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Um método simples e eficiente para monitorar regiões que sofrem com a seca



Historicamente mais
associada ao Nordeste brasileiro, a estiagem é um
fenômeno
que, nos últimos anos, também
tem deixado suas marcas em outras regiões brasileiras não tão
acostumadas às suas consequências: falta d’água, rios secando, plantações arruinadas, animais
morrendo, crise econômica. Para o governo e organizações da
sociedade civil, é fundamental em
situações como essa identificar quais são as regiões mais afetadas por esse
fenômeno. Neste sentido, um projeto da UFSM disponibiliza uma metodologia para
monitorar a estiagem com imagens de satélite obtidas
gratuitamente e com dados processados por meio de software livre.

Intitulado “Monitoramento
da estiagem na região Sul do Brasil utilizando dados EVI/Modis”, o projeto é coordenado pelo professor Manoel de Araújo
Sousa Júnior,
do Departamento de Engenharia Rural da UFSM, contando também com a colaboração
da professora María Silvia Pardi Lacruz, da Unidade Descentralizada de Educação
Superior de Silveria Martins (Udessm). O projeto consiste basicamente no
acompanhamento do índice de vegetação EVI (Enhanced Vegetation Index) da região monitorada
– no
caso, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Fornecidas pela Nasa
(agência espacial
americana), as imagens analisadas no projeto são do sensor Modis (Moderate-Resolution Imaging Spectroradiometer), as quais
possibilitam avaliar aspectos como a temperatura da superfície,
nebulosidade e mudanças na vegetação. Além
do monitoramento da estiagem, as imagens Modis também têm sido utilizadas em
outros países na detecção de incêndios florestais e na verificação do nível
dos oceanos, entre outras aplicações.

Retrato da seca no Rio Grande do Sul nos anos de 2005, 2009 e 2012

Para obter a média
dos índices de verdor da vegetação
no Sul do país, são analisadas as
imagens Modis dos últimos 15 anos. Visando a
indicar em que regiões o índice permaneceu ou não dentro da média,
foi criada uma escala de números e cores correspondentes. A
normalidade é representada por
valores que vão de -1 a
1 desvios padrões e pela cor amarela; em uma extremidade, 2 desvios padrões
evidenciam uma vegetação com verdor acima da média, e por isso o número é
representado pela cor verde; o caso mais preocupante é o
do vermelho, cujo índice de -2 desvios padrões indica
estiagem de alta intensidade. Imagens Modis atualizadas da região são obtidas a
cada 16 dias.

O projeto iniciou em
2007, época em que o professor Manoel atuava como pesquisador do
Centro Regional Sul (CRS) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em 2009, quando se tornou professor da UFSM, ele trouxe o projeto para a
universidade. Em todos esses anos de monitoramento da estiagem, os períodos
mais intensos de seca foram registrados no verão e outono de 2005 e 2009 e no
verão de 2012. Para o Rio Grande do Sul, esse último período
foi o pior de todos. No “mapa da seca” daquele verão, o
estado teve 56% do seu território pintado de vermelho.

Reconhecimento
Quando o projeto ainda estava hospedado no Inpe, os resultados eram
disponibilizados ao público no site do CRS. Na época,
a equipe do projeto descobriu com surpresa que o seu trabalho era acompanhado
pela Secretaria da Presidência
da República, interessada naquela ocasião em acompanhar um dos
períodos de estiagem pelos quais a região Sul passou nos últimos
anos. O professor Manoel espera, em breve, voltar a disponibilizar on-line os
mapas com o monitoramento da estiagem.

A gratuidade do
material com que trabalha (imagens e software), junto com a eficiência e relativa simplicidade da
metodologia, despertou o interesse pelo projeto em outros estados brasileiros,
bem como em outros países. O professor Manoel de Araújo
Sousa Júnior, que é paraibano, orgulha-se
de ter ministrado capacitação para o monitoramento da estiagem em uma edição do
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto realizada em seu estado natal, um
dos que mais sofrem com a seca no Brasil.

Em agosto de 2015, Manoel apresentou a
metodologia na Colômbia, durante a Semana Internacional de Geomática. Ele participou do evento na
qualidade de assessor da UN-Spider – plataforma da Organização das Nações
Unidas (ONU) que usa informações de satélite visando à gestão de desastres e respostas de emergência. Essa agência internacional pretende capacitar
equipes em todos os países da América Central para monitorar a seca a partir da metodologia disponibilizada
pela UFSM. As ações nesse sentido estão englobadas em um projeto chamado
Fosat-S (sigla para Proyecto de Fortalecimiento de Sistemas de Alerta Temprano para Sequía).

Atualmente
em fase final de implementação, o Fosat-S vai envolver a participação das
seguintes instituições:

-UFSM;

– UN-Spider;

– Escritório das Nações Unidas para Assuntos
do Espaço Exterior (Unoosa);

-Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO);

– Convenção das Nações Unidas para a Luta
contra a Desertificação (UNCCD);

– Cetro Internacional para a Investigação
do Fenômeno do El Niño (Ciifen);

– Centro de Coordenação para a Prevenção
dos Desastres Naturais na América Central (Cepredenac);

– Centro Regional de Educação em Ciência
e Tecnologia Espacial para América Central e o Caribe (Crectealc);

– Sistema de Integração Centroamericana
(Sica) e Conselho Agropecuário Centroamericano (CAC);

– Instituto Geográfico Agustin Codazzi
(Igac);

– Agência Espacial Mexicana.

Também estão incluídas entre os
participantes entidades governamentais de países da América Central e Caribe. O
projeto será destinado a comissões ou comitês nacionais de segurança alimentar
ou nutricional, aos ministérios de agricultura, meio ambiente e recursos
naturais desses países, assim como para entidades nacionais de protecção civil
ou comitês e agências de redução e resposta em caso de desastres.

A
metodologia desenvolvida em
Santa Maria também já foi
apresentada em países como Argentina, El Salvador e Honduras. Informações
mais detalhadas sobre o seu funcionamento podem ser obtidas aqui.

Texto: Lucas Casali

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