamente
Arte de capa: Daniel Michelon De Carli (designer)
Edição: Mariana Henriques (jornalista)
Supervisão geral: João Ricardo Gazzaneo (jornalista), Maurício Dias (jornalista) e Mariana Henriques (jornalista e chefe da Agência de Notícias)